
Catorze meses exactos foi o tempo que a minha LML 150 4T habitou a minha garagem. Como experiência de scooter de origem indiana correspondeu às expectativas. Em certo sentido, até as superou. Acima de tudo, a imagem que fica é a de uma scooter honesta. Tanto mais honesta quanto mais os seus proprietários se convencerem de que não é uma cópia.
Compará-la à Vespa PX é normal. Dizer que é uma cópia parece-me errado. É uma scooter com uma identidade e características próprias, especialmente estas LML de motor a quatro tempos. Alguns componentes são exactamente iguais, marca e modelo, como o amortecedor Escort da frente. Outros, são iguais no desenho mas diferentes na qualidade, como os rolamentos da roda dianteira. Outros ainda são totalmente diferentes, como o suave motor a quatro tempos. Comum é o desenho exterior, com muito poucas nuances. E, dísticos e logos à parte, é tão bela como a PX. O que também conta para a experiência.
É divertida de guiar, totalmente analógica e de sabor anacrónico. Uma espécie de 2CV das scooters. E é também económica de utilizar. Teve ainda qualidade suficiente para superar o desafio maior nas minhas mãos, os perto de dois mil quilómetros em quatro dias do Lés a Lés. Cumpriu e com uma relação entre custo e gozo que, para os factores que eu valorizo, é difícil de bater.
É mais fraca em alguns capítulos do que a Vespa PX. Vários. Mas é mais forte noutros. Embora menos.
Items como a pintura, acabamentos, borrachas, electricidade, montagem e rolamentos são inferiores na LML. Motor quatro tempos, consumo, economia de utilização e - principalmente - preço estão a favor da indiana. No desenho há um empate, o envelope é igual. A qualidade do papel é que pode ser diferente. Porém, o preço também é diferente. E não é pouco.
Então porquê só catorze meses ?
Em primeiro lugar porque não tenho - nem queria ter - uma ligação demasiado emotiva a esta máquina. Ficar com ela menos tempo do que é habitual na minha garagem é um caminho.
Em segundo lugar porque há outras máquinas que encaixam no perfil do que procuro agora.
Em terceiro lugar porque a brigada dos dois tempos vai voltar a atacar no 18º Portugal de Lés a Lés. E a Azeitona, com o seu 150cc, iria revelar-se curta para acompanhar o andamento das italianas mais endiabradas. Vitaminá-la não seria economicamente viável.
Em quarto lugar, porque outra scooter se cruzou entretanto no meu caminho.
Longa vida à Azeitona.
A corrida ao armamento começou.
Imagem nº 1 : Júlio Santos
Imagem nº 6: Rui Tavares