sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Bihelix







Aqueles que vão seguindo esta página saberão que a Honda CN é a minha scooter mais rodada. Há muito que venho defendendo o quão fácil é ser-se conquistado pela CN uma vez sentado no sofá e empurrado pelo motor suave. Inclinar uma CN ao sabor de uma estrada enrolada equivale invariavelmente a estampar um sorriso pateta na cara, escondido pelo capacete. E o seu estilo à frente do seu tempo vem fazendo cada vez mais adeptos. Desta evangelização em curso vêm resultando algumas aquisições por amigos, que não resistem aos apelos desta estranha scooter.   

Apesar de ser um modelo original, com um significado histórico relevante e relativamente rara entre nós, ainda se vão encontrando alguns exemplares nos classificados e a preços comedidos, embora com alguma irregularidade de oferta.

O que é invulgar é encontrar uma CN não restaurada com dezasseis mil quilómetros, e em condição muito próxima daquela que exibia à saída de um concessionário Honda, há quase dezoito anos atrás. 

Foi exactamente esse negócio que o Miguel Sala encontrou. É a CN cor de vinho que vêem nas imagens. Depois de a ver e testar, percebi que a scooter está realmente nova, justa e a respirar saúde, sem qualquer falha ou pormenor a rever. De longe a melhor CN que já experimentei. Sorte a do Miguel.       






Num encontro em Mafra numa manhã fria, as duas CN deslizaram pelas estradas que rasgam os montes e vales da Tapada. As fotografias mostram essa cumplicidade das duas japonesas, finalmente em harmonia dentro do rectângulo mágico.
  

















domingo, 21 de dezembro de 2014

Borracha






Seis mil quilómetros depois, o Pirelli GTS traseiro acabou. O pneu frontal acusava muito menos desgaste, mas estava estranhamente ressequido nas paredes laterais, para além de que havia sido construído em 2009. Se esperasse pela próxima troca do pneu traseiro, provavelmente estaria com oito ou dez anos. Acresce que não ia voltar aos Pirelli GTS, pelo que decidi trocar os dois.


Depois de ter ouvido boas referências da Motocenter, solicitei orçamento e conselhos sobre que borracha montar. O serviço de aconselhamento foi célere e eficaz e após alguma ponderação optei pelos Michelin City Grip, a escolha OEM que actualmente é usada pela Piaggio nas novas Vespa GTS.
 

 
 
Marquei para sábado de manhã, e depois dos últimos quilómetros gelados e cheios de nevoeiro em cima dos Pirellis, fui recebido pelo simpático Francisco, sócio da Motocenter com quem tinha trocado os emails. Quando tirei o capacete fechado o Francisco reconheceu-me como... organizador da Regularidade do VCL ! Rapidamente associei e percebi que é um dos participantes habituais na sua PK50 preta e também sócio do Vespa Clube de Lisboa. O que não sabia é que tinha uma oficina de pneus. 

 
A Motocenter é um espaço aberto ao público em 2014, com instalações centrais em Lisboa, perto da Praça de Espanha. De acordo com o Francisco, trata-se da primeira oficina de pneus ibérica exclusivamente dedicada a motos, o que já de si é um facto de relevo. Fala-se uma linguagem de motociclista e as motos não são um estorvo e embaraço no meio dos automóveis. São o centro das atenções.


Mas mais do que estes factores, que há que reconhecer que são diferenciadores, o que realmente me fez optar por experimentar a Motocenter foi a disponibilidade de um serviço que há muito procurava e que nunca encontrei em oficinas de pneus: calibra rodas de scooter. O que faz toda a diferença. 
 

 

 

Os Michelin estão agora com pouco mais de meia centena de quilómetros, e é óbvia a diferença para os pneus anteriores. O que se explica pelo desgaste extremo do quase plano Pirelli traseiro, que degradava a experiência de condução, em especial tornando menos linear o movimento de inclinação.


Verifiquei já que não tenho wobble, que era uma das minhas preocupações com a troca de pneus e, como é sabido, um ponto sensível das GTS. Ainda é cedo, porém, para formar uma convicção mais abrangente sobre estes City Grip. 

