terça-feira, 30 de março de 2010

E o Vencedor é...



Há uns meses atrás - vá lá, oito ! -, o Vespa Clube de Lisboa promoveu um concurso de fotografia que quase passou despercebido por entre o passeio por ocasião do seu 55º aniversário.

Recordo um óptimo dia de sol, Vespas vindas do país vizinho, pedagógicas visitas a museus e saudáveis gargalhadas entre amigos à conversa. Um dia em cheio.

Reparei agora, numa visita tardia ao site do VCL, que afinal sempre houve escrutínio. Em Fevereiro (!). E que uma das fotografias que enviei tinha sido eleita.

O boneco é um instantâneo lisboeta de uma Vespa levada à mão por uma rapariga que cruza os carris por onde passa aquela charmosa carruagem amarela, com janelas de guilhotina e bancos de tábua a que chamamos eléctrico.

Não sei se estou certo, mas parece-me que há poucas competições com cunho tão subjectivista quanto um concurso fotográfico. A impressão que tenho é que cada fotógrafo, ou simples entusiasta, gosta de destacar um aspecto a que dá especial ênfase no seu trabalho. Eu tenho uma certa tendência para sobrevalorizar a composição nas minhas fotografias.

Para o caso desta é totalmente irrelevante, confesso que saiu assim, espontânea, instantânea e com (muitas) imperfeições. Com uma simples e descontraída Nikon L16, uma máquina de bolso. Provavelmente haveria fotografias melhores, mas esta talvez se tenha sobrevalorizado. E com isso trepou até ao primeiro lugar. Se quiserem saber as razões vão ter que perguntar ao júri.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ducaggio ?




Uma nota veiculada há dias, por uma agência noticiosa financeira italiana, dava conta da participação da consultora McKinsey no estudo e preparação de uma eventual fusão do gigante Piaggio com a icónica Ducati.

Se descontarmos o imediato desmentido da Piaggio, o mal disfarçado interesse da fuga de informação e a especulação que se lhe seguiu, ainda sobram migalhas para o exercício teórico, que parece tentador.


Segundo a notícia, o Grupo Piaggio - que inclui marcas como a Vespa, Moto Guzzi, Gilera, Aprilia, Derbi, e a própria Piaggio - estaria a ponderar alargar o seu raio de acção a caminho de uma presença em todos as franjas de mercado em duas rodas.

Actualmente a Aprilia tem uma tímida presença no segmento das desportivas de topo, mercado em que a Ducati tem forte implantação.

O potencial de canibalização entre marcas do mesmo grupo seria quase nulo, pois todas elas têm ADN diferente e poucas zonas de sobreposição.

Por outro lado, a Ducati tem associada à sua imagem conceitos como o de exclusividade, design de vanguarda e tecnologia de ponta. Por várias vezes e em diversos domínios já provou conseguir bater os japoneses com armas desiguais. Na competição (por vezes com cilindros a menos), na concepção do produto, na abordagem técnica europeia e também no capítulo comercial, com uma carga emocional muito vincada. Já repararam que é rara uma Ducati não vermelha?

É interessante que se fale agora numa fusão, pois não tem sido esse o caminho para concretizar o crescimento da Piaggio. Na verdade, o Grupo tem engordado recentemente com novas marcas sob a sua órbita, mas com graus de autonomia incompatíveis com um projecto de fusão.

Talvez assim nascesse um verdadeiro player europeu, com uma gama de costa a costa, com dimensão e balanço para bater especialmente Honda e Yamaha, os dois tigres asiáticos que vão a todas.

sábado, 20 de março de 2010

Primavera



As semanas passam, os dias esvoaçam e as scooters vão ficando debaixo de telha. Andei pouco de scooter neste velho Inverno.

Tem-me feito falta sair manhã cedo e avançar horizonte azul adentro. Ladear um campo de milho e passar por entre aquelas velhas casas de granito. Espreitar sobre os muros e sentir o aroma a madressilva. Ouvir o silêncio daquele bosque mudo de vento. Encostar para ver escorregar o rio sem pressa. Deter-me para assistir à névoa alta sobrevoando a montanha. Ver o mesmo céu tingir-se de tons mornos. E o sol formando uma bola de fogo que se afunda e adormece.

Parar, por fim. Para saber dizer a palavra certa...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sei Giorni


imagem: dailyicon

A imagem sugere-me um naufrágio de dois duros marinheiros. Parecem-me a meio de uma viagem mas com o desafio ainda inteiro pela frente. Seis Dias de Enduro. Sente-se o desassossego nos rostos hirtos. A fotografia andava por aqui a seduzir-me o olhar, sem que me decidisse a satisfazer-lhe o desejo. O que lhe falta em cor sobra-lhe em sombras. E as sombras acendem novos tons. Que se rastilham em detalhes. É neles que me detenho, quando uma pergunta me toca no ombro: como se escolhe um trilho em cima desta Vespa Sei Giorni?