sábado, 13 de novembro de 2010

Ecos de Milão (II) - Vespa



A Vespa apresentou um stand sóbrio, em tons de branco, mas com um certo ar de sofisticação, com toda a gama GTS(V), Super, S e LX(V) com pequenas novidades de pormenor, espalhadas pela zona nuclear, e a mais aguardada PX mais recuada, com uma quase bizarra inscrição de world premiere em legenda no palanque rotativo.







Sobre esta PX já tudo se disse – ao longo dos últimos trinta e três anos – pelo que optei por destacar pequenos pormenores, garantindo que o azul presente na apresentação tem, ao vivo, um efeito soberbo.







À esquerda da PX exibia-se uma instalação simples mas bela de dois chassis monobloco despidos, pendurados na vertical, nos dois lados de uma mesma parede, pondo a nu as soldaduras de uma identidade.

Não por acaso escolheram-se dois quadros de GTS Super, como que reforçando que a tradição se faz também de transição.






quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ecos de Milão - Salão de Milão EICMA 2010


A viagem a Milão superou todas as expectativas. Não é por acaso que é por muitos considerado como o mais importante salão de duas rodas do mundo, talvez só seguido de perto por Tokyo. Encontrei um ambiente que não julgava possível num salão de motos, público entusiasta e um empenho das marcas claramente invulgar, que nada tem a ver com qualquer outro certame que tivesse visto até aqui.

Um dia inteiro de feira, de manhã à noite, não permitiu ver todos os expositores, sendo que o espaço físico do recinto facilmente ultrapassará seis ou sete recintos da conhecida FIL em Lisboa. Uma experiência que, quem gosta de motos e scooters, devia fazer uma vez na vida. E o problema é mesmo esse. A partir daqui vai ser difícil encontrar motivação para ver qualquer salão de motos em Portugal. 

À medida que o escasso tempo for permitindo irei tentar importar para este espaço algum rasto do melhor que a EICMA mostrou, apenas no que ao planeta scooter diz respeito.

Uma nota final para dizer que a viagem não teria metade dos episódios divertidos e rocambolescos que teve sem o espírito incansável do meu amigo Rui Tavares. Só faltou mesmo andarmos de scooter... Grazie, Rui!


(imagem Honda New Mid Concept Scooter: Rui Tavares)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E o Ícone Renasceu - Vespa PX MY 2011




A Piaggio acaba de apresentar a Vespa PX MY 2011 na abertura do Salão de Milão (EICMA) 2010, onde o Offramp irá estar dentro de dias.

O rastilho das reacções está aceso pelo mundo da internet, com entusiastas de todo o mundo incrédulos ao descobrirem que, afinal, a nova PX é igual à que já têm na garagem.

De facto, as alterações são de detalhe face às últimas PX produzidas em 2007, destacando-se um banco diferente e de desenho discutível, e um nariz a recordar antigas séries da P. O que equivale não só à negação dos vários caminhos de inovação que se foram sugerindo, mas também a um curioso anti-clímax, pois a novidade aqui aparece-nos sob a forma de algo que já conhecemos há trinta e três anos.

Assim, e depois de meses de especulação, a aposta foi ganha pelos ortodoxos, que queriam uma PX igual ao que sempre foi. O que representa um motor a dois tempos, quatro mudanças manuais de punho, e um bom e velho design dos anos setenta.

Devolver ao mercado a sigla PX acarretaria sempre um ónus difícil de suportar para a Piaggio. É certo que já tinham feito uma operação de contornos similares - e com sucesso - com uma marca, a própria Vespa, mas fazê-lo com um modelo é mais ingrato e difícil.

Acresce que também me parece deselegante comercializar a mesma PX, defraudando os clientes que acreditaram que a última série, em 2007, seria mesmo a derradeira.

Independentemente de a PX merecer sempre um lugar destacado na história da indústria, julgo que é uma opção de alto risco por parte da Piaggio.

Ao contrário de outros tempos, a PX tem hoje à sua espera um mercado de nicho. Mesmo esse é fortemente concorrencial, pois as indianas LML, quer a dois, quer a quatro tempos, vão continuar a cativar o mercado dos scooteristas oldschool, renovando a oferta com novidades certeiras e importantes como a 200i ou a RS, e bem alicerçados num preço que, seguramente, será mais apelativo do que o cheque pedido em troca da nova PX.

E este é um dos dilemas que a Piaggio agora criou com o renascimento da PX. Uma scooter que todos admiram, mas que poucos irão comprar.

(Imagem oficial Piaggio)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Salsbury, um Sonho Americano

 
 
A Mechanix Illustrated é uma antiga revista norte americana deliciosa, dedicada a fervilhantes invenções e a outras curiosidades hi-tec. No seu número de Dezembro de 1947 publicava duas páginas dando nota de uma scooter com um desenho simultaneamente simples e avançado: a Salsbury.

Longa e aerodinâmica, automática, com dois pedais, muito polida nos detalhes, a Salsbury anunciava-se confortável e luxuosa, protegendo verdadeiramente o condutor das intempéries enquanto este fazia uso dos seis cavalos do motor, capazes de o transportar até às trinta e cinco milhas por hora.