 







segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Verde Metallizzato - Vespa Granturismo






Temporariamente de passagem na minha garagem está esta Vespa Granturismo 200. Pintada numa das cores de lançamento, o verde clássico da Piaggio, reminiscência da herança dos anos 40 e 50. Nunca fui grande apreciador deste verde. Aliás, em tempos só não comprei uma ET4 125 porque entendi que não conseguiria viver pacificamente com esta mesma cor num exemplar que me interessou na altura. Hoje estou seguro que foi a decisão certa, porque logo a seguir comprei a minha Granturismo, uma das scooters de que guardo melhor memória.






Esta Granturismo verde tem algumas particularidades.

Por um lado está preparada para viajar, com porta couves frontal e traseiro, ecrã original e acrescenta o banco da GTS Super.

Por outro, monta uns Sava MC29 com uma aparência radicalmente desportiva,  um escape LeoVinci 4 Road, e mostra pouco mais de dez mil quilómetros no odómetro.

Numa saída de Outono na companhia do Miguel na Sym GTS, achei o escape demasiado ruidoso para o temperamento da Granturismo, embora tenha ficado impressionado com a qualidade de construção e acabamento. Pessoalmente gostei do tom levemente cobreado que o escape apresenta. Por outro lado, não me pareceu que acrescente algo de relevante em termos de rendimento, e não tenho dados que me permitam concluir se o consumo sai prejudicado e em que medida.







A protecção do ecrã fez-me recordar que tenho um igual na garagem e que deveria montá-lo na Bianca, tal é a diferença de conforto na estação fria.

Quanto aos pneus, fiquei com a impressão de serem lentos na fase de inscrição, pelo menos por comparação com o que recordo da minha Granturismo, e dos próprios Pirelli GTS da Bianca. Não testei à chuva, mas o desenho do piso fez-me pensar que o escoamento eficaz também não deva ter estado no topo das prioridades na sua concepção.






Em geral, e mais de dez anos passados sobre o seu aparecimento no mercado, continuo a pensar que a Granturismo ainda é uma opção muito válida e equilibrada para quem pretenda uma Vespa large frame da era moderna, e não queira ou não possa chegar à GTS em termos de custo de aquisição.

O desenho mantém-se plenamente actual, as diferenças de performance são marginais para a GTS 250, e mesmo para a 300. E o rendimento e qualidade são mais do que satisfatórios para as necessidades do utilizador médio. Sólida, económica em consumo, com potência suficiente e uma velocidade de ponta fácil na casa dos 120 kms/h, é uma companhia ideal como commuter ou viajante. Este exemplar só acrescenta a essas qualidades uma cor exótica.






sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Domínio das Automáticas




Uma divertida rábula com texto do César Branco, autor do blog ScooterJunkies, que condensa em pouco mais de três minutos a paródia à volta dos encontros de scooter clássicas e a perigosa companhia de algumas automáticas na ortodoxia manual, felizmente muito pouco praticada entre nós. 
 
Para entender o texto convém estar familiarizado com algumas das palavras chave de temas que por aqui também se vão falando, como VCL, ScooterPT, Tamanco, Moscas da Figueira, LAL, ou o Foguete de Mangualde. Se não souberem que no filme a personagem S800 é o autor deste mesmo blog Offramp, esse é um fortíssimo sinal de que provavelmente  estão a ler estas linhas por engano.
 
 
 
 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Frio de Dezembro





A vaga de frio polar aterrou no fim de semana, mesmo a tempo de um passeio para carregar as baterias na LML até à Figueira da Foz. Menos do que a dela, que é nova, o importante é mesmo a minha bateria. Alguns amigos apareceriam para o almoço anual de Dezembro do ScooterPT, não era exacto quantos seriam, mas esse também não era o factor mais importante. A verdade é que tinha urgência em rolar. Afastar uma camada já densa de preocupações quotidianas que me ocupam o processador - o humano -  , e deixar que a deslocação do ar faça esse trabalho de polimento ao passar pela nossa carapaça em cima do frágil engenho.  





