Por contraste com a aspereza da meteorologia na ida à Serra da Estrela no ano passado, desta vez a montanha deu-nos tréguas e premiou com um sol primaveril quem se inscreveu cedo antecipando a queda de flocos de neve.
Reincidi na ida tardia, julgo que fui mesmo o último a chegar na noite de sexta-feira, perdendo uma vez mais o passeio de um dia aos ésses de Lisboa até às Penhas da Saúde.
Aqui, o micro-cosmos do bar foi temperado, entre conversa, a queijo da serra e requeijão com doce de abóbora.
Aqui, o micro-cosmos do bar foi temperado, entre conversa, a queijo da serra e requeijão com doce de abóbora.
Sábado acordou já tarde, mas ainda muito a tempo do passeio colectivo com a tradicional subida à Torre. Seguimos para Seia em direcção à gastronomia formatada em Folgosinho. As delícias não estavam no prato, mas sim nas curvas da montanha esculpida, por uma vez secas e aptas a receber borracha das pequenas rodas em condições de atrito perfeitas.
Para não variar experimentei mais algumas scooters, com destaque para a rápida mas assustadoramente destravada P125X do presidente João Máximo, uma séria concorrente ao prémio de "Vespa Mais Lassa Que Já Experimentei". Foi por uma unha negra que não destronou a já clássica raínha nesta classe, a congénere e orgulhosamente bamba P125X do Bob.
São ambas máquinas que aliam a beleza que só a patine sabe dar, a traços de personalidade fortíssimos. Para as guiar em ritmo regular aconselha-se que, antes de colocar o capacete, degluta um comprimido para a ansiedade.
No regresso do almoço vi em directo e sem filtro a queda aparatosa do Kes & pendura, numa esquerda longa e traiçoeira, que deixou a P125X Oliva com mais cicatrizes do que autocolantes.
A adrenalina foi então baixando lentamente, à medida que a luz se amarelava sobre a encosta que se avista de Gouveia, antecipando uma subida ainda quente ao planalto das Penhas Douradas. O recurso frequente à manete esquerda das Vespa dava lugar agora à primazia para a capacidade de abrandar, em direcção à descida para Manteigas, teste maior aos travões de tambor da maioria das máquinas.
O negro da noite cobriu a serra e trouxe o genuíno frio de Março, que desceu sobre o aço das Vespa, de todas as cores, novas e velhas, reluzentes ou oxidadas.
Na Pousada a lenha ardia e convidava a não sair. Deitei-me cedo e saí também cedo no Domingo, dividindo a estrada com o Bob, para me despedir da Serra e fazer umas chapas, em mais uma máquina fotográfica acidentada e cheia de fita adesiva após uma queda devida a distracção.
Despedimo-nos na Lagoa Comprida, inverti a marcha e dei início ao regresso a solo, sempre por estrada nacional, evitando a A23 e as respectivas portagens. Covilhã, Fundão, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, sempre com o azimute na N18.
Nas Portas de Ródão encostei junto à ponte para almoçar duas maçãs. Tinha pela frente as melhores curvas do dia na ligação a Nisa, onde aproveitei para confirmar que o novo pneu da frente da CN, o Dunlop Scootline SX01F, se segura como osga em parede.
Gavião viu-me passar na casa dos noventa, ganhando balanço no início das rectas da N118 até fazer uma tangente a Abrantes. Cumprimentei o rio Tejo à direita e segui para sul, na direcção da Chamusca. Queria ver a bela ponte encarnada sobre o rio para acesso à Golegã. Demorei-me um pouco a observar e percorri a ponte nos dois sentidos.
Voltei à N118 e desci até ao Porto Alto, cruzando o Tejo a partir dali. Do lado certo do Rio, ainda tinha curvas, mosquitos no ecrã e um depósito quase vazio até casa. Nos eventos longos do VCL, a CN é a companhia certa para partilhar os momentos simples de gosto pela estrada. Mesmo quando quase não se avista neve.
6 comentários:
Boas Fotos pah! =)
Vou "roubar umas" hehe
Obrigado pelo magnifico relato, tão bem documentado e sobretudo pela excelente companhia. Um abraço!
Sempre em grande nesses textos e fotos.
No entanto, devo-te dizer que a minha P não é destravada. Tem é uma forma muito própria de abrandar! ;)
Kes,
Obrigado. De vez em quando também podias ir alimentando o teu blog, em vez de vir aqui "roubar umas":-)
As melhoras !
Abraço,
Vasco
Rastafarian,
Obrigado. Finalmente pude conhecer pessoalmente o autor do "scooter junkies".
Um abraço,
Vasco
Máximo,
Obrigado pelo teu comentário.
Eu fui simpático quando chamei destravada à tua Vespa. Está a andar bastante bem, o que só amplia o teu problema de travões
;-).
Um abraço,
Vasco
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