A Mechanix Illustrated é uma antiga revista norte americana deliciosa, dedicada a fervilhantes invenções e a outras curiosidades hi-tec. No seu número de Dezembro de 1947 publicava duas páginas dando nota de uma scooter com um desenho simultaneamente simples e avançado: a Salsbury.
Longa e aerodinâmica, automática, com dois pedais, muito polida nos detalhes, a Salsbury anunciava-se confortável e luxuosa, protegendo verdadeiramente o condutor das intempéries enquanto este fazia uso dos seis cavalos do motor, capazes de o transportar até às trinta e cinco milhas por hora.
Toda a linha da scooter me parece de inspiração aeronáutica, e faz-me especular sobre se este desenho não foi atentamente seguido pelos engenheiros alemães que criariam a impressionante e bem menos elegante Maico Mobil, que só seria lançada já na década de 50.
Antes disso, na segunda metade dos anos 40, e findo o esforço de guerra, era muito frequente a reconversão das linhas de produção de material bélico. Neste caso, a Northrop Aircraft Inc., habituada a produzir bombardeiros, apresentou, através da Salsbury Motor Inc., uma proposta de uma scooter de luxe, adaptada aos tempos de paz e prosperidade.
É muito curioso o texto da revista, a meio caminho entre o jornalístico e o publicitário, apontando o alvo comercial da Salsbury: a família americana média que tinha um automóvel, mas ambicionava ter dois. Esta ambição, por um lado criava problemas de estacionamento nas principais cidades e, por outro, trazia consequências nefastas para os orçamentos de muitas famílias que, afinal, teriam dificuldades em suportar os custos de um segundo automóvel.
Assim, a solução de mobilidade e consumo para estas famílias seria uma scooter que pudesse funcionar como a simbiose entre um automóvel pequeno e uma moto. Uma receita que, mais de sessenta anos depois, continua a soar familiar.
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