sábado, 30 de maio de 2015

Litro na Lisnave (III)






Últimos postais da Margueira, Lisnave. Entre o primeiro e o último post, estive a falar com o meu pai, a ouvir histórias deste estaleiro, por onde ele também passou. 

Histórias da construção de fragatas e petroleiros. Dos navios que já foram desmantelados entretanto, conhecidos pelos seus números de código. Das mil e cem pessoas que chegaram a trabalhar na Lisnave e do orgulho de pertencer a uma estrutura da primeira divisão mundial, no que à construção e reparação naval diz respeito. 

Não sei que futuro estará destinado a este espaço. Antes da crise imobiliária falou-se da construção de uma Manhattan aqui, com edifícios mais altos do que o Cristo Rei. Não avançou. Curioso ter estado em Manhattan há um par de semanas, e me parecer um corpo tão estranho projectar neste espaço ideia semelhante. 

Certo é que os estaleiros, tal como estão, servem de pouco. É um espaço único, para ser lembrado. E universal, para ser reconhecido. É uma memória, um fantasma. Talvez um paraíso para os fotógrafos. E para a boa arte de rua, como algumas fotografias mostram neste conjunto de posts


































































quinta-feira, 28 de maio de 2015

Litro na Lisnave (II)






O fotógrafo desnorteia-se quando a matéria a registar é tão rica quanto a que os estaleiros da Lisnave mostram. Não é difícil documentar. Até justifica revelar mais fotografias do que as habituais. A presença do Vespa Clube de Lisboa, das máquinas e das suas gentes, é a moldura certa para este cenário.  





















































segunda-feira, 25 de maio de 2015

Litro na Lisnave





No Litro, na Lisnave, do outro lado do Tejo. Na margem que alguém apelidou de desértica. Onde jaz um estaleiro vazio de máquinas, navios. Pessoas. Esperança. 






Em 2015 o Vespa Clube de Lisboa organizou a Prova do Litro em moldes inéditos, quer na época, quer no figurino. Ao invés das tradicionais castanhas de Novembro, escolheu-se uma tarde quente de Maio. E depois de anos num trajecto em linha, optou-se por um circuito desenhado nos desmantelados estaleiros navais da Lisnave na margem sul, propositadamente abertos para a ocasião.

Uma oportunidade única de ver e sentir o fim de um espaço virado para o rio e que preencheu o imaginário de muitos portugueses, pelo seu significado histórico, e porque foi alavanca de parte do complexo de construção e reparação naval português, juntamente com Viana do Castelo e Peniche.
A prova decorreu com a boa disposição habitual. Os depósitos foram secos e reabastecidos em seguida com vinte centilitros de combustível. Para evitar as suspeitas das Vespa que andam movidas apenas a oxigéneo, e para conferir credibilidade à descontraída festa, a organização selou os depósitos após o abastecimento. 

Para a história ficou o registo do vencedor: percorreu mais de quatro voltas ao circuito de cerca de três quilómetros, numa Vespa PX presença habitual no Lés a Lés.

A Azeitona só partiu quando os primeiros já completavam a primeira volta. Fez um pouco menos de três voltas até secar, um registo mediano. Parou a tempo de me permitir cozinhar as fotografias que sirvo na tela em seguida.

Depois da prova e do tempo da Nikon, a noite caiu lenta sobre o jantar, aquecendo as almas para os concertos das três bandas no Cine Incrível Almadense. No palco, os membros das bandas são scooteristas ligados ao clube, pelo que a festa e a proximidade estão asseguradas. 

Um programa versátil e completo a encerrar o Litro 2015 e o Vespa Primavera Fest. À altura do melhor clube do mundo.













sexta-feira, 22 de maio de 2015

NYC






NYC - Numa certa perspectiva é o centro do mundo. Na simbologia da liberdade, da livre iniciativa. Dos arranha céus. Da moderna finança. Do cosmopolitismo. Do 9/11. Da força e raça tão bem esculpidas no bronze do charging bull à frente do New York Exchange.


Manhattan é um pedaço de terra onde se ergue a grande altura uma cidade paradoxal. Cheia de desequilíbrios, mas não só no horizonte. Move-se por linhas de força contraditórias. E, no entanto, é estranhamente unida no orgulho nova-iorquino. Tem tudo. Um concentrado do melhor e do pior. Talvez seja, em simultâneo, a mais avançada e mais arcaica das cidades avançadas. 


A mobilidade é só um dos exemplos destes extremos. Aqui anda-se de quatro formas: a pé, de bicicleta, de SUV. E de V8 (!). A moto é uma raridade. A scooter é uma sub-espécie negligenciada e que quase se confunde com a Vespa. Encontram-se menos scooters do que Porsches ou Maseratis. Que são, por definição, raros. 


Um scooterista aqui é alguém que corre por fora. Um ciclista motorizado, talvez menos louco. Ou bem informado.