Os inconvenientes de não ter garagem para uma moto ou scooter são vários.
Habitualmente a preocupação número um é a da segurança. Garantir que a moto ou scooter está no mesmo sítio onde a deixámos.
Qualquer motociclista tem pavor que a sua moto ou scooter desapareça sem deixar rasto.
Em seguida vem o desgaste. Uns meses com a Bala - a LML preta - em Lisboa, à chuva e ao sol, trouxeram-lhe um desgaste em especial ao nível da oxidação de alguns componentes que acelera uma deterioração já de si rápida da construção indiana. E muitas italianas não são muito melhores.
A terceira preocupação são os toques frequentes de outros utilizadores mais descuidados. Costumo chamar a este o separador riscos & amolgadelas. Muito frequente quando estaciono na baixa da cidade, onde o espaço é mínimo e as motos se encostam umas às outras como se tivessem necessidade de se aquecerem.
A ideia de comprar a Piaggio X8, no verão de 2017, visou precisamente trazer alguma paz ao meu espírito. Era a primeira vez em quase 30 anos que iria ter uma moto ou scooter na rua, descontando os poucos meses em que a Bala se prestou a esse serviço.
Comprar uma scooter desvalorizada, não muito vista e pouco apetecível no mercado - também do mercado de peças e roubos associados - , mas ainda assim competente, permitia-me estar suficientemente tranquilo. Pelo menos o risco financeiro não era muito significativo, face a uma scooter nova.
Claro que pretendia também ter uma scooter mais polivalente para as minhas (curtas) deslocações diárias, em especial em termos de espaço de carga, conforto e, porque não, alguma segurança adicional face à LML.
Por isso, a escolha da X8 foi a mais racional de todas as minhas motos ou scooters. Julgo que nunca antes tinha comprado uma scooter expressamente focada nas minhas reais necessidades. Provavelmente porque era a primeira vez que estava a comprar uma scooter de pura utilização diária.
Com o que eu não contava era com a quarta preocupação: o vento.
É a terceira vez em três anos que a X8 cai do descanso central. É verdade que o descanso já foi soldado e não está tão estável quanto era desejável. Mas a X8 ainda é uma scooter pesada e não será fácil fazê-la cair do seu pedestal sem a ocorrência de rajadas bastante fortes.
Não descarto a possibilidade de duas das três quedas terem ocorrido devido a alguma maldade, mas não é essa a maior probabilidade. Quanto a esta terceira vez, não tenho dúvidas que foi provocada pelo vento forte nocturno, até porque mais duas motos na mesma artéria sofreram do mesmo mal, todas caíram para o mesmo lado, e havia sinais de vários objectos espalhados por via do temporal.
Das três ocasiões em que a X8 caiu, fê-lo sempre para o lado esquerdo.
As consequências foram alguns riscos na carenagem, cicatrizes que ficaram logo da primeira vez, e que não noto que tenham aumentado significativamente por força das quedas posteriores. Felizmente nenhum espelho ou carenagem partidos. Nem óptica ou farolim. Partiu-se uma manete esquerda na segunda queda, que viria a ser substituída por outra original, mas desta vez negra (!) em vez de cinzenta. Era o que havia disponível.
Desgraçadamente o ecrã era a única peça verdadeiramente imaculada que a X8 tinha quando a adquiri. Rachou logo nessa primeira queda, em 2018, e foi substituído por outro Givi alto igual, antes da nossa viagem que reproduziu o Lés a Lés de 2017.
Voltou a partir agora. Desta vez rachou menos e aparentemente está mais estável. Na Oldscooter o incansável Manel rebitou o lado esquerdo, aproveitando o facto de o ecrã estar bem preso e estável do lado direito. Evita-se assim qualquer perigoso desprendimento em andamento.
Veremos se consigo evitar novo investimento em mais um ecrã, que custa um pouco acima de cem euros. Não me faz confusão vê-lo rebitado e por enquanto não me estorva a visão, nem me parece instável, mesmo a velocidades de autoestrada, que já experimentei.
Raios partam. O vento.
Sem comentários:
Enviar um comentário