Antes que perguntem, o 14 no escudo da LML é uma coincidência, e nada tem a ver com o calendário. Há uns anos atrás, a Scuderia Sereníssima recebeu este número no Lés a Lés. Preparei os vinis, um para a Helix, outro para a T5 do Rui, que acabou por não ir. O vinil ficou desde então na garagem até que há dias se reencontrou comigo. Está um pouco desproporcionado, mas até que a LML receba um polimento - que bem precisa - talvez o mantenha. Mas o melhor é não fazer planos.   












quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Scomadi





Depois de anos de desenvolvimento, e de notícias que vão chegando a conta gotas, com sucessivas versões de protótipos no modelo 300 Turismo Leggera, recebi hoje na caixa de correio  um email da Scomadi a dar-me novas sobre a sua representação ibérica, com vários concessionários em Espanha e, para já, um concessionário em Lisboa.
 
Já é sabido há algum tempo que serão disponibilizadas versões de 50cc (na imagem), 125cc, e de 300cc, todas automáticas, mas com inspiração nas DL que a Lambretta produziu no final da década de 60 e início de 70.
 
Há muita expectativa em especial em relação ao que o modelo 300, com o motor Piaggio da GTS, conseguirá oferecer.
 
A Lambretta é uma religião parecida com o Sebastianismo: muitos anseiam por que volte. O problema é que tem havido, ao longo dos tempos, demasiados alarmes falsos por entre o nevoeiro. E nunca apareceu um Sebastião que se aproximasse do original.A Scomadi tem vantagem perante as demais: não usa o nome Lambretta, embora o carregue de outras formas.

Ainda não vi nenhuma Scomadi ao vivo. E estou curioso. Porém, receio que a minha expectativa seja demasiado alta. Não conheço o plano de negócios da Scomadi, mas parece-me que não faz sentido produzir uma scooter com este fardo que não seja de qualidade de construção e de engenharia acima de uma Vespa GTS 300. Posso estar enganado, mas talvez seja mais fácil vendê-la se for realmente um produto de topo, com um preço a condizer, diferenciado, com rigor de materiais acima de qualquer suspeita, e quase hand made. Do que fazer uma scooter em massa no Oriente com controlo de qualidade inconsistente, um produto inferior à Vespa GTS 300, vendendo-a por preço semelhante a esta. Eu não teria dúvidas onde pôr o meu dinheiro.

Não quero antecipar o futuro desta nova investida até porque, como disse, não vi nenhuma ainda. Mas seria bom que as Scomadi viessem para ficar e pelas melhores razões. Fiquem atentos.

Imagem: Scomadi    


 

domingo, 30 de novembro de 2014

Dilemas de Garagem




As últimas semanas têm sido de transição. A Bianca está já em casa, depois de um mês a reparar a barriga e a parte inferior do estrado, que apesar de todo o cuidado no uso já não estava como era suposto estar: como saiu da fábrica.


É um desafio que reconheço pouco usual e ainda menos racional tentar manter a originalidade da Bianca, usando-a pouco e, simultaneamente, carregá-la de história cúmplice. É um paradoxo difícil de resolver mas que, por alguma razão, continua a fazer todo o sentido no meu espírito, passados quatro anos. Talvez o facto de ter noção de que esse objectivo é desfasado do uso que o comum proprietário destina a uma scooter ajude a explicar a minha apetência por ter outra, que actualmente até são duas, a Helix e a LML.


Com o inverno a trazer o rasto cinzento das chuvas, e alguma indisponibilidade temporária para agarrar-me ao guiador das máquinas, corre também o processo evolutivo de afinar o papel que, na minha cabeça, cada uma delas tem na garagem.














segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Scooters nas Corridas (III)





Ainda as scooters nas corridas, mas de um outro tempo, em que as corridas passavam à porta das casas, no meio das montanhas, vilas e aldeias da Sicília. Sem rails, sem protecção, sem rede. No limite da estrada, da máquina, da razão. Uma loucura.

Esta imagem do arquivo Porsche está coberta dessa adrenalina e reflecte a paixão dos sicilianos pela velocidade, pela competição. Pelo Targa Florio. Voltas de 72 quilómetros, mais de 900 curvas por volta, quase impossível memorizar. Uma verdadeira tortura sinuosa para pilotos e máquinas. Talvez a mais romântica e irracional das corridas de estrada com o envolvimento directo das marcas e a cobertura do respectivo mundial. Quase até à última tragédia neste formato já então anacrónico, cujo episódio final ocorreu em 1977.

