domingo, 26 de fevereiro de 2012

Vespanomics



Os EUA são conhecidos pelo consumo energético desmedido, onde é usual ter na garagem uma pick up V8 e o automóvel da família é invariavelmente um gastador SUV.

A cotação alta do petróleo está também a afectar os norte americanos, pouco habituados a combustíveis caros. Os EUA consomem actualmente cerca de 25% do petróleo produzido mundialmente. O que significa que há muito a fazer neste campo naquele que ainda é o motor da economia à escala global.
   
Ciente deste potencial, a Vespa USA lançou uma campanha que pretende publicitar os pequenos passos que começam a ser dados no sentido do aproveitamento das vantagens das scooters para ajudar a resolver os problemas de mobilidade e congestionamento de tráfego, poluição, poupança, e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Até agora os passos dados pelas cidades americanas parecem muito tímidos. Algumas delas, como Boston, San Francisco ou New York começam a criar áreas específicas gratuitas para parqueamento de scooters. O que parece e é muito insuficiente. Mas é um pequeno passo necessário.

Um exemplo de medida que está inscrita na must do list é a necessidade de flexibilizar e simplificar o licenciamento de condutores para a condução de scooters. Na Europa, chamámos-lhe Directiva 125cc. Nos EUA, pensa-se em scooters até 300cc. E quantificam-se os benefícios por referência a 2020.

As melhorias e metas que se pretendem atingir estão enumeradas e explicadas num documento de suporte produzido em parceria com outros construtores de scooters e motos. Estima-se que a mudança de paradigma no transporte individual diário nos EUA significaria uma redução média de 58% do consumo de combustível e de 80% nas emissões de dióxido de carbono. Se a comparação for entre uma Vespa e um Hummer, este consome apenas sete vezes mais.

O flyer publicitário que é a cara desta campanha tem uma imagem inicial - topo do post - que me parece impactante, quantificando as diferenças entre a utilização de um SUV, um carro compacto, e uma Vespa. Tudo numa linguagem suportada pela confortável simbologia de um painel de instrumentos de um SUV.  




imagens: vespausa.com

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Motogiro D´Itália



Entre os tradicionais ciprestes que ladeiam a estrada de terra na Toscana, a Lambretta inclina-se a bom ângulo, descrevendo uma trajectória optimista por dentro, bem consentânea com o ritmo acelerado de uma prova de regularidade.

De autor desconhecido, esta imagem aparenta ser profissional. Pela antiguidade, pelo enquadramento, e pela marca inscrita no canto inferior esquerdo, com alusão à prova.     

Quando vejo uma imagem como esta retorno sempre à ideia de recuperar para o presente o espírito das provas de regularidade desta época. É uma semente que gostava de lançar à terra fértil do Vespa Clube de Lisboa.



terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Clube Sem Fronteiras






Se a scooter foi e é vista como um veículo essencialmente urbano, uma visita ao Vespa Clube de Lisboa vai permitir que essa impressão se alargue. Não só para fora da urbe, como também para longe do rectângulo português. Na sede na Avenida Infante Santo pode sentir-se o peso de quase 60 anos de peripécias e aventuras, muitas delas fora de portas.











Faixas de ralis antigos, placas, troféus, fotografias, posters e outros pedaços de história, sinais do alcance sem fronteiras das Vespa e dos Vespistas. É, também, a responsabilidade de ser o mais antigo clube português de duas rodas.



Bélgica, Itália, França, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Espanha são apenas alguns dos países que deixaram a sua marca, através dos Vespa Clubes locais, na história do VCL.  














Do Brasil pude trazer material de clubes locais, como faixas do RGS em Vespa, e autocolantes da Confraria Rio Vespa Clube e da Confraria Vespa Motor Clube Dois Irmãos, de Rio Grande do Sul. Depois de rodar na PX200S da MotoVespa, foram-me entregues em mão no Rio de Janeiro e selados com um abraço ao carioca Leo Dueñas




O Presidente do VCL, João Máximo, encarregou-se da tarefa de fiel depositário. A imagem seguinte atesta que os vespistas brasileiros já estão representados em Lisboa, com o Kes, aqui, a assinalar embaixada do Rio de Janeiro.








Alguns dos nossos sinais vão fazer o caminho inverso para o hemisfério sul. Como sinais, como símbolos, são uma representação. De um ideal de companheirismo, de partilha, de amizade, de liberdade, e de entusiasmo em volta da Vespa, desse conceito de metal  que vive atrás de um escudo. Mas que quase juramos que é matéria da alma e dos afectos. Não é por acaso que muitas têm nome próprio.  
  



Símbolos. Símbolos em trânsito. 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Rali Luso Espanhol 1963



Por vezes a Vespa consegue ser uma inesperada escola de iniciação à  competição.

Estava longe de imaginar que o multicampeão português de velocidade Ernesto Neves, personagem com um fulgurante palmarés de nove títulos nacionais nas competições automóveis em Portugal entre os anos de 1966 e 1973, se estreou nas corridas com uma Vespa GS.

Sob o patrocínio do Vespa Clube de Lisboa, e organizado pelo Clube Atlético de Queluz, realizou-se em 1963 o Rali Luso Espanhol em Vespa. Ao contrário do actual Ibero Vespa, o Rali Luso Espanhol não era um passeio. Era uma prova competitiva de regularidade que ligava Almada à Costa da Caparica, numa extensão de quarenta quilómetros, segundo rezam as crónicas de imprensa da época.

Neves ganhou, ostentando o número treze no escudo da GS que servia como estafeta no escritório da família. O estreante e futuro campeão beneficiou ainda do facto de utilizar a única GS 160 na prova.

Curiosamente, o Rali apenas teve dezanove concorrentes, sendo que a comitiva espanhola que conferia carácter ibérico à competição acabou por não alinhar. Chegaram tarde ao local da partida (!).



Imagens da fotobiografia autorizada de Ernesto Neves em nenemotos.blogspot.com