domingo, 6 de setembro de 2009

Perdido e Achado




Uma das mais divertidas vantagens de viver onde vivo actualmente é a possibilidade de, com alguma frequência e sem grande dispêndio de tempo, poder optar por uma estrada que me é desconhecida. Não raramente essa estrada não sinalizada, ou com placas com o nome de pequenos lugares de que nunca ouvi falar, desemboca noutra, em pior condição de asfalto, que por sua vez dá acesso a uma estrada florestal. Em menos de quinze minutos, e num raio de vinte ou trinta quilómetros, no sentido de qualquer um dos pontos cardeais, estou a rolar em terreno verdadeiramente desconhecido e não sinalizado. Frequentemente em locais em que o horizonte é quase exclusivamente rural numa perspectiva de 360 graus.


Em pequena escala, é certo, mas é uma sensação de alguma adrenalina, pelo menos até encontrar alguma referência que me seja familiar. Não deixam de ser momentos saborosos, de descoberta, de revelação do desconhecido. Por vezes a rasgar lugares de meia dúzia de casas, noutras esventrando um quintal que - venho a saber - é de Dª Ermelinda, atravessado em servidão pela própria estrada pública. Simples curiosidades. Pequenos prazeres. Como parar debaixo de uma enorme figueira para me proteger do calor e colher um figo maduro. Ou mergulhar sem aviso num largo de coreto azul e observar quatro velhotes a jogar à sueca. O estranho aqui é que estou perto de casa. E ao mesmo tempo... perdido.

1 comentário:

Rui Tavares disse...

Esses são pequenos privilégios do nosso Portugal. Aproveita-os.