É o primeiro passeio longo do ano. Sempre precedido dos rigores do inverno serve, talvez como nenhum outro, de barómetro para medir a dependência de um scooterista que não seja alérgico ao frio. Se falhar a ida à Serra da Estrela por vontade própria e não limitada, provavelmente estará em condições de ponderar a saída limpa da órbita das rodas pequenas. Talvez esteja curado do vício. Ou não tenha sido atingido por ele.
A Serra da Estrela, soberano e altivo complexo montanhoso, é conhecida por ditar regras e não admitir negociações. Agendar, com meses de antecedência, um fim de semana para o final do Inverno é aceitar o que a natureza nos quiser dar. E apesar das facilidades de previsão e da meteorologia nos aparelhos móveis, a primeira mensagem válida só é enviada da Serra para o scooterista através das primeiras visualizações do cume. Por entre vales, montanhas e curvas vai-se revelando, por períodos gradualmente maiores e menos tímidos, uma imagem cada vez mais nítida das condições no topo. É aí, e à medida que começamos a subir, que a scooter se vai tornando mais pequena e menos forte.
Este passeio é tradicional no Vespa Clube de Lisboa desde a década de 1960. Pela minha parte, e com menos de meia dúzida de participações seguidas, já subi com todos os sinais no boletim meteorológico. Com tempestade quase ciclónica, com neve, com chuva, com vento cortante, e até com sol ameno. Desta vez, a Serra deu-nos céu azul, muita neve na Torre, temperatura óptima para rolar de scooter, estradas limpas e secas e nem uma brisa. Impossível pedir mais.
Para o Vespa Clube de Lisboa este é o evento anual mais descontraído e que tem menos logística associada. O que não significa que não haja trabalho de coordenação e organização. A sexta-feira e o domingo são dias dedicados às viagens, e o sábado representa a oportunidade de encontro e partilha mais estreita entre todo o grupo. O que inclui, pelo menos no meu caso, testar scooters de amigos e ceder a nossa para troca de experiências.
Depois da habitual subida à Torre, e da descida por Manteigas, a equipa liderada pelo João Máximo sugeriu um almoço sereno, num espaço exclusivo com condições perfeitas na Quinta de Santa Iria, uma unidade de turismo rural em Teixoso, a poucos quilómetros da Covilhã. O sol convidava a ficar, mas mais forte era a vontade de calçar as luvas e colocar o capacete. As estradas até à aldeia histórica da Sortelha revelaram toda a beleza natural - quase bíblica - da região, e o regresso, com luz baixa, permitiu fotografias recompensadoras em andamento. Já à noite, a lua cheia e o céu limpo abriram espaço a um prazer quase infantil na Helix: descer os dez quilómetros da Pousada nas Penhas da Saúde até à Covilhã com o motor desligado. Pura magia na Serra.
Depois da habitual subida à Torre, e da descida por Manteigas, a equipa liderada pelo João Máximo sugeriu um almoço sereno, num espaço exclusivo com condições perfeitas na Quinta de Santa Iria, uma unidade de turismo rural em Teixoso, a poucos quilómetros da Covilhã. O sol convidava a ficar, mas mais forte era a vontade de calçar as luvas e colocar o capacete. As estradas até à aldeia histórica da Sortelha revelaram toda a beleza natural - quase bíblica - da região, e o regresso, com luz baixa, permitiu fotografias recompensadoras em andamento. Já à noite, a lua cheia e o céu limpo abriram espaço a um prazer quase infantil na Helix: descer os dez quilómetros da Pousada nas Penhas da Saúde até à Covilhã com o motor desligado. Pura magia na Serra.