quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Uma Abelha que Parece Uma Vespa – EU-R Bee (Hammerhead La Vita)



Acaba de chegar ao mercado português a La Vita, que será comercializada no nosso país sob o nome Bee pela EU-R. Trata-se de uma scooter que pretende copiar o estilo e o desenho de alguns modelos Vespa mais carismáticos da década de sessenta.

As semelhanças com o ícone italiano terminam aqui. A emblemática estrutura monocoque Vespa, em aço prensado, é substituída por um quadro tubular com painéis exteriores em plástico. Não tem uma caixa de velocidades manual, nem travão traseiro de pé. Não recorre a um motor a dois tempos, nem se encontra um pneu suplente por detrás do balon esquerdo.

Na verdade, trata-se de uma scooter moderna, de transmissão automática e motor a 4 tempos, o conhecido clone GY6 do motor Honda, declinado aqui na sua versão 125cc, com a novidade da injecção electrónica.

Segundo indicação do importador, é montada numa das fábricas da CPI, companhia sediada em Taiwan, mas com fábricas também na Indonésia, China e Estados Unidos.

Nada tem que ver, portanto, com as já omnipresentes LML que são, na sua essência, reproduções fiéis da já extinta Vespa PX.

As imagens que acompanham este post foram realizadas numa visita às instalações do importador EU-R, com o Paulo Martins como cicerone, num contacto apenas estático com os primeiros exemplares já disponíveis para venda. Pude apenas apreciá-la, sentar-me aos comandos e ouvi-la a trabalhar.

As primeiras impressões deste contacto são maioritariamente positivas. À vista, a scooter está bem proporcionada. A linha geral é agradável e confesso que não fica muito longe de despertar aquele instinto básico e reminiscente das primeiras LML: que cor escolher ?

O aspecto dos materiais não é de topo – o que também não se esperava - , mas parece bastante aceitável, especialmente se atendermos ao preço de lançamento a que é proposta, Eur.1.800 já com documentação. A pintura convenceu-me na versão verde seco, aquela que tive oportunidade de ver com mais pormenor.

No capítulo estético ressaltam apenas dois detalhes que me parecem destoar: as tomadas de ar laterais junto à parte inferior dos balons, necessárias para refrigeração, e a proliferação de parafusos no escudo frontal.

Quanto ao arranjo da parte posterior da scooter, não será difícil antecipar que muitos exemplares surgirão alterados, despidos do porta couves de origem, com um farolim de Sprint e sem piscas (não encastrados na carroçaria, também à frente), conseguindo-se assim uma secção traseira bem mais limpa e sem grande esforço ou dispêndio financeiro. Aliás, um dos exemplares presentes já apresentava algumas destas modificações.

No capítulo técnico destaque para a injecção electrónica – raríssima, senão inexistente a este preço -, bem como os travões de disco com pinças de duplo pistão, e com tubagens em malha de aço.

A posição de condução pareceu-me muito semelhante a uma large frame clássica, sendo de destacar que o importador já procedeu a afinações no banco que permitiram reduzir a sua altura original. Experimentei as duas versões, e pareceu-me melhor a versão alterada, mais baixa.

Para breve está previsto um teste que permitirá aprofundar impressões sobre a Bee.






A questão que provavelmente vai inundar os fóruns que se dedicam ao fenómeno scooter é simples: A Bee é um sacrilégio indesculpável ou, por outro lado, uma boa ideia ? Seguramente haverá respostas diferentes.

O segredo talvez esteja em tentar olhar para ela com algum distanciamento, como uma scooter moderna claramente inspirada na imagem Vespa. E, ao contrário do que fiz inicialmente neste post, não a comparar a uma Vespa. Porque nada nela, a não ser a imagem para que remete e as suas proporções físicas, se compara a uma Vespa.

O que não significa – em minha opinião - que a Bee não possa ser um produto perfeitamente válido, que faça todo o sentido.

Muitos dos que lêem estas linhas são entusiastas de scooters. Certamente já vos aconteceu serem abordados por alguém que, conhecedor desse vosso interesse, vos interpela: “quero comprar uma Vespa antiga, mas há dois inconvenientes: i) os preços das clássicas são assustadores; ii) não percebo nada de mecânica”.

Não é difícil adivinhar que uma scooter como a Bee pode ir ao encontro de quem tem esta abordagem, aliás perfeitamente legítima.

