sábado, 25 de maio de 2013

Em Roma, Cidade Eterna (V)






O último post desta série dedicada a Roma serve para destacar o Calessino, um Ape maioritariamente com finalidades turísticas ou de colecção. Apesar do valor proibitivo - ainda assim abaixo do preço na etiqueta da 946 - e da escala de produção reduzida, é um veículo com o qual julgo ser quase impossível não simpatizar.


Se uma Vespa tivesse duas rodas atrás e uma à frente seria provavelmente um Calessino. É curioso verificar que é a antítese do Ape, tradicionalmente o veículo económico e de trabalho do pequeno comerciante italiano. Um pouco à imagem do que a Vespa foi no passado e é actualmente. Mas com as estacas puxadas ainda mais para os extremos da linha do posicionamento comercial.   

A fotografia de abertura do post foi feita na Via Condotti, que é o bastião por excelência dos grandes nomes da moda de elite. Esta coincidência foi perfeitamente acidental, mas representa bem o ambiente que a Piaggio quis para o Calessino. Na Via Condotti ou numa praia do Mediterrâneo.


O Calessino é uma espécie de Fiat 500 Jolly do final dos anos 50, mas em formato Ape. Para quem não conhece, o Jolly era um curioso 500 feito pela Guia, desprovido de portas dignas desse nome, com um toldo amovível e bancos de verga. Um carro de praia para as elites económicas e sociais passearem em Capri. 


Entusiasta de miniaturas, embora actualmente quase inactivo, não resisti a este Calessino oficial à escala um para dezoito, que nunca tinha visto por terras lusitanas.




É uma miniatura da Italeri para a Piaggio, e tem até uma versão Presidenza della Repubblica. A que adquiri é a branca, ou seja, a versão Electric Lithium. Comprei na Giocattoli, um clássico romano do comércio de modelismo que tive oportunidade de revisitar. Curiosamente, estava também disponível na loja o Ape de competição que também consta da caixa do meu Calessino, mas nem sequer aparece no site da Italeri. De entre as duas optei pelo Calessino, em troca de vinte e três euros. Obviamente devia ter trazido os dois.












domingo, 12 de maio de 2013

Em Roma, Cidade Eterna (IV)





Em Roma, sê romano. É-me difícil resistir a este provérbio quando me sinto estrangeiro, não necessariamente fora de Portugal. Mas em Roma o provérbio veste-se de um sentido literal. 


Oito da manhã de Domingo, vou descendo a Via Cavour até ao fim numa Vespa S 125 bianca. Viro à esquerda e o Coliseu impõe-se-me de frente. Contorno-o no sentido dos ponteiros do relógio, acelerando devagar. Daqui a uma hora estará cheio de gente de máquinas fotográficas em punho.




Absorvo a primeira luz da manhã, e lembro-me da história que contei na véspera à Bi, quando aqui estivemos a mostrar-lhe o Coliseu. Sobre lutas entre  homens com armaduras a que chamavam  gladiadores, lutas entre leões, e lutas entre homens e leões. Depois lembrei-me que vi o Ben-Hur com sete anos, precisamente a idade dela, seguramente demasiado cedo. O que explica muita coisa. A Bi fez um desenho no diário de viagens, não quis representar o Coliseu enquanto edifício, desenhou e pintou um leão com o título do monumento. Sorri enquanto pensava nessa memória fresca, ao mesmo tempo que encostava para apreciar o Arco de Constantino, quase sem gente em redor.










A S125 deixou-se guiar com gosto por toda a Roma central. Tem a cilindrada ideal para sair com força dos semáforos, e é esguia para passar entre o trânsito quando este se adensa. Perfeita. De Barberini a Trastevere, de Santa Maria Maggiore ao Circo Massimo. Da Cidade do Vaticano ao Quirinale, onde nessa mesma manhã de 28 de Abril o governo de Letta tomava posse e um desempregado revoltado, no Pallazzo Chigi, perpetrava um atentado contra políticos, atingindo dois carabinieri. Foi o caos no trânsito. Mesmo assim, longe do desnorte em scooter que experimentei em Atenas. Comparativamente, é um exercício bem mais arriscado alugar uma scooter na capital grega, onde as regras só existem no papel. Roma dá dez a zero em civilização a Atenas - escorregadia esta palavra, juro que não fiz de propósito.


Trouxe comigo alguns filmes feitos a bordo da S125, mas falta-me tempo e saber para os montar de modo a que valham a pena ser mostrados. Para quê estragar Roma assim se podemos fazer esse exercício  inspirados no Capítulo I de Caro Diário, de Nanni Moretti.





Não rolamos a ouvir o Concerto de Colónia de Keith Jarrett, como Moretti (nos) faz na homenagem a Pasolini no final deste capítulo. Mas estamos quase lá. Embora não tenha ido a Garbatella ou Monteverdi, como Nanni no filme, soube-me bem vestir a pele de romano. Numa Vespa.



sábado, 4 de maio de 2013

Em Roma, Cidade Eterna (III)





"Mmmmm... meglio non superare..."

Abril de 2013, Via del Corso, Roma.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Em Roma, Cidade Eterna (II)





Três instantes em sessenta segundos. Abril de 2013, Via Agostino Depretis, Quirinale, Roma.







quarta-feira, 1 de maio de 2013

Em Roma, Cidade Eterna





Dez anos - menos um dia - depois, de novo em Roma, tal como então prometido. A cidade do deslumbramento, da história que esmaga em cada canto. De vinte e oito séculos. Sinto que podia muito bem viver aqui. Tínhamos que trazer a Bi a Roma, dar-lhe a ver, provavelmente, o maior museu vivo a céu aberto do mundo. 

Este blog alimenta-se de scooters. É difícil encontrar uma cidade mais representativa do fenómeno, do ponto de vista histórico, do que Roma. Valeria a pena prestar-lhe atenção também por isso, mas é inegável que a scooter ainda faz parte, no presente, da vida dos romanos.