Fazer diferente quando tudo parece saturado e igual é um desafio. Os indianos da LML tiveram o mérito de fazer chegar à Europa uma scooter pela qual o mercado ainda suspirava, mas a Piaggio não queria produzir. O sucesso indiano foi tal que os italianos retomaram a produção da Vespa PX após quatro anos de interregno (2007-2011).
Quando a Piaggio anunciou o regresso da PX a dois tempos, já a LML tinha nos stands do velho continente o modelo a quatro tempos, que tem vingado nas cilindradas de 125 e 150, e está a começar a provar na tão apetecida 200. Através do importador europeu, sediado em... Itália, a LML tem oferecido versões com sal e pimenta, desde as Mat Series até às RS, passando por uma versão de pista. Só não percebi como ainda não pintaram uma LML Star no lindíssimo azul mediterrâneo da PX. É óbvio, não !? Fica a dica grátis.
Até porque a Piaggio continua a não ouvir. Aparentemente mantém-se encostada às cordas, sem capacidade ou vontade de reagir. Vende um produto substancialmente idêntico ao indiano. Substancialmente mais caro. Na fase de relançamento da PX estavam relativamente próximos, mas actualmente não estão, porque a Vespa subiu o seu preço, e a LML desceu.
No meio desta nova guerra Europa / Ásia, ainda existem velhas regras e paradigmas. Porque a scooter é um excelente meio de transporte anti-crise, muitos europeus procuram uma, ainda que os seus bolsos estejam cada vez mais vazios. O acesso às 125cc por parte dos automobilistas abriu um mercado com um enorme potencial. A verdade é que muitos destes novos clientes nunca comprariam uma moto ou scooter se esta regra não fosse implementada. Jamais tirariam a carta para poderem depois aceder a cilindradas mais altas. Experimentaram as 125cc, e gostaram. E o efeito de contágio também é significativo. Se o mercado se massifica, a necessidade de diferenciação também vai aumentar.
E é aqui que entra a Vivo Scooters. Não é propriamente uma novidade, mas deve valorizar-se o facto de os rapazes ingleses não se limitarem à oferta disponibilizada pelos outros. Criaram uma linha de produtos própria que vendem a preços relativamente terrenos, e que permitem transformar de modo facilmente reversível uma LML Star de modo a que seja possível ter duas scooters numa. Quem tiver uma Star pode comprar o conjunto ou apenas parte do kit e alterar a estética para algo significativamente mais clássico, como os balons da GS.
Na verdade, já há algum tempo que a Vivo Scooters produz réplicas em metal dos painéis das clássicas Vespa GS 160. Actualmente já estão a produzir kits com painéis que replicam a SS180. E a última novidade é a Rally 200 !
Abstraiam-se dos pneus de faixa branca, e da horrível combinação de cores da carroçaria, que é propositada para realçar as peças do kit, em branco. Tentem imaginar esta scooter toda em laranja, com as faixas Electronic brancas e com uns pneus decentes.
A Vivo Scooters ainda não explicou se este primeiro exemplar corresponde exactamente ao kit que vão disponibilizar. Até porque, ao contrário dos kits anteriores, no modelo das fotos várias outras peças e soluções são claramente diferentes da LML: o farol, o farolim, o porta luvas e o banco, suspensão e travões. À primeira vista parece uma Rally montada em cima de um quadro Star, mas pelas imagens nem é para mim claro que aquele quadro seja mesmo de uma LML.
Caso seja de sangue indiano, preferiria também a solução de travão dianteiro utilizada com os kits GS160, com disco, em prejuízo da estética clássica, mas em benefício da segurança.
Caso seja de sangue indiano, preferiria também a solução de travão dianteiro utilizada com os kits GS160, com disco, em prejuízo da estética clássica, mas em benefício da segurança.
Fica por explicar por enquanto se produzirão estas peças Rally assim mesmo, ou se o lote das peças será mais reduzido, a fim de tornar o preço mais atractivo.
Atractiva continua a ser a outra Star servida pela VivoScooters, a GTS Edition, num negro que não esconde as rodas de doze polegadas da Vespa GTS. Quatro mil cento e setenta euros, chave na mão, em Inglaterra. Músculo não lhe falta.
Imagens: Vivoscooters
6 comentários:
Optimo artigo, como sempre... abraço.
Na minha mais vã fantasia me imaginei fazendo uma proposta irrecusável a um proprietário de muito mal gosto da única Rally 200 que anda que conheço no Rio. A restauraria para o original, apagando o passado nefasto de ex proprietários de senso estético tosco.
Já transformar a minha PX numa Rally 200 com um kit de fibra jamais me passaria pela cabeça.
Abraço,
Leo
Leo,
Eu compreendo e concordo com a abordagem que fizeste, mas na minha opinião não são situações comparáveis.
O que a VivoScooters propõe é um pouco diferente.
O kit é de metal, adaptado mas semelhante por fora ao original.
O maior trunfo desta solução é a facilidade da reversão.
Se eu tivesse uma LML acharia interessante ter a possibilidade de vesti-la por exemplo de GS (sem andar a furar e cortar), e poder voltar logo a seguir ao original.
No fundo, poder ter duas scooters numa, mas com fiabilidade só do século XXI, não dos anos 50/60 do século XX.
A mim agrada-me, mas percebo perfeitamente que muitos não sejam adeptos da ideia :-)
Grande abraço,
Vasco
Toda a razão acerca da questão da carta de ligeiros que dá para 125. Eu próprio, que por obra do acaso experimentei uma scooter, aos 50, e não quero outra coisa. Nunca pensei que me converteria, com tanta rapidez, com tanto gozo, aos prazeres das 2 rodas.
Abraço
JC
Caro JC,
Obrigado pelo comentário. Como sempre defendi, parece hoje indesmentível que as vantagens são evidentes: i) flexibilidade, mobilidade, gozo, economia para quem passa a usar uma scooter/moto. ii) Mais mercado para todos. iii) Mais consciencialização dos automobilistas para as especificidades da circulação em duas rodas. iv) Até as escolas de condução ganham, porque um automobilista convertido, não raras vezes vai querer subir de cilindrada, e aí vai ter que ir à escola. "Win-Win".
Vasco
Caro Anónimo (31.1),
Obrigado pelo comentário, e pela fidelidade a este espaço.
Só vos peço que, quando comentam sem conta google, se identifiquem com o nome no final.
Vasco
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