domingo, 18 de agosto de 2013

Vespalogy e a Fibra de Carbono




A Vespa aproveitou a boleia da 946 para refrescar o seu site internacional. O sítio está graficamente bem esgalhado, embora demasiado cheio de referências a ícones de moda, com pouca história e ainda menos técnica. Nunca fui ao site da Louis Vuitton, mas não deve ser muito diferente. Seja como for, assinala-se que o site vai sendo alimentado com alguma frequência com material novo e, por vezes, com interesse como é o caso do bom vídeo Vespalogy.


A matriz desta página rejuvenescida está, assim, em linha com os valores e estilo que a Piaggio parece querer imprimir na sua marca fetiche: aquele espírito "Martini Terrazza", ou seja, muita festa,  poucos quilómetros. Eu tendo a embirrar, mas no fundo não consigo condená-los. Percebo a lógica, e até tolero bastante bem este lado glamour, não deixando de reconhecer que também tenho os meus dias em que me apetece alinhar na onda e comprar, num impulso consumista, um capacete Vespa azul squadra azzurra com a bandeira italiana, embora não precise dele. Mas, no final, a balança pende sempre para os quilómetros e as sensações na estrada, em detrimento da conversa no terraço.


Dito isto, dei uma vista de olhos mais detalhada aos catálogos destinados às Vespa automáticas, quer os oficiais, quer o catálogo da SIP. Queria ver com mais atenção o banco individual ou Corsa para a minha Bianca que a própria Vespa disponibiliza, até porque eu ando sempre a solo na Bianca, o que me parece uma boa desculpa. A minha mulher chama a este tradicional espaço de tempo que antecede uma compra, o meu período de mentalização. No meio da busca pelo tal banco encontrei, com algum espanto, uma série de peças avulsas para a GTS que são nem mais nem menos do que tampas, frisos e protecções em fibra de carbono. Ou carbon look, na expressão oficial dúbia e sem qualquer aviso complementar visível.







Na primeira metade dos anos 80, quando eu comecei a ver Fórmula 1, os chassis eram feitos de alumínio. Pouco depois, com o McLaren MP4, chegou a revolução da fibra de carbono, um material altamente exótico e dispendioso, apenas disponível na competição motorizada de topo ou na aviação. Lentamente a fibra de carbono foi aparecendo em alguns super carros mais exclusivos. Actualmente, podemos encontrá-la em tacos de golf, raquetes de ténis, e até a minha bicicleta de estrada de gama baixa tem uma forqueta em carbono.


Sucede que aí o carbono desempenha uma função tecnicamente diferente do aço ou do alumínio, comporta-se de maneira distinta e tem vantagens directas em termos de peso e performance, embora possa discutir-se se não serão marginais para os resultados obtidos na vida real. 


Mas quando a fibra de carbono aparece, como produto de catálogo oficial, numa crista de um guarda lamas, ou no friso inferior de um balon de uma GTS, ela não cumpre qualquer função, não tem qualquer efeito real ou imaginado, a não ser, e isso é seguro, o mais do que discutível aspecto estético. Nem sei o que é pior. Se uma peça em fibra de carbono totalmente inútil, ou se uma película de vinil que pretende ser o que não é. À desvantagem da falsificação opõe-se - presumo - a vantagem do preço. Em qualquer caso, é a aparência que interessa. Ressalvadas as devidas distâncias, não estamos assim tão longe da conversa do terraço.

  
 Imagens: Vespa.com (1) e Scootercrazy.com (2) (3).

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Folha em Branco



A minha agenda tinha um buraco branco de norte a sul do dia de ontem. Atestei o depósito da Helix e peguei num mapa em papel. Escolhi o sul. Andei de barco e fui a um museu. A sério. Cheguei a casa de dia. Quando desliguei o motor da Helix tinha acrescentado quatrocentos quilómetros ao odómetro. O planeamento só atrapalha.

  







segunda-feira, 5 de agosto de 2013

2ª Regularidade Moderna - VCL







O relógio está oficialmente em marcha. A publicação do cartaz dá início à contagem decrescente para a 2ª Regularidade Moderna do Vespa Clube de Lisboa, a realizar no próximo dia 14 de Setembro na região Oeste, com o controlo horário de partida instalado na cidade de Torres Vedras.

Os mapas já estão riscados e de novo dobrados, o planeamento já sofreu vários ajustes e o trajecto está escolhido. A esta distância os locais de controlo não estão definitivamente marcados e boa parte das indicações a constar do road book ainda não saíram do meu lápis.

Certo é que vamos ter provas de regularidade mais longas do que as  que tivemos na primeira edição, obrigando os concorrentes a dispersar a sua atenção durante mais tempo pelo relógio, pelo road book  e pela condução, sem esquecer a paisagem que mescla com equilíbrio os ares serranos com a maresia, ao longo do município que se estende pela maior área geográfica de todo o distrito de Lisboa.

