quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Back To The Future






Há dias o meu grande amigo João Ruas enviou-me esta imagem da minha antiga CN.

Antes mesmo de me comprar a CN, o novo proprietário decidiu que a scooter seria objecto de uma intervenção da artista Vanessa Teodoro.


Na altura confesso que fiquei um pouco dividido. Por um lado a CN tinha uma pintura nova e cujo resultado me agradava e a tornava até única. Por outro, queria vê-la num novo caminho, não escolhido por mim.

A verdade é que gosto de ver a CN viva, a rolar todos os dias, noutras mãos que não as minhas. E é refrescante saber que foi objecto de um processo criativo, que representa um fio condutor coerente com a obra da artista.

Entretanto, quase dois anos passaram e é frequente vê-la em Lisboa, embora sempre de passagem.

Curioso é o facto de receber com alguma regularidade fotos da máquina parada em alguma artéria da cidade. Esta última que recebi inclui mesmo o novo proprietário, com um incrível capacete amarelo DMD. Dificilmente se encontraria um capacete mais adequado a esta máquina invulgar.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Prato Alentej... Indiano





O plano era tentador. Aproveitar um fim de semana com a família no estrangeiro, pegar na Bala e na máquina fotográfica e rumar ao Alentejo, passando a noite em Mértola. Queria ir às Minas de S. Domingos e fotografar com calma. O resto seria um bónus. Uma viagem em modo expresso até Évora ou Reguengos para almoçar, e a partir da Barragem da Amieira queria seguir o road book do Lés a Lés de 2015 para sul, até Mértola.  

Partilhei o meu plano com o Paulo Simões Coelho, que rapidamente aderiu.

Na semana anterior a Bala fez uma birra. Sem que percebesse muito bem porquê, não queria pegar. Pegou depois de empurrão, numa espécie de amuo passageiro. Nos dias seguintes tentei despistar o problema, andando com ela várias vezes, mas o comportamento era normal, como se nada se tivesse passado antes. 

Montei o leitor de road book, imprimi de novo parte da segunda etapa do Lés de 2015 e arranquei cedo no sábado. Ainda antes das nove horas estava no Príncipe Real ao encontro do Paulo. A cidade ainda dormia, o nosso tradicional café no quiosque na praça ficou, por isso, adiado.     

Dia lindo, embora muito frio. Até Évora fomos num ritmo vivo, com a Bala a imprimir a cadência e a Luíza (PX Quattrini), mais rápida, sempre com alguma margem para ultrapassagens. A meio da reserva a Bala engasgou-se, acompanhada de um sonoro ratér. Já tinha acontecido à saída de casa com a bóia do combustível sensivelmente na mesma posição, parecia um problema de alimentação, eventualmente algum lixo no depósito. Recuperou, sem chegar a parar. Continuámos e já sonhávamos com um belo prato alentejano em Reguengos quando, logo depois da velha e bonita ponte do Albardão, sobre o Rio Dejebe, um afluente do Guadiana, a Bala morreu.

Pouco passava do meio dia e meia, e até estávamos adiantados em relação ao programa relaxado que tínhamos previsto. Pensámos que talvez fosse a questão do combustível e enchemos com o jerry de dois litros, para o depósito sair da reserva. Nada. Tinha motor de arranque, mas nada mais.




A partir daí o Paulo foi buscar as ferramentas. A primeira que usámos foi o telefone, a minha ferramenta preferida. O incansável Manel, a alma da Oldscooter, foi dando as instruções ao Paulo. Faísca na vela era coisa que não tínhamos, portanto o Paulo foi executando o périplo no circuito, para descobrir onde é que estava a falha. Depois de um par de chamadas e execução metódica de instruções, conclui-se que o prato de bobines queimou. Impossível de executar a reparação na estrada, sem ferramenta adequada, e sem um prato substituto.

A partir daqui restava o reboque e o penoso regresso a casa de táxi. O Paulo continuou a jornada, pois tinha a família no hotel em Mértola, ao fim do dia. Ainda ponderei regressar de Bianca, mas quando cheguei a casa já era noite e não estava com estofo para fazer quase trezentos quilómetros de seguida, ao frio e sobretudo de noite, quando tinha dormido pouco mais de quatro horas.



No dia seguinte, e depois de onze horas de sono, destapei a Bianca e fui dar uma volta para tomar o pequeno almoço. O contraste entre as duas scooters é tão gritante. Tudo é mais suave na GTS e ao mesmo tempo há reservas de força e potência incomparáveis. Prática, maior e mais confortável. O ideal para viajar. Tão perfeita e fadada para a função que... dá vontade de usar a Bala.