sábado, 11 de dezembro de 2010

O Puzzle dos Entusiastas - LML 2T



A direita descreve um longo semi-círculo, quase perfeito. Já lhe encontrei a saída no meu ponto de fuga visual. Decido embalar um pouco mais a terceira, para me certificar do veredicto conformado do Luís, dono da LML 2T verde tropa que seguro nas mãos… Zaaaááááppp… Troco caixa à saída, já depois daquele topo que me endireita a scooter para piso plano. Sim…, a quarta está morta. É pena, porque não é por muito. Mas se não esticar a terceira como um elástico, sente-se que a quarta agonia. O que acaba por tornar a condução algo paradoxal. Para não regressar à terceira para manter ritmo, tenho que a estender para rotações mais elevadas, o que torna a condução menos fluida e natural, poupando menos a mecânica do que inicialmente se supunha.

Esta indiana do Luís Gomes nasceu cento e vinte e cinco, mas recebeu um tempero mais picante feito de um cilindro Andrea Pinasco cento e setenta e sete, que se alimenta através de um carburador vinte e quatro em troca do vinte de origem. A biela e os rolamentos da cambota, que têm sofrido algumas quebras de fiabilidade, foram substituídos por unidades Mazzucchelli. Por fim, a linha de escape ficou a cargo do conservador Sito, o que significa retirar o catalisador.



Pretendeu-se, para este projecto, uma scooter mais longa de transmissão, que permitisse velocidades de cruzeiro mais serenas, com menos rotação e consequente redução do esforço a despender pelo grupo térmico. Assim, arriscou-se um carreto de relação primária de vinte e três dentes em vez dos vinte originais, emparelhada com uma cremalheira de sessenta e cinco dentes, por troca com os sessenta e oito de fábrica.

Fechado o motor era preciso conferir contas. E fazer figas. Infelizmente não resultou perfeita. Ainda é possível tentar outro escape. Mas para alterar a relação de caixa torna-se necessário abrir de novo o motor. Talvez para um set up mais consensual - e experimentado com sucesso – de vinte e dois sessenta e sete.




Mesmo assim, a scooter é muito divertida. Tanto quanto uma Vespa PX consegue ser. Experimentei esta LML no scooterpt camping, conjuntamente com outras oito ou nove scooters. Não se distingue, no tacto, de uma PX recente e estimada, se exceptuarmos as várias nuances que amiúde se escondem sob os balons direitos de cada PX. Sente-se sempre baixa de guiador para os meus padrões – estou habituado às GT(S), lembram-se? – , mas nada cansativa nos punhos. Há muito espaço livre para as pernas. Quase não vibra. Pelo menos se o termo de comparação for uma Lambretta. E curva à mínima ordem do cérebro. Aqui pareceu-me menos progressiva nas transições de inclinação do que outras PX, mas julgo que a explicação estava num pneu dianteiro em fim de vida, suspeito que também culpado de uma travagem pouco precisa a manter a direccionalidade ordenada pelo guiador. Na verdade pareceu-me quase aleatória, embora sem se tornar verdadeiramente perigosa.




Estes espinhos no projecto podiam retirar-lhe brilho e induzir algum desânimo no seu proprietário. Julgo que não foi o caso. E essa é uma verdadeira vantagem de uma LML 2T. É relativamente fácil e acessível construir-lhe um coração à medida, como um puzzle com múltiplas configurações possíveis. E tentar acertar num set up que sirva os propósitos e o gosto do seu proprietário. Sempre gostei de puzzles.



4 comentários:

Rui Tavares disse...

Começo a suspeitar que ainda vais gostar de velocidades manuais... um dia.

Luís Ricardo disse...

Olá Vasco,

é sempre um prazer ler as tuas palavras, ainda mais quando tratam de algo que me é tão próximo ;)
Obrigado.

Já tenho um escape na garagem para experimentar. Vamos ver se é desta...

Continua igual desde da tua experiência, mas vai estanto mais soltinha (aqui que ninguém nos ouve, este fim de semana na Figueira, em V. de ponta, passou uma tal de SX)

Um grande abraço

Luís Gomes

Luís Ricardo disse...

ah! grandes fotos!

Luís Gomes

VCS disse...

Bem-vindo a este espaço, Luís :)
Foi um prazer experimentar a tua LML com esteróides. Será um prazer ler-te mais vezes por aqui.
Acredito que com pequenos ajustes ficarás com uma máquina que se adequará melhor ao que pretendes dela.
Bater uma certa SX200 em velocidade de ponta é feito que dá direito a entrada directa no Olimpo :)

Rui,
Decididamente, as velocidades manuais continuam a fazer parte do lado irracional das scooters, por muito bem que saibam.
Acho que já tenho irracionalidade que chegue na garagem.

Abraços,
Vasco