Uma nota veiculada há dias, por uma agência noticiosa financeira italiana, dava conta da participação da consultora McKinsey no estudo e preparação de uma eventual fusão do gigante Piaggio com a icónica Ducati.
Se descontarmos o imediato desmentido da Piaggio, o mal disfarçado interesse da fuga de informação e a especulação que se lhe seguiu, ainda sobram migalhas para o exercício teórico, que parece tentador.
Segundo a notícia, o Grupo Piaggio - que inclui marcas como a Vespa, Moto Guzzi, Gilera, Aprilia, Derbi, e a própria Piaggio - estaria a ponderar alargar o seu raio de acção a caminho de uma presença em todos as franjas de mercado em duas rodas.
Actualmente a Aprilia tem uma tímida presença no segmento das desportivas de topo, mercado em que a Ducati tem forte implantação.
O potencial de canibalização entre marcas do mesmo grupo seria quase nulo, pois todas elas têm ADN diferente e poucas zonas de sobreposição.
Por outro lado, a Ducati tem associada à sua imagem conceitos como o de exclusividade, design de vanguarda e tecnologia de ponta. Por várias vezes e em diversos domínios já provou conseguir bater os japoneses com armas desiguais. Na competição (por vezes com cilindros a menos), na concepção do produto, na abordagem técnica europeia e também no capítulo comercial, com uma carga emocional muito vincada. Já repararam que é rara uma Ducati não vermelha?
É interessante que se fale agora numa fusão, pois não tem sido esse o caminho para concretizar o crescimento da Piaggio. Na verdade, o Grupo tem engordado recentemente com novas marcas sob a sua órbita, mas com graus de autonomia incompatíveis com um projecto de fusão.
Talvez assim nascesse um verdadeiro player europeu, com uma gama de costa a costa, com dimensão e balanço para bater especialmente Honda e Yamaha, os dois tigres asiáticos que vão a todas.
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