quarta-feira, 19 de março de 2014

Magia na Serra




É o primeiro passeio longo do ano. Sempre precedido dos rigores do  inverno serve, talvez como nenhum outro, de barómetro para medir a dependência de um scooterista que não seja alérgico ao frio. Se falhar a ida à Serra da Estrela por vontade própria e não limitada, provavelmente estará em condições de ponderar a saída limpa da órbita das rodas pequenas. Talvez esteja curado do vício. Ou não tenha sido atingido por ele. 









A Serra da Estrela, soberano e altivo complexo montanhoso, é conhecida por ditar regras e não admitir negociações. Agendar, com meses de antecedência, um fim de semana para o final do Inverno é aceitar o que a natureza nos quiser dar. E apesar das facilidades de previsão e da meteorologia nos aparelhos móveis, a primeira mensagem válida só é enviada da Serra para o scooterista através das primeiras visualizações do cume. Por entre vales, montanhas e curvas vai-se revelando, por períodos gradualmente maiores e menos tímidos, uma imagem cada vez mais nítida das condições no topo. É aí, e à medida que começamos a subir, que a scooter se vai tornando mais pequena e menos forte. 













Este passeio é tradicional no Vespa Clube de Lisboa desde a década de 1960. Pela minha parte, e com menos de meia dúzida de participações seguidas, já subi com todos os sinais no boletim meteorológico. Com tempestade quase ciclónica, com neve, com chuva, com vento cortante, e até com sol ameno. Desta vez, a Serra deu-nos céu azul, muita neve na Torre, temperatura óptima para rolar de scooter, estradas limpas e secas e nem uma brisa. Impossível pedir mais. 










Para o Vespa Clube de Lisboa este é o evento anual mais descontraído e que tem menos logística associada. O que não significa que não haja trabalho de coordenação e organização. A sexta-feira e o domingo são dias dedicados às viagens, e o sábado representa a oportunidade de encontro e partilha mais estreita entre todo o grupo. O que inclui, pelo menos no meu caso, testar scooters de amigos e ceder a nossa para troca de experiências.

















Depois da habitual subida à Torre, e da descida por Manteigas, a equipa liderada pelo João Máximo sugeriu um almoço sereno, num espaço exclusivo com condições perfeitas na Quinta de Santa Iria, uma unidade de turismo rural em Teixoso, a poucos quilómetros da Covilhã. O sol convidava a ficar, mas mais forte era a vontade de calçar as luvas e colocar o capacete. As estradas até à aldeia histórica da Sortelha revelaram toda a beleza natural - quase bíblica - da região, e o regresso, com luz baixa, permitiu fotografias recompensadoras em andamento. Já à noite, a lua cheia e o céu limpo abriram espaço a um prazer quase infantil na Helix: descer os dez quilómetros da Pousada nas Penhas da Saúde até à Covilhã com o motor desligado. Pura magia na Serra.



 
 

terça-feira, 11 de março de 2014

Azul Daihatsu (II)




No momento em que escrevo, a Helix já não veste Azul Daihatsu.
 
Desconfio que as peripécias por que o Miguel tem passado têm sido muitas, e a Helix entretanto transformou-se num assunto em família. Porém, a minha intervenção limita-se a um acompanhamento à distância, vou recebendo uns relatórios lacónicos por SMS, e pouco sei do trabalho que se vai desenvolvendo para lá da porta da garagem do Miguel.

A minha empreitada cingiu-se a seleccionar um estofador para o banco. A reduzida disponibilidade para o detalhe determinou resultados em conformidade, ou seja, longe de entusiasmar.
 
Mas voltando à cor: o que sei é que já esteve pintada uma primeira vez, trabalho que o Miguel entendeu desfazer. Depois foi pintada uma segunda vez da mesma cor mas, por lapso, foi descurada uma etapa fundamental no processo de pintura.
 
