domingo, 29 de março de 2015

Graffiti Lisboeta (IV)






Jogo de sombras. Atrás delas carregam-se expressões. Talvez angústia, medo, revolta, serenidade. Ou loucura. O negro das sombras é o filtro. A luz frontal ficou reservada para iluminar o que não é complexo na imagem: o escudo da LML.



sábado, 21 de março de 2015

Como Uma Luva





Estreia do Bell Le Mans num dos últimos dias de inverno seco. Uma espécie de luva feita à medida. O modo como se molda à forma da cabeça é um passo em frente em relação aos meus capacetes anteriores. O peso também é contido e o acabamento luxuoso. Mas não é perfeito. Do lado negativo diria que o ruído do vento é elevado, mais até do que já estava à espera. Ear plugs obrigatórios. 
   




Outra estreia foi a das minhas primeiras luvas de inverno em Gore Tex. Na Serra tive mais uma demonstração das fraquezas das membranas de impermeabilização que as várias marcas tradicionais têm em catálogo, sob os mais diversos nomes, que não Gore Tex. Há muito afastado pelos preços sempre acima dos três dígitos, decidi procurar novamente e mostraram-me estas IXS Sonar Gore Tex a um preço terreno (setenta euros). Decidi experimentar. Suficientemente finas e confortáveis. Agora é preciso que chova. 




segunda-feira, 16 de março de 2015

Graffiti Lisboeta (III)




Diálogo improvável. Apenas tornado possível pela fotografia. 


sábado, 14 de março de 2015

Pela Serra com o Vespa Clube de Lisboa (III)





Publico aqui as últimas fotos do álbum da Serra deste ano, a partir do quilómetro zero da descida até Unhais, de motor desligado. 

Só com a força da gravidade e na companhia dos ruídos do vento e do atrito dos pneus na serpente de curvas.

Um ruído diferente daquele que usualmente habita o espaço entre os meus dois ouvidos.  








































segunda-feira, 9 de março de 2015

Pela Serra com o Vespa Clube de Lisboa (II)





Mais postais dos relevos da cordilheira da Estrela. Por vezes ao nível das nuvens, invadida por pequenos motores com falta do ar que deixa respirar melhor os homens que os comandam.









































Imagem 10: Júlio Santos

sábado, 7 de março de 2015

Pela Serra com o Vespa Clube de Lisboa






Quero acreditar que esta LML tem o poder de me fazer andar na ponta dos meus dedos. Leve. Outra vez. Por agora é assim que me sinto na Azeitona. Com todas as suas imperfeições, insuficiências, fraquezas, limitações. Tão evidentes como cicatrizes que todos vêem. 


Ir à Serra com ela, na companhia do Miguel e do regressado Júlio, é como carimbar passagem para um encontro que faz todo o sentido. 


Uma scooter no seu elemento mais puro, tal como eu a vejo. Paradoxalmente não na cidade, ambiente para o qual foi idealizada e produzida. Mas aqui, junto ao ribeiro, a esta água cristalina, à pedra rude, ao caminho agreste de terra, àquela azinheira que dá vontade de abraçar no meio do silêncio deste lugar mágico.  


Ao lado deste vale, em cima da escarpa, a Azeitona cumpre a sua missão. Trazer-me aqui sem alaridos nem espalhafato. Sem protagonismo. Apaga-se. Cala-se o motor suave para se ouvir o som do silêncio. E dos ruídos naturais, a água livre no curso do ribeiro, o vento. 


O Júlio sobe a parede que serve de costas à Lagoa. É um anfiteatro íngreme, que daqui parece enorme. Que abriga e proporciona uma vista do vale que é a recompensa justa para quem teve a curiosidade de aqui vir dar. 


São os melhores cinco minutos da viagem. Estou fora da scooter, sentado algures no meio do anfiteatro, mergulhado na emoção de ver um cenário de um pequeno paraíso (existem grandes?), quase indomado pelo homem. O sol brilha e aquece o corpo e o espírito a esta altitude. 


É um privilégio estar aqui. Não sendo homem de fé, acredito que há momentos em que não é despropositado agradecermos interiormente o facto de estarmos vivos e com todos os sentidos despertos. Para observar. E, num pequeno papel, para fazer parte deste cenário. 


Se abandonarmos esta magia e subirmos mais trezentos ou quatrocentos metros de cota, vamos encontrar a estrada que nos levará à Torre. Olhando para o cume que daqui se vê, anuncia-se a inclemência da chuva e do nevoeiro, o desconforto e a frustração de nada ver para além de vinte metros à frente da minha viseira. Deixo-me ficar o mais que posso, sem pressa, mas teremos mesmo que ir. 


A passagem pela Torre quase sem neve e a viagem até Seia para almoçar fez-se nestas condições difíceis, com avarias (ou arrelias) numa Vespa aveirense, a precisar de uma vela de ignição que saiu do estojo do Júlio para ajudar a seguir viagem. Duas palavras de agradecimento e companheirismo Vespista e estamos de volta ao asfalto escorregadio. 


No regresso de Seia escolhemos o caminho mais longo. Fatos de chuva e equipamento pesado, câmara fotográfica abrigada da água que não parava de cair. 


Depois de alcançarmos o planalto nas Penhas Douradas, iniciamos a descida para Manteigas. Avanço um pouco na caravana e aumento o ritmo com o Duarte. Sinto-me confortável a descer na Azeitona. Quase sempre em quarta, terceira poucas vezes, prende-me muito o andamento. E segundas nem vê-las, quase que pára. Ao contrário, o Duarte espreme a rotação do motor livre da PX 200. Os sinais são bons, o piso vai secando, os pneus deixam-se tocar perto dos extremos. No gancho à direita da Pousada mantenho-me num ritmo alto, mas hesito no apex e o Duarte passa-me por fora na PX 200. À Duarte. Paramos à chegada a Manteigas e comentamos a condução e o prazer que estas pequenas máquinas anacrónicas nos dão. 


À noite, no Varandas, a conversa gira à volta de petiscos, de um arroz de zimbro e de um bom vinho regional, com as scooters em repouso no  parque da Pousada, iluminado à meia luz. 


A Serra é assim. Tem tudo o que preciso, em doses certas. A adrenalina e a calma. A solidão e o convívio. A natureza e essa máquina de aço. 


Tudo com alma.








































Imagem 14: Júlio Santos