O que se mantém igual a 2012 é a média horária preconizada, fixada ao longo do percurso nos quarenta e cinco quilómetros por hora. Já vi ciclistas com médias superiores em contra-relógio, mas sou capaz de apostar que nenhuma Vespa se apresentará no controlo horário de chegada com a carta de controlo a zero. O que só valorizará o desafio proposto pelo VCL a máquinas e condutores. A desculpa perfeita para tirarem a vossa Vespa da garagem.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Royale 946





A Martini comemora 150 anos.  Para os celebrar associou-se à Vespa e ao VCL para o lançamento da 946 na última das oito summer sunset partys no Martini Terrazza, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, já no próximo dia 31. Se há Vespa Royale, capaz de se vestir a rigor para a já lendária atitude Martini, é a novíssima 946. 

Estamos de acordo que a 946 foi feita para ser apreciada. Ao contrário da esmagadora maioria das Vespa, há quem aposte que não é a descrever curvas com o guiador nas mãos que melhor desfrutamos da 946. É a contemplar-lhe  as curvas enquanto bebemos um cocktail de Martini Bianco com um espumante italiano. Desconfio que a Martini também acompanha esta perspectiva. Não é difícil antever que lhe faremos um brinde, dia 31. Royale. Saluti !
  

Imagem: Martini - Vespa

domingo, 14 de julho de 2013

Regularidade 2013





Hoje durante a tarde foi dia de iniciar os reconhecimentos e começar a desenhar o percurso da Regularidade 2013. Na estrada e no papel. Até acabar a luz. Mais novidades em breve, no blog e no site do Vespa Clube de Lisboa.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Novo Ape Calessino



 
 
A Piaggio acaba de anunciar o lançamento de um novo Ape Calessino. Ao contrário das duas experiências anteriores, já neste século, a motorização não será eléctrica  nem a diesel mas sim a gasolina, um motor 200cc a quatro tempos.
 
 
O design mantém-se, na sua essência, quase inalterado face às últimas versões. Menos cromados e os painés laterais traseiros não decorados são as diferenças mais notórias. O que também não mudou foi o modo de transmitir a força deste novo motor às rodas traseiras: uma tradicional caixa manual de quatro velocidades (mais marcha atrás), essencial para desfrutar até aos cinquenta e cinco quilómetros hora de velocidade máxima.
 
 
A informação disponível no site do Piaggio Group não faz referência a qualquer limite de unidades a produzir, o que contrasta com as anteriores versões do Ape lúdico: a Electric Lithium, cuja produção estava limitada a cem unidades; e a Diesel, cujo número de exemplares foi fixado em seiscentos. Ambos com preços condizentes com essa exclusividade, pese embora ainda hoje constem do catálogo Ape da Piaggio.
 
 
 
 
 
A boa notícia é que o preço previsto em Itália para esta nova versão será próximo de cinco mil euros, o que convoca para este Calessino o argumento económico, arredado das meteóricas versões mais exclusivas até agora disponíveis. Eis, por isso, o mais divertido, original e acessível descapotável para levar a família à praia.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagens: PiaggioGroup

domingo, 7 de julho de 2013

Sensacional !



Este anúncio publicitário de Setembro de 1955 da Sociedade Comercial Guérin  representa, para além de um pedaço de história do Vespa Clube de Lisboa, um testemunho de um tempo com outras referências.

Corridas ou provas em estrada aberta nos anos cinquenta não eram vistas como uma actividade condenável e clandestina. Eram promovidas através da publicidade institucional do importador !

É importante lembrar que o tráfego era uma realidade muito diferente dos nossos dias. O próprio conceito de segurança era acessório e raramente destacado num anúncio publicitário, em detrimento da performance. Julgo que o enquadramento da época beneficiava também do sucesso colossal de provas automobilísticas em estrada aberta, de que eram o expoente máximo as loucas Mille Miglia ou a Carrera PanAmericana, que viriam a ser proibidas anos mais tarde, na sequência de trágicos acidentes. A verdade é que nos anos cinquenta valia quase tudo.

Aqui é o importador, a Guérin, com uma óptima relação com o então recentemente fundado Vespa Clube de Lisboa - 1954 - , que promove, por seu intermédio, uma ligação Lisboa-Faro em três Vespa GS 150 com um resultado homologado pelo Moto Clube de Lisboa a uma média de 75,7 quilómetros por hora.

Com as estradas da época, os quase trezentos quilómetros de ligação em três horas, cinquenta e seis minutos e quinze segundos (!) representavam um argumento que (in)seguramente atestava a capacidade, resistência e prestações do modelo Vespa de topo, a Gran Sport 150. 

Curioso é fazermos um exercício de transposição deste evento publicitado para os dias de hoje. Seria difícil repetir o feito, com as mesmas  máquinas e percurso semelhante. Mas estava longe de ser impossível. Impensável seria mesmo publicitá-lo nos mesmos termos.