quarta-feira, 22 de abril de 2015

Benefícios de Uma Insónia





Sexta para sábado. Deito-me cedo porque estou exausto de uma semana de loucos. E com uma rara insónia que me impediu de prosseguir no sono para além das cinco e meia da manhã. Às voltas na cama, aguentei até às seis e vinte. "Vou ver o dia a nascer". 


Capacete aberto, luvas. Kick. Saio da garagem e o céu está naquela transição do escuro profundo para um progressivo azul clareado. Naquela  luz que se mede diferente a cada minuto que passa. Paro cá fora, disfarço que ajeito o capacete e as luvas, como se alguém estivesse a observar-me. Na verdade, estou a olhar o céu a mudar. O sol não se vê e o frio ainda é o da noite. Deixo-me estar sentado em cima do banco creme, motor a trabalhar, sincopado. E, apesar dele, muitos pássaros alegres dominam as árvores em redor, indiferentes ao tímido pam-pam-pam. Agradeço à insónia a oportunidade, pressiono a embraiagem e rodo o punho para engatar a primeira. 


Escolho o rumo ao acaso, mas sei que a Nikon vai sair do saco para completar o passeio. Não vou muito longe. Alguns dos cenários de Bianca, ver passar o primeiro comboio à luz do dia. Vão ser duas horas a fotografar e a voltar a ver coisas simples. Descendo ao vale ainda escuro e subindo à montanha já clara. Já respiro melhor assim. 













sábado, 4 de abril de 2015

Uma Heinkel e Um Desafio





Uma Heinkel não se vê todos os dias. Uma Heinkel ressuscitada para a vida pelas mãos do seu proprietário, cuja profissão nada tem a ver com mecânica, é ainda mais raro. 

O Paulo, o metódico homem do capacete laranja que aparece amiúde neste blog, gosta de desafios e este é só mais um. 

Há umas semanas celebrámos com um cappuccino no Príncipe Real os primeiros quilómetros da segunda encarnação da sua Heinkel Tourist A2. Refeita mecanicamente e quase em exclusivo pelas mãos dele, com a ajuda de livros, dicas de amigos e especialistas, conhecimento, versatilidade e muita paciência. 

Depois do desafio do restauro mecânico, vai seguir-se o de tentar apresentar-se e concluir o Lés a Lés deste ano com a Heinkel, em substituição da sua conhecida Vespa P177. Falta-lhe ainda terminar a rodagem, sobreviver a uma embraiagem pesada como um elefante, e realizar um número suficiente de quilómetros para ganhar confiança na fiabilidade da máquina para enfrentar a empreitada.

Depois de superado este extenso caderno de exigências, veremos se ele estará disponível para aceitar um último desafio: escrever sobre a experiência neste mesmo espaço.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Na Terra de LML (IV)






Três semanas sem rodar a chave de contacto numa scooter. Sem subir a rampa da garagem. Já começo a perder a memória próxima das sensações associadas. O que habitualmente faz soar um sinal de alarme: quebra dos níveis de equilíbrio. Na scooter e fora dela.  

A cuba do carburador já deve estar bem seca e a bateria pode não ter força para fazer rodar o motor de arranque. Ainda bem que tenho kick. 

Amanhã vai ser dia de dar uma volta e dizer bem-vinda Primavera, antes de mergulhar outra vez uns tempos para debaixo de água.
















domingo, 29 de março de 2015

Graffiti Lisboeta (IV)






Jogo de sombras. Atrás delas carregam-se expressões. Talvez angústia, medo, revolta, serenidade. Ou loucura. O negro das sombras é o filtro. A luz frontal ficou reservada para iluminar o que não é complexo na imagem: o escudo da LML.



sábado, 21 de março de 2015

Como Uma Luva





Estreia do Bell Le Mans num dos últimos dias de inverno seco. Uma espécie de luva feita à medida. O modo como se molda à forma da cabeça é um passo em frente em relação aos meus capacetes anteriores. O peso também é contido e o acabamento luxuoso. Mas não é perfeito. Do lado negativo diria que o ruído do vento é elevado, mais até do que já estava à espera. Ear plugs obrigatórios. 
   




Outra estreia foi a das minhas primeiras luvas de inverno em Gore Tex. Na Serra tive mais uma demonstração das fraquezas das membranas de impermeabilização que as várias marcas tradicionais têm em catálogo, sob os mais diversos nomes, que não Gore Tex. Há muito afastado pelos preços sempre acima dos três dígitos, decidi procurar novamente e mostraram-me estas IXS Sonar Gore Tex a um preço terreno (setenta euros). Decidi experimentar. Suficientemente finas e confortáveis. Agora é preciso que chova. 




segunda-feira, 16 de março de 2015

Graffiti Lisboeta (III)




Diálogo improvável. Apenas tornado possível pela fotografia. 


sábado, 14 de março de 2015

Pela Serra com o Vespa Clube de Lisboa (III)





Publico aqui as últimas fotos do álbum da Serra deste ano, a partir do quilómetro zero da descida até Unhais, de motor desligado. 

Só com a força da gravidade e na companhia dos ruídos do vento e do atrito dos pneus na serpente de curvas.

Um ruído diferente daquele que usualmente habita o espaço entre os meus dois ouvidos.