A caminho da vitória em 1970, o Porsche 908/3 skate de Jo Siffert e Brian Redman, uma bela seta azul bebé com duas redundantes setas pintadas na carroçaria com o número 12, levanta o pó e passa indiferente à psicadélica Vespa de Palermo estacionada no limite da berma.   

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Scooters nas Corridas (II)






Sábado chuvoso de fim de época no Autódromo do Estoril. LML a caminho através do dilúvio para ver com amigos este campeonato de endurance V de V, que tem um programa de resistência quase familiar, com GT a sério. Os franceses adoram encerrar as hostilidades nos desafios do circuito próximo de Cascais, onde normalmente conseguem gozar o bom tempo nas seis horas de corrida. Não este ano. 

Apesar de se apresentarem a competir em várias dezenas de Porsche 911 GT3, Ferrari 458 Scuderia, Saleen e alguns GT ainda mais excêntricos, estes gentleman drivers deslocam-se no paddock, na sua maior parte, em anónimas scooters chinesas e sem matrícula. Provavelmente compradas todas no mesmo contentor. Claramente os euros e as atenções estão nos GT. Não nas scooters. 


















sábado, 1 de novembro de 2014

Na Terra de LML (III)






À medida que a estação fria se aproxima, as folhas teimam em não alaranjar, nem amarelar. Quanto mais cair. O Outubro foi o Verão que quase não tivemos e estas são ainda imagens de luz de Verão.  


A LML tem alguns trabalhos pela frente, mas não me apetece entregá-la ao mecânico. Quero usá-la e gozá-la sem limitações, pelo menos enquanto não precisar de me vestir por várias camadas. Amanhã tenho que lembrar-me de colar ao lado do painel analógico um autocolante "brake rear". Ajuda a memorizar e a estabilizar a frente e o seu disco. É o único componente mecânico potente nesta scooter.












domingo, 26 de outubro de 2014

Restauro ?








No editorial deste mês da revista Motor Clássico, o seu director, Adelino Dinis, faz uma breve incursão pela história dos Concursos de Elegância Automóvel. De acordo com Adelino, existe um antes e um depois de Pebble Beach, nos EUA, há cerca de 50 anos. A evolução que se registou depois, a reboque da progressão técnica e do crescente interesse pelos clássicos, trouxe-nos restauros cada vez mais perfeitos. A par destes, a avaliação pelos jurados especialistas de nível internacional, neste tipo de concursos, também foi mudando. "Mas chegou um ponto em que, para ganhar, proprietários e profissionais faziam, literalmente, carros 100 por cento novos. Eram automóveis autênticos que pareciam réplicas." - escreve o Adelino.


O modo como a FIVA (Federação Internacional do Veículo Antigo) reagiu a este ponto aparentemente sem retorno foi interessante: os parâmetros mudaram e o foco passou a ser dirigido para a preservação e autenticidade. A filosofia do restauro é o grande critério matriz. E para um olhar treinado é relativamente fácil perceber se o objectivo foi salvar o máximo de componentes originais ou, pelo contrário, refazê-los na íntegra, obtendo-se como resultado um veículo que quase nada tem do que saiu de fábrica. "À medida que entra o brilho de algo feito agora, sai a história do objecto original".


Esta recente abordagem, que começou a ser posta em prática no concurso mais importante da Europa, Villa d´Este, mas já está a ser aplicada pelos jurados nos melhores concursos, determina algo muito simples: o estado "melhor do que novo" deixou de ser desejável. Ou seja, a reconstrução total, que é uma actividade nobre, dispendiosa e difícil, não é vista como arte. "A arte está em recuperar tudo o que pode ser salvo e substituir apenas o que está perdido". É ainda mais caro e difícil. Porém, preservar ao máximo a autenticidade é, nos padrões de hoje, o caminho certo para o restauro.



Imagem: Rui Simões  

sábado, 25 de outubro de 2014

3ª Regularidade VCL - 2014 (IV)






Mais postais ilustrados da 3ª Regularidade Moderna do Vespa Clube de Lisboa, com alguns dos instantâneos captados por outras objectivas que não só a minha, cortesia do Miguel Lázaro e do Rui Simões, devidamente identificadas no final do post.







































Imagens nº 3, 4, 6, 9, 10, 13 de Miguel Lázaro
Imagens nº 5 e 7 de Rui Simões