sábado, 26 de fevereiro de 2011

Branca de Neve



Dentro de dias, o Vespa Clube de Lisboa dá o pontapé de saída para 2011 na já tradicional ida à Serra da Estrela. A neve e o frio prometem atrair para o cume os pequenos e asfixiados motores, dominados pela altitude. A partir da manhã de sexta-feira e ao longo de todo o dia, irão convergir para aquela cadeia montanhosa quase cinco dezenas de scooters para desafiar curvas e mecânicas. No meio das Vespa, desta vez estará uma Helix. Até lá, apreciem o cartaz do VCL, da autoria do Nuno Saraiva. Boa viagem a todos!



A minha antiga Granturismo, na Serra da Estrela, em Janeiro de 2010.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Regularidade: Um Formato a Resgatar ?



Na sequência de um par de  vídeos mais recentemente publicados no youtube, de que a Horta fez eco, voltei a colocar-me uma questão que já estava empoeirada: quais as razões que explicam a ausência de uma prova de regularidade em Vespa num calendário recheado de encontros, quase todos iguais?



(vídeo Vespa Club Stockolm)


A resposta pode parecer óbvia: dá trabalho. Suspeito, porém, que não pode ser só por esse motivo tão prosaico. Em Portugal organizam-se inúmeros eventos Vespísticos, e ainda em 2010 recebemos o Vespa World Days. Espalhados pelo país encontram-se dezenas de clubes dedicados à paixão pela marca. E não é raro ocorrer sobreposição de datas no calendário.

Em 2007 e 2008 o Vespa Clube de Guimarães organizou uma prova de regularidade, o Guimarães-Lisboa, arquivo de onde retirei a curta selecção de fotos deste post.












Na verdade, não era uma prova de regularidade em sentido próprio, com vários controlos horários de partida e chegada, ou provas de perícia. Era um passeio, bastante agradável, mas não mais do que isso. Numa regularidade vamos sempre com um olho na estrada e outro no relógio, como naquele tempo espelhado no vídeo. Ou como hoje, nos modernos ralis de regularidade para veículos históricos, em estrada aberta.

Posso estar enganado, mas pelo menos os entusiastas com quem tenho mais contacto apreciam as boas oportunidades de fazer girar a sério os odómetros das suas scooters. Custa-me acreditar que quem veja imagens como as do vídeo e, simultaneamente, retire satisfação do acto de viajar em scooter, não se sinta tentado por este formato.

Se a esse gosto pela estrada juntarmos alguma (mas saudável) competitividade, atracção pelo endurance, um road-book a sério, e uma relação pouco conflituosa com as contas às médias horárias a cumprir, temos todos os ingredientes para fazer renascer este tipo de provas. E viver a realidade em cima do banco da scooter. Convenhamos, bem melhor do que ver o canal memória no youtube.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Railroad Crossing (III)



Um cruzamento com carris de ferro é um território que raramente resisto a explorar. Prefiro espaços amplos, com pouco ou nenhum casario, em que a presença humana se note apenas na construção da linha e em actividades pouco intrusivas da paisagem. Não raras vezes é o que sucede com as intervenções agrícolas, que não modificam estruturalmente o espaço em seu redor. Importam novas paletas de cor, em função das estações do ano e dos respectivos cultivos, e estão mais próximas do território natural em bruto. Em regra, integram-se na paisagem sem que o meu sentido de observação mais severo as reprove.



A intervenção de ruptura também tem os seus atractivos, como é exemplo clássico o dos espaços industriais abandonados que cercam algumas estações de caminhos de ferro, também elas decadentes. Eram edifícios que davam e recebiam das estações. Não só bens, mas também gente e emoções.

É um pouco de tudo o que se procura quando se deambula numa scooter por estradas  e caminhos estreitos, frequentemente com pouco mais do que a  largura que ocupam dois carris. Por vezes encontro razões para me deslumbrar, muitas outras nem por isso.

Este sábado, depois de alguma pesquisa anterior no google maps a seleccionar uma pequena região que me pareceu ter interesse, lancei-me na estrada. Com terra e muita lama, entrecortada por barrotes de madeira pintados com duas linhas amarelas.


























segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Guerra de Preços ? - Vespa PX vs LML Star



Fontes não oficiais anunciam a disponibilidade da renascida Vespa PX 125 em Portugal em meados do mês de Abril de 2011. O preço de venda ao público será de Eur.3.490, acrescido de Eur.183 de despesas de documentação.

Contudo, quem se apressar a reservar a sua PX e concretizar essa reserva até final de Março vai beneficiar de um preço especial de Eur.2.990, acrescido dos mesmos Eur.183 de despesas documentais.

O que significa não só uma redução de Eur.500 como também uma política de preço mais concorrencial do que muitos previram, a começar por este vosso escriba.

Confirmando-se este preço, trata-se de uma saudável dor de cabeça para quem pondera adquirir brevemente uma scooter de caixa de velocidades manual, pois passa a dispor de uma terceira opção por cerca de Eur.500 adicionais face à LML mais acessível. 

Assim, na data em que estas linhas estão a ser escritas, uma LML 125/150 2T custa Eur.2.500 e a LML 125/150 4T orça em Eur. 2.750. Por sua vez, a regressada e original Vespa PX 125 2T irá exigir um cheque (até final de Março, e a confirmar-se esta informação) de Eur.2.990.