Entretanto fui consultado para saber se mantinha a opção do Azul Daihatsu. A razão era simples: a tinta chegava para duas Helix. Mas não para três. Sendo uma escolha minha, e embora não tenha ainda visto o resultado à luz do dia, decidi manter. Sucede que a cor que chegou à garagem não é a mesma. Hummm. Estou curioso para ver de que cor é a scooter em que vou à Serra este ano.
  
 

sábado, 1 de março de 2014

Azul Daihatsu





A Helix está em obras. Comprei-a no final de 2008 e chegou agora a altura de lhe renovar o tom de pele, tratar-lhe de uns arranhões.

Tudo começou com um anúncio num site de classificados português sobre um kit de plásticos inferiores novos, vindos dos EUA. O negócio era acessível e acabei por comprar, pois tinha vários plásticos riscados e estalados e um painel em falta. Nada disto é anormal ou proeza difícil de conseguir numa Helix, porque a scooter tem centenas de plásticos e apoios.

Como em todas as empreitadas deste tipo, o problema começou a crescer a seguir, com o síndroma do "já agora...": uma pintura nova e um tom de cor diferente, um banco e encosto estofados, plásticos tratados, um poisa pés que entretanto desaparecera, talvez um quadrante novo. 

Não é um restauro. É uma renovação não profissional de alguns componentes que precisavam de atenção, numa máquina que em 2014 dobra as duas décadas de estrada. Está nas mãos amigas do Miguel e talvez esteja pronta para ir à Serra da Estrela. Vamos ver como fica o azul Daihatsu à luz do dia. 


domingo, 16 de fevereiro de 2014

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Mito do Barracão






Os percursos e aspirações dos viciados em clássicos podem ser muito diferentes. Dependem de bolsas, do gosto pessoal, de disponibilidades. Porém, alguns traços são comuns a qualquer entusiasta: é raro o caso  em que não se encontram ocorrências relacionadas com descobertas - imaginárias ou reais - de lugares semi-abandonados, que guardam máquinas com memória, que sobrevivem na penumbra em estado mais ou menos comatoso.  Máquinas que viram o coração e o tempo a parar. Um lugar assim pode ser um barracão, um armazém, um celeiro, um palheiro. E pode até alimentar mitos à escala global.


Para um Vespista, por exemplo, encontrar uma GS, uma SS, num celeiro no meio de nenhures, é sempre uma possibilidade que jamais se afasta para muito longe do seu espírito.  Representar à escala uma visão dessa descoberta, com o impressionante nível de detalhe e realismo que vemos na imagem acima, é apenas mais um sinal de quão grave pode ser esse saudável vício


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Doca 21 - BD

 
 



Com a revista Visão da passada semana foi distribuída gratuitamente uma edição de uma banda desenhada intitulada O Caso Doca 21. Trata-se de uma história que decorre em Lisboa, inspirada na cidade e por gente da cidade, sendo que as personagens principais se socorrem de uma scooter clássica para deslindarem o mistério policial que têm entre mãos.   

A BD é da autoria de Ricardo Cabral - que autorizou a divulgação das imagens no blog - , e tem a particularidade de ter sido realizada sem papel, lápis ou canetas (!), mas apenas com recurso a um desses aparelhos espertos a que impropriamente ainda costumo chamar telefone. Como leigo na matéria confesso que fiquei incrédulo ao ver o modo como se produziu o trabalho. Por incrível que seja a ferramenta, (ainda) é preciso talento e imaginação para responder  aos desafios da tecnologia.  


 
 
 
Imagens: Ricardo Cabral com recurso a um Samsung Galaxy Note 3
 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Super Passeio





Postais da Bianca pelo Oeste quando parava para descansar neste primeiro dia de Fevereiro. Brincámos ao gato e ao rato com as nuvens negras, mas só íamos a jogo com aquelas que ocupavam metade do céu. O árbitro era o vento. Ganhámos aí por oito dois.