Gostam do estilo de uma Vespa, mas não podem ou não querem ter uma clássica pelo que isso representa em termos de investimento em dinheiro ou tempo e conhecimento.

Temem a personalidade e os humores instáveis de uma clássica na vida real e intimidam-se com a possibilidade de comprar um mau restauro.

Por outro lado, não querem ou não podem adquirir uma Vespa nova (necessariamente automática), que é um produto que está, actualmente, no extremo superior da escala de preços de scooters novas.

Não vejo nenhum bom motivo para que um (previsivelmente) não entusiasta não possa ter uma scooter que parece uma Vespa mas não o é. E que possa ser feliz com ela. A bem da massificação e da proliferação do conceito de scooter. Julgo que ainda há (muito) espaço (e) para todos.

Faço votos para que a Bee represente mais um impulso válido nesse sentido. Assim a sua fiabilidade permita manter os seus futuros clientes satisfeitos.

15 comentários:

Leonardo Dueñas disse...

Vi essa scooter ao vivo no Salão 2 Rodas de São Paulo, no ano passado. Pelo que pude entender dos desdobramentos mundo afora, há uma série de marcas para mercados regionais, mas a identidade original dela é "Jialing Vines JL125T-12A"; chinesa até o osso, negociada como OEM.

Infelizmente não tive a oportunidade de rodar em uma, fico no aguardo de suas impressões, Vasco. São de chamar a atenção os freios (travões) a disco com pistões duplos em ambas rodas, algo bastante nobre na categoria das 125 cc - pelo menos das que vejo aqui no Brasil.

O painel continua o horrendo relógio digital ou deram uma melhorada? Eis aqui o tópico com imagens da Jialing Vines no meu blog: http://motonetaseafins.blogspot.com/2010/04/jialing-jl125t-12a-ousadia-chinesa.html

Abraço,
Leo

VCS disse...

Leo, não tinha reparado nesse teu post, nem imaginava que já estavam aí no Brasil. Obrigado por esse contributo.

Quanto ao painel, já não é o relógio digital. As unidades que vi no armazém vêm com o novo, que é o que está no update do post do scooteroldskoll (vê o primeiro link do meu texto).

Abraço,
Vasco

Rui Tavares disse...

Confesso que quase me apetece gostar dessas máquinas.
Mas como motociclista e não como "scooterista saudosista".
Desde há uns tempos que andam por aí dois conceitos misturados e que aqui importa separar. Existem os que gostam de scooters clássicas ou pré-clássicas e que não se importam de ter de apertar carburadores em pleno Alentejo debaixo de 40ºC ou de nunca ter a certeza se o motor vai pegar e existem os que as consideram um veículo prático, útil, bonito, etc. Claro que estes dois conceitos até podem coexistir na mesma pessoa.
Acontece que para os primeiros esta abelha (ape?) é um verdadeiro sacrilégio que vai destruir a vaidade que sentem ao circular com as suas meninas por essas estradas fora, pois vai passar a haver outras mais eficientes e igualmente bonitas. Além de que se pode levar uma amiga a passear sem que exista um elevado risco de terem de voltar de táxi. Quando elas começarem a perceber isto vai ser uma chatice.
Para os motociclistas é apenas mais um modelo, bonito para alguns, com uma tecnologia actual, económicos, amigos do ambiente e fiáveis.
Arrisco-me a aventar uma terceira hipótese. Os que querem ter uma clássica, mas...
Para os ou as menos precavidos, desde que não passem a andar com um íman no bolso, estas podem passar a ser umas Vespas clássicas muito bem restauradas!

VCS disse...

Rui,

O motociclista - no mais amplo sentido - sempre gostou muito de segmentar, às vezes até por brincadeira.

Nesta fase, e independentemente dos méritos da Bee (e de outras propostas mais ou menos semelhantes), julgo que concordas comigo se disser que quantas mais scooters na estrada melhor. Ainda somos muito poucos.

O público alvo principal da Bee parece-me ser o automobilista que acede às 125cc sem carta A, com pouca ou nenhuma experiência de motos, que quer um veículo prático, acessível e que não complique. Bem vistas as coisas, é um mercado enorme, embora não seja o único.

Uma clássica será sempre outra coisa mas, em regra, exige conhecimentos de mecânica acima da média e um estojo completo de ferramentas. Também dá jeito ter amigos que saibam usá-las.