Toda a linha da scooter me parece de inspiração aeronáutica, e faz-me especular sobre se este desenho não foi atentamente seguido pelos engenheiros alemães que criariam a impressionante e bem menos elegante Maico Mobil, que só seria lançada já na década de 50.

Antes disso, na segunda metade dos anos 40, e findo o esforço de guerra, era muito frequente a reconversão das linhas de produção de material bélico. Neste caso, a Northrop Aircraft Inc., habituada a produzir bombardeiros, apresentou, através da Salsbury Motor Inc., uma proposta de uma scooter de luxe, adaptada aos tempos de paz e prosperidade.



É muito curioso o texto da revista, a meio caminho entre o jornalístico e o publicitário, apontando o alvo comercial da Salsbury: a família americana média que tinha um automóvel, mas ambicionava ter dois. Esta ambição, por um lado criava problemas de estacionamento nas principais cidades e, por outro, trazia consequências nefastas para os orçamentos de muitas famílias que, afinal, teriam dificuldades em suportar os custos de um segundo automóvel.

Assim, a solução de mobilidade e consumo para estas famílias seria uma scooter que pudesse funcionar como a simbiose entre um automóvel pequeno e uma moto. Uma receita que, mais de sessenta anos depois, continua a soar familiar.

domingo, 24 de outubro de 2010

Scooters nas Corridas


O meu interesse por scooters é tardio. Muito antes de lhes descobrir os encantos já tinha despertado para os clássicos de competição. Talvez pelo início da década de noventa.

Sempre que posso, não me canso de fazer bons quilómetros para os ver em acção. Ou até em repouso, mas desde que prontos a atacar a pista. Prefiro vê-los em ambiente selvagem, fora do cativeiro que muitas vezes representam os museus.

No último fim-de-semana estive no Algarve Historic Festival, um evento FIA dedicado a pilotos amadores que gostam de largar os cavalos na pista à antiga, usualmente conhecidos como gentleman drivers.

Nunca tinha dado especial atenção às scooters que acompanham a caravana. Este ano, no meio de largas dezenas de fotografias no paddock e na pista, constatei, com alguma surpresa, que as pit scooters que estes coleccionadores trazem não são scooters clássicas, de caixa manual, como as Vespa ou Lambretta. Mas sim automáticas, em regra do extremo oriente. Muitas delas com marcas de uso bem para além da patine.

Destaca-se, contudo, um modelo com uma expressão em números que ultrapassa todas as outras em conjunto: a Honda Zoomer. Não consegui entender o motivo desta preferência. Mas gosto do contraste de vê-la dividir a box com o músculo e graciosidade de um Ford GT 40.










sábado, 9 de outubro de 2010

Quadro 4D



A Marabese Design acaba de criar um novo conceito de scooter, a Quadro 4D, de quatro rodas. A scooter será comercializada sob o nome Quadro, construtor aparentemente independente, mas na esfera da Marabese.

O princípio de funcionamento da 4D, hoje em dia, parece simples. Aplicar a receita do eixo dianteiro da Piaggio MP3 à traseira da scooter, com um sistema integralmente hidráulico, acrescentando-lhe uma roda.

Numa abordagem mais imediata até parece que se estão a apropriar da ideia que atribuíamos à Piaggio, mas a história não será bem assim.

A Marabese é uma empresa italiana familiar, da região de Milão, com um lote de clientes de elite, e um não menos impressionante portfolio de trabalhos, com especial destaque para o design na área da mobilidade, e grande foco nas motos e scooters.




O que os distingue de muitos outros estúdios de design bem conhecidos é que boa parte dos seus projectos podem ser vistos a circular nas estradas. Por vezes, até na nossa própria garagem, sem que o saibamos: não imaginava que lhe pertencia, por exemplo, o design original da minha antiga Vespa Granturismo de 2003 e, consequentemente, da minha actual Vespa 300 Super. Ou da Triumph Tiger, da Piaggio Hexagon, Gilera CX, ou... Piaggio MP3.

Confesso que sou grande apreciador das virtudes da MP3, e não faço grande esforço por lhe desvalorizar os seus conhecidos defeitos. Experimentei-a apenas uma vez, logo que ficou disponível, em 2006. Desde essa altura que sempre pensei, em voz baixa que, mais cedo ou mais tarde, hei-de ter uma..

Pelas imagens dinâmicas que vão sendo disponibilizadas a conta gotas, a Quadro 4D (também existe uma 3D, de três rodas) parece ser ainda mais divertida e desconcertante do que a MP3. Fala-se num motor de meio litro, com quarenta cavalos, e um peso abaixo dos duzentos quilos. O volume e o peso são, em regra, os grandes inimigos destes conceitos. Apesar de estar prevista a comercialização apenas em Janeiro de 2012, é uma das atracções que espero ver em detalhe em Novembro, em Milão.

imagens oficiais Quadro

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Controlo da Aeronave


imagem original: Bob