sexta-feira, 22 de março de 2013

Atlas até à Estrela (III)




Alguns perfis dos homens das neves.



























terça-feira, 19 de março de 2013

Atlas até à Estrela (II)






No Inverno a Estrela não é segura, importa sempre um risco acrescido. Não é amena, o frio em Março é obrigatório. Não é prática, exige várias camadas de têxtil sobre a pele. Não é óbvia, a não ser que se levem skis para a neve. A atracção não é fácil de explicar. Nem devemos rotular como lógica uma viagem de cerca de trezentos quilómetros em sete ou oito horas, com um número de curvas confortavelmente na escala dos quatro dígitos. Mas a Estrela é isso. É observar a natureza no que ela tem de mais poderoso. É sentir que não controlamos tudo, nem queremos controlar. É não saber se vamos conseguir descer a rampa da Pousada sem cair no meio do gelo e da neve. É entrar com a scooter num banco de neve só para a imaginar como um barco na Antártida. E sentirmo-nos miúdos outra vez. É tentar adivinhar se vamos conseguir subir às Penhas se entretanto cair um nevão. É o petisco regional, o passeio espontâneo. É a amizade que se forja à chuva e ao vento, e se celebra à mesa. Unida pelo gosto por rodas quase ridículas. A Estrela não é racional. É especial.  


























domingo, 17 de março de 2013

Atlas até à Estrela





Dia dedicado à viagem, um luxo na agenda. A caminho da Serra da Estrela. Fiz um exercício simples com um mapa nas mãos. Linha recta e sem portagens até à Estrela a partir de casa. Descobri que ainda há muitos quilómetros por descobrir. Cinco Lés a Lés depois, após tantas idas à Estrela, ainda há pedaços de asfalto e horizonte completamente novos para o meu olhar. Ainda bem. Que país, que diversidade. E a linha, claro, não é exactamente recta. Já devia saber que a natureza não produz linhas rectas. Tudo é sinuoso. Nada é verdadeiramente vertical ou horizontal. Só o que é fruto da mão humana.














sábado, 9 de março de 2013

Linha e Tempo



Enquanto escrevo este post, abate-se um temporal medonho lá fora. Esteve assim durante toda a manhã e intensificou-se a partir do final da tarde, com clarões, trovões, relâmpagos e chuva intensa. Porém, a meio da tarde sentiu-se o sol, com aquele céu dramático, de nuvens de vários tons e luz quase messiânica, com feixes por vezes de contornos bem visíveis. Decidi sair da garagem durante essa aberta e apanhei a estrada seca, por acção de um vento forte. Parei a meio e fiz esta imagem, cheia de linhas verticais, incluindo a do capacete que hoje usei, para além das três linhas que se perdem no ponto de fuga para lá do semáforo azul. Guardei a máquina antes de acordar a Bianca e regressar a casa. Escolhi o caminho em função das nuvens, a tentar fugir à mais ameaçadora e densa. Bem acelerei, mas em vão. Acertou-me em cheio. 


Em Obras



A Helix está neste momento em consulta médica de rotina. É uma forma de dizer, porque a rotina que ela tem conhecido nos últimos tempos baseia-se em mudar pneus, óleo e filtro, por ordem decrescente de frequência.

Mas desta vez não. Decidi mandar limpar o circuito de refrigeração que há muito apresentava aquele castanho barrento, estilo gelado moka. E a culpa é da Helix. Uma scooter muito fiável e de acessibilidade mecânica difícil desincentiva qualquer um. Até os mecânicos ! É preciso desmontar mais de meia scooter para lá chegar.

A proximidade da ida à Serra da Estrela, e a preparação do Lés a Lés - para o qual já me inscrevi - convenceram-me a fazer manutenção em áreas onde ainda não tinha tocado na bizarra locomotiva. Acredito que convirá dar atenção a alguns sinais se quiser continuar a beneficiar dos seus leais serviços na estrada.  

Estamos a investigar a razão pela qual a ventoinha não está a disparar. Aparentemente trata-se de uma válvula junto ao radiador que não está a cumprir a sua missão. Um teste em água declarou-lhe a morte.

Depois, a falange do carburador que acredito que tenha sido responsável por um ralenti irregular, quer a frio, quer a quente, e o já famoso cheiro a jet fuel. Esta maleita já tem mais de um ano, não queria adiar mais a sua resolução. Após inspecção verificou-se que a borracha está ressequida e não custa acreditar que se verifique passagem de ar indesejada. Aliás, este é um dos pontos críticos das CN, assinalado por muitos utilizadores frequentes nos foruns internacionais dedicados ao modelo.




Nenhum destes problemas foi até agora impeditivo de continuar a gozar a Helix, sempre que quero. Esta fiabilidade, até agora de cem por cento, é uma das razões pelas quais a Helix me agrada tanto. Tem sido incrivelmente resistente. Espero que esta atenção adicional que agora lhe dedico não seja mal interpretada. Tenho pavor de máquinas que se afeiçoam a mecânicos. Há quem diga que é por culpa desse bloqueio emocional que nunca terei uma Lambretta...