Será interessante assistir ao modo como este peculiar mercado irá reagir a este reposicionamento da Piaggio.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ideia numa Cápsula - Monotracer



A Monotracer não é uma novidade uma vez que o projecto é conhecido e é actualmente produzido e comercializado pela Peraves, empresa suiça. Por uma qualquer razão escapou-me da atenção aquando do seu lançamento e só recentemente me deparei com este engenho.

Trata-se de um veículo de aspecto pouco usual, lembrando vagamente um pequeno avião sem asas. É totalmente carenada e longa. E bastante diferente, por exemplo, do holandês Carver One, que chegou a ser comercializado em Portugal, ou do BMW Clever, protótipo que nunca passou à fase de produção.

Ao contrário destes últimos, a Monotracer apresenta duas rodas, mas a estas acrescem mais duas laterais, que mais parecem um trem de aterragem de avião, e que servem de apoio ou de patim, assegurando a posição vertical para quando o veículo se encontra parado ou em vias disso. Os patins servem também como apoio para o caso de se atingir uma inclinação lateral superior a 45 graus (!).

Não é propriamente uma scooter embora algumas das suas características técnicas sejam aparentadas: maximização do conforto, pés para a frente, protecção máxima face às condições atmosféricas, e o próprio diâmetro das pequenas jantes remetem para uma ideia de grande scooter avançada.



A partir daqui as semelhanças com uma scooter desaparecem. É movida por um motor BMW de moto, com 1170cc e 130 cv, e é capaz de alcançar 240kms/h (!).

E em caso de acidente ? Uma queda em pista parece não ter as consequências que uma tradicional ida ao tapete em duas rodas acarreta.

O preço proibitivo deste brinquedo genial, acima de Eur.60.000, é proporcional à exclusividade de que beneficiam os seus proprietários, e está em linha com o gozo e adrenalina com que deve recompensar quem se dispõe a experimentar.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Scooter Short Film - Look at Life




Eis uma pequena crónica de oito minutos sobre o impacto da scooter em Inglaterra, exibido em 1962 no programa televisivo Look at Life.

Com um rigor de imagem, montagem e locução típica e deliciosamente britânicos, a peça condensa num espaço de tempo invulgarmente curto muitas das perspectivas através das quais podemos projectar o fenómeno scooter.

Desde a pequena resenha histórica e explicação das origens do conceito na 2ª Grande Guerra, à enunciação das vantagens e singularidades do meio de transporte alternativo, e do modo como se integrou no quotidiano. Passando pela dimensão e impacto social de um veículo de transporte utilizado em 40% dos casos por mulheres, mas rudemente testado por homens (!). Pela vertente da produção industrial e da criação de valor. Terminando na génese do entusiasmo clubístico que envolveu estes veículos e que perdura até à actualidade.

É um belo filme pela coerência e rigor conceptual da crónica, pelo estilo, mas também pela riqueza das imagens que nos deixa ver. Destaco uma, quase ao acaso: a sequência do instrutor de condução no seu impecável fato, sentado no segundo banco da reluzente Lambretta de dois guiadores, e um "L" estampado no avental, ensinando uma delicada mulher a domar o selector das velocidades em estrada aberta.

Ao ver o filme, não pude deixar de imaginar-me naquele cenário, de especular sobre como seria viver o fenómeno scooter naquela época.

A esta distância temporal, e pela imagética que o perpassa, o filme revela e deslumbra. Como uma preciosa sucessão de postais.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Números e Sorrisos



É cíclico e reforça-se em alturas de balanço. Por vezes sou forçado a admitir que não faz mesmo qualquer sentido ter duas scooters em casa.

Fazer uma gestão criteriosa da utilização das duas scooters exige, no meu caso específico, alguma ginástica. Especialmente porque o tempo disponível não abunda e há sempre outras prioridades, desde logo as familiares. Às duas scooters soma-se ainda um automóvel pré-clássico que, para este efeito, conta como mais uma scooter. Ou seja, dá-me gozo, mas tem mesmo que sair à rua, pelo menos de duas em duas semanas, sob pena de a inércia potenciar despesas e dissabores a médio prazo. E o tempo não estica, como não estica o espaço na garagem.




Ao contrário de alguns amigos, não compro nem mantenho máquinas inoperacionais, ou que fiquem para restauro ad eternum. Já fiz essa experiência e não resultou. Para mim, pelo menos por enquanto, só faz sentido ter se puder utilizar, se estiver pronto a cumprir a sua missão. Até porque não tenho engenho nem arte para saber recuperar, embora inveje os meus amigos que restauram as suas scooters. Na verdade, é uma opção que também tem as suas recompensas. É que por via desses restauros estabelecem com o seu objecto uma relação ainda mais próxima e, ao mesmo tempo, sedimentam o seu conhecimento. Mas, realisticamente, não é a minha opção.

E assim, quando a consciência me bate à porta, e me acena com a história do número de scooters irracional, respondo-lhe de duas maneiras. Uma racional e outra emocional.

A primeira é utilizar uma batota mental que consiste em somar o valor de mercado destes três veículos e respectivos encargos anuais, para concluir que não chegaria para comprar nenhum asmático automóvel utilitário novo, de gama baixa.  A segunda, para arrumar a questão por KO, é descer à garagem, escolher um dos três, rodar a respectiva chave e sair. De sorriso nos lábios.