quinta-feira, 26 de maio de 2016

Lagoas, Castelos, Praias e Comboios (III)




Últimas sete chapas de vinte. Ainda se viaja para voltar a ver estas cores, ainda que agora só no ecrã.

Daqui a duas semanas está aí o Lés a Lés...     




















segunda-feira, 16 de maio de 2016

Lagoas, Castelos, Praias e Comboios (II)






Estas são imagens do lastro do passeio a solo do fim de semana. Viajar sozinho comporta vantagens e o tempo para tomar decisões é uma delas. Quando sozinhos, as opções nunca são condicionadas por decisões ou interesses do grupo, da maioria. E a qualidade do tempo reflecte-se.

Para fotografar não há nada como viajar sozinho. É um exercício de liberdade pleno. Por vezes, é a diferença entre parar e ficar meia hora a explorar um local, ou nem sequer parar para ver. Esta máxima também se aplica ao conhecimento e descoberta, em termos mais latos.  

Esse exercício de liberdade também se prolonga quando chegamos a casa e revemos as nossas escolhas. Às vezes para validar uma opção: por que razão fixei este plano ? Outras, para ver o que não vimos quando accionámos o obturador: não tinha sequer reparado nesta textura.

Ao escolher estas imagens e não outras a fotografia também fala de nós. É sempre um reflexo quer do interesse, quer da perspectiva. Olha-se e aprende-se. Questiona-se e descobre-se.

Exercitar este gosto com tempo é um pequeno luxo, que cada vez valorizo mais. A scooter é só um meio para ficar mais perto.













domingo, 15 de maio de 2016

Lagoas, Castelos, Praias e Comboios





Dia santo na loja. Sábado livre. Sem planos. Levantar o estore. Ui, está negro o céu. Fato de chuva. Documentos, chave da Bala... e pega à primeira. Aponto a norte. Deambulei entre Óbidos e S. Pedro de Moel. Lagoas, castelos, praias, charnecas, comboios, gastronomia e agricultura. Muitas vezes aos ésses, procurando deliberadamente evitar as referências conhecidas. Perdi-me três ou quatro vezes com entusiasmo. Um dia inteiro com um pouco mais de duas centenas de quilómetros nas rodas. A chuva que tanto ameaçava acabou por quase nem se mostrar. Os céus escuros afastaram os passeantes, as estradas estavam vazias para um sábado de Maio. 








Também aproveitei para fazer testes de autonomia na Bala para o Lés a Lés. Um costa a costa até parar. Cem quilómetros até à reserva e mais trinta até ficar só com vapores no depósito. Contei menos de dois minutos no reabastecimento. Ao parar e reabastecer na beira da estrada, no meio do nada, com o depósito da SIP de dois litros, passa por mim uma... Heinkel A1 !


Trouxe hoje um novo capacete, que conto levar ao Lés a Lés, e era importante experimentá-lo durante um dia inteiro. Precisava de um capacete com espaço suficiente para usar intercomunicadores no Lés, e esta pareceu-me a melhor solução. É o meu primeiro LS2 e a impressão com que fiquei é de equilíbrio. É completo, confortável, no limite máximo do peso aceitável, quilo e meio. Quanto à segurança estou a confiar nas quatro estrelas Sharp. O acabamento aceita-se, é razoável. Abaixo, por exemplo, dos NEXX XR1. E a anos luz de um Bell. Mas também só faz sentido comparar o que é comparável.





A minha maior crítica ao LS2 até é uma vantagem para a esmagadora maioria dos utilizadores: os óculos de sol incorporados. Devo ser a única alma que preferia não os ter, trocando-os alegremente pela respectiva redução de peso dos óculos e mecanismo em si. Este FF396, em fibra, tem duas características curiosas: as esponjas laterais que apoiam a face insuflam, com uma pequena bomba de ar manual, fácil de operar. Engenhoso e confortável. O segundo aspecto útil é a existência de orifícios específicos para quem usa óculos, como é o meu caso. Em vez de ficarem encostadas à pele, com a correspondente pressão ao fim de horas, as hastes ficam dentro de esponjas, com um acréscimo de conforto que me surpreendeu. Bastante simples de usar e eficaz.








        

domingo, 1 de maio de 2016

Espaço e Uma Golden Special





No contexto dos entusiastas de scooters antigas encontram-se múltiplas abordagens ao fenómeno da relação com a máquina. Desde o coleccionismo eclético até ao temático. Do comprador compulsivo ao scooterista de um amor só. São inúmeros os níveis de gradação. Contrariamente ao que muita gente possa pensar, não é tão incomum assim encontrar quem acumule mais de dez scooters. Ou até quem coleccione número idêntico, mas em caixotes, e na verdade não tenha nenhuma em condições de circulação. 

Ao contrário do que acontece com a generalidade dos coleccionadores de veículos motorizados com mais de uma dezena de clássicos, com as scooters não é obrigatório ter contas bancárias no Panamá em nome de empresas com nomes estranhos. Claro que ajudará, mas no mundo das scooters podemos ter, sem vender um rim, vários veículos que para além de especiais aos nossos olhos, são também relativamente raros.

O espaço diminuto que ocupam é uma vantagem mas também um perigo. É que não causa espanto ver-se um scooterista mais impulsivo ir comprando sem vender. Porém, e em geral, a acumulação e consequente redução do espaço demora bastante mais se compararmos com as consequências de vírus idêntico nas quatro rodas. 

Tudo isto significa que, pese embora seja sempre necessário algum capital e condições logísticas mínimas, a scooter é talvez o mais acessível dos brinquedos motorizados antigos a que se pode chegar, com verdadeiro risco de sobredosagem.  

Não obstante, a minha história com as clássicas antigas é - julgo que felizmente - relativamente distante. Pelo menos ao ponto de nunca ter estado suficientemente perto de perder a cabeça por uma. Ainda estão vivos os meus traumas de infância motivados pela fraca fiabilidade de motores a dois tempos nos karts. E o cheiro a dois tempos na roupa nunca foi perfume que me agradasse. Tudo razões que têm sido uma preciosa barreira à aquisição de antigas.  

Depois, nas Vespa por exemplo, nunca me imaginei a comprar uma antiga, com excepção da Rally 200. Nas Lambretta já não é bem assim, já que qualquer boa DL ou SX me deixa em modo de alerta. Mas seguro. Pelo menos até agora.

Porém, há uns meses vi com alguma atenção a incrível Li Golden Special que acompanha este post. Embora não seja raro encontrar uma Lambretta rápida e reluzente, o nível de acabamento e detalhe empregues na Li Golden Special do Rui Carvalho está num outro patamar. Difícil de resistir.

Se racionalizar por dois minutos, concluo que provavelmente iria arranjar uma companhia para a Bianca. O que, convenhamos, não só não fará grande sentido, como criaria uma dispensável crise de autoestima na rainha.

Tudo isto é verdade. Porém, já passou quase um ano sobre as duas fotografias que fiz desta Golden em particular. E continuo, com alguma frequência, a ocupar espaço a comprá-la na minha cabeça.

Começo a sentir-me inseguro.