Abraço,
Vasco

Graça disse...

Parece-me uma proposta bastante interessante ainda para mais para uma pessoa como eu: a iniciar no mundo das scooters, preguiçoso para conduzir uma com caixa manual e com vontade de rolar por aí com algum estilo.
Posso ver este "bicho" no Porto?

VCS disse...

Graça,

Bem-vindo. Para responder à questão da disponibilidade das Bee no Porto, o melhor é contactar directamente o importador EU-R, que indico no corpo do texto.

Vasco

Fernando Lopes disse...

Bom dia tenho uma duvida em relação a Bee. A manutenção da scooter e' feita pelo importador? As pecas, caso seja necessario , de uma mota importada e que esta' no inicio em Portugal serão fáceis de adquirir ?

VCS disse...

Fernando Lopes,

Bem-vindo. Tanto quanto sei, a EU-R assegura os stocks de peças em Cabo Ruivo. Se a pergunta é se dão assistência a scooters não adquiridas através da própria EU-R, presumo que sim, mas para ter a certeza o melhor é perguntar-lhes directamente.

VCS

VCS disse...

Verifiquei agora que no último post, por lapso, escrevi Cabo Ruivo quando obviamente queria dizer Figo Maduro, isto é, junto ao terminal militar do aeroporto de Lisboa.

Unknown disse...

Olá a todos.

Desde já quero dizer que sou um completo leigo no mundo das motos ou scooters.

Mas dada a pressão financeira, e á cada vez maior necessidade de poupar os € estou a ponderar adquirir uma "scooter " de 125cc ( isto porque não tenho carta que me habilite a mais)para me deslocar de casa para o trabalho e para as pequenas voltas do meu dia-a-dia num raio de 15 a 20Km.

Tenho andado a ver varias marcas algumas de referencia Piagio Vespa, Honda e outras mais de "low-cost" como é o caso da Sym da Jianlin comercializada pela EU-R entre outras da mesma proveniencia ( china ).
O que eu gostaria de saber é se alguem tem alguma experiencia com produtos da marca Sym ou da Jianlin (mais exactamente o modelo Bee o qual pela sua estética aliada ás suas caracteristicas e baixo preço despertou o meu interesse) me podesse dar a sua opinião para me ajudar a decidir e não cometer a asneira de comprar um "xaruto".

Vasco já conseguio fazer um teste drive? Eu não tenho essa possibilidade se não ja o tinha feito pois sou de Aveiro e o revendedor mais proximo é em Lisboa.

Obrigado

Um abraço

André

VCS disse...

Bem-vindo, André.
Essa dúvida é recorrente para quem chega ao mercado das scooters por razões pragmáticas. Há muita oferta e uma 125cc é um veículo prático e, regra geral, de custo contido.
Para além das marcas premium - Honda, Piaggio, Yamaha, Suzuki - , há algumas asiáticas (SYM, Kymco e Daelim) que têm mostrado níveis de qualidade muito aceitáveis. Algumas acabam até por ser melhores opções (custo/benefício) do que as de marca premium.
Costumo dar o exemplo da SYM Fiddle II 125, que custa metade do que custa uma Vespa LX 125cc, e é uma scooter muito competente. Mas há outros exemplos.
Quanto à SYM, já testei uma Citycom 300 neste blog durante 2000kms, com uma avaliação global muito positiva.
No que respeita à Bee, de facto ainda não a testei, por razões de agenda.
Por enquanto não se vêem muitas na estrada e também não tenho informação de utilizadores sobre a fiabilidade. Neste, como noutros casos, aconselho sempre a fazer uma short list de opções, contactar os importadores/concessionários e agendar uma visita para ver in loco as máquinas.

Vasco

queijeiro disse...

Boa noite, esta scooter Bee despertou me bastante o interesse, visto ser pelo menos esteticamente atraente, mas gostaria de saber mais alguma coisa sobre ela, há poucas ou nenhumas reviews desta scooter e estou com receio de ser um fiasco, por não ser uma marca conhecida e também quanto à durabilidade, qualidade, manutenção, etc

Anónimo disse...

Boa tarde,

A moto é muito muito louca e consegue-se arranjar na zona norte por um preço a rondar os 1900 euros chave na mão

gustavo disse...

O que aconteceu com esta moto?

Anónimo disse...

Alguém sabe onde arranjar peças?