Conduzir sem destino é um dos meus luxos preferidos. Se o fizer de scooter, melhor ainda. Há uma diferença fundamental entre guiar uma scooter e um automóvel: o filtro. Todas as sensações na scooter são directas, não decantadas. Deixa-nos os sentidos alerta, despertos para viver a experiência com uma intensidade muito diferente da que nos é proporcionada por um automóvel fechado. Os elementos exteriores, os cheiros, a deslocação do ar, o vento, a chuva, o movimento, a amplificação da velocidade real reduzida.
É uma disponibilidade totalmente diferente. Acredito que esse contacto directo nos conduz à sensação de maior permeabilidade às influências e experiências externas – paisagens, pessoas, lugares - , ao mesmo tempo que nos obriga a um esforço adicional de vigilância e protecção, face às fragilidades típicas do transporte individual em duas rodas a baixa velocidade.
Deve ser por isso que andar de scooter funciona como um anti-depressivo de base natural, quase gratuito, e sem outras contra-indicações. Com excepção da dependência.
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