Sexta feira 13. Depois de uma manhã inteira a andar de Bianca, trazendo-a finalmente para Lisboa, decido dar um salto à Oldscooter para marcar uma revisão de rotina.
A desesperar do calor insuportável, deixo o blusão em casa. Quando regresso para ir guardar a Vespa na nova garagem lisboeta, preciso de boleia para regressar. É-me oferecida pelo Zé, meu amigo de infância, que me disponibiliza a minha antiga GT200. Iríamos os dois fazer o percurso de não mais de três ou quatro quilómetros. Sou eu que tiro a GT da garagem e continuo aos comandos quando o actual dono-passageiro sobe.
A viagem é curta e acabará mal: circulamos devagar, a meio da tarde de uma sexta feira de Agosto. Não há trânsito. Vamos a conversar boa parte do caminho, em ritmo de passeio, realmente devagar. Não vou concentrado no que estou a fazer.
Ao passar num cruzamento entre duas avenidas da capital não reparo que vou colocar a roda da frente em cima de uma tampa de esgoto e... crrrreeezzzzzzzzhhhhrrrr*/&%...
GT200 no chão, a deslizar sobre o lado esquerdo até se imobilizar. A queda não foi aparatosa, a velocidade era baixa, não mais de quarenta. Mas o peso do meu corpo recaiu quase todo no meu ombro esquerdo, "protegido" apenas pela t-shirt. Resultado, fractura da clavícula e umas escoriações ligeiras, para além do orgulho em baixo. O dono da Vespa, felizmente, sofreu apenas uns arranhões. Quanto à GT, em breve voltará à estrada com renovado brilho.
Seguiu-se cirurgia que demorou muito mais a marcar do que seria desejável. Com o país a banhos, nunca fracturem nada a meio de Agosto. Dores, noites sem dormir e incapacidade para trabalhar levaram-me a umas chispas de desespero ocasional.
Cirurgia feita com sucesso e aí está a placa de titânio e respectivos parafusos, garbosamente exibidos no negativo em forma de raio-x.
Seguem-se meses de fisioterapia, uma experiência nova para mim, e que já percebi que é um exercício de persistência e muita paciência. Comecei nos alvores de Outubro e parece que já lá ando há meses.
Mas as scooters não estão esquecidas. Pelo contrário. Tenho aproveitado este período de paragem forçada para melhorar o meu equipamento de segurança. Um casaco novo de verão (que me teria sido muito útil caso o tivesse vestido naquele dia insuportavelmente quente), umas botas, umas calças de ganga com protecções.
Moral da história: nunca descurar o equipamento. Nunca conduzir distraído. Eu sei bem que é mais fácil dizer do que fazer. Mas aprendê-lo através da pele e do osso é a maneira mais difícil de aprender.
1 comentário:
Só acontece a quem anda de mota!
Agora é recuperar bem e voltar à estrada sempre com equipamento. ;-)
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