É cíclico e reforça-se em alturas de balanço. Por vezes sou forçado a admitir que não faz mesmo qualquer sentido ter duas scooters em casa.
Fazer uma gestão criteriosa da utilização das duas scooters exige, no meu caso específico, alguma ginástica. Especialmente porque o tempo disponível não abunda e há sempre outras prioridades, desde logo as familiares. Às duas scooters soma-se ainda um automóvel pré-clássico que, para este efeito, conta como mais uma scooter. Ou seja, dá-me gozo, mas tem mesmo que sair à rua, pelo menos de duas em duas semanas, sob pena de a inércia potenciar despesas e dissabores a médio prazo. E o tempo não estica, como não estica o espaço na garagem.
Ao contrário de alguns amigos, não compro nem mantenho máquinas inoperacionais, ou que fiquem para restauro ad eternum. Já fiz essa experiência e não resultou. Para mim, pelo menos por enquanto, só faz sentido ter se puder utilizar, se estiver pronto a cumprir a sua missão. Até porque não tenho engenho nem arte para saber recuperar, embora inveje os meus amigos que restauram as suas scooters. Na verdade, é uma opção que também tem as suas recompensas. É que por via desses restauros estabelecem com o seu objecto uma relação ainda mais próxima e, ao mesmo tempo, sedimentam o seu conhecimento. Mas, realisticamente, não é a minha opção.
E assim, quando a consciência me bate à porta, e me acena com a história do número de scooters irracional, respondo-lhe de duas maneiras. Uma racional e outra emocional.
A primeira é utilizar uma batota mental que consiste em somar o valor de mercado destes três veículos e respectivos encargos anuais, para concluir que não chegaria para comprar nenhum asmático automóvel utilitário novo, de gama baixa. A segunda, para arrumar a questão por KO, é descer à garagem, escolher um dos três, rodar a respectiva chave e sair. De sorriso nos lábios.
5 comentários:
Eu nunca chego sequer a tentar explicar, mas quando aparece uma situação em que mais que uma até pode fazer jeito, uso essa desculpa "ad eternum"
Andar em Vespa no Brasil não passa por quase nenhuma prova de racionalidade econômica, sempre há uma alternativa não-Vespa que otimiza quaisquer das variáveis práticas da vida. Ter duas na garagem então (meu caso, se bem que a outra é Bajaj), é fonte de questionamentos pouco amistosos...
O caso é que comecei a pilotar motos aos 30 anos de idade, justamente para negar o medo em minha vida, que não pautará o meu destino. Assim sendo, que venham mais, pois não esperarei o dia de poder tê-las porém sem condições de curti-las. Comigo é paixão por viver um algo mais, irracional desde a raiz e muito prazerosa.
Saudações scooteristas,
Leo
Rui,
Assim de repente, não vejo nenhuma situação em que te possa dar jeito ter mais do que uma, visto que aí em casa só tu andas de scooter e tens três... Só se for para emprestar aos amigos :)
Leo,
Enquanto podemos alimentar essa paixão pelas scooters sem danos colaterais também acho que devemos aproveitar !
A percepção que vou tendo é a de que aí no Brasil é bem mais difícil ser scooterista do que aqui em Portugal. Daí os meus parabéns reforçados, pelo entusiasmo.
Abraços,
Vasco
Eu acho que devias vender tudo e comprar um S800 inoperacional e ficar a vê-lo apodrecer. Vês? De repente parece totalmente racional a tua opção por duas scooters e um Honda. :)
Tenho neste momento um carro semi-operacional e gostava de ter coragem de o trocar por qualquer coisa mais útil ou, pelo menos, utilizável. É horrível ter demasiadas ligações emocionais aos veículos.
Por outro lado, nunca fiz nada tão acertado como comprar o MX-5. É emocional, mas é razoavelmente prático. É excelente não ter outra opção para ir trabalhar ou ao supermercado ou seja o que for. Há sempre desculpa para o usar.
A propósito desta relação entre razão e emoção, venho agora de experimentar um Fiat 500 dos novos. Apesar do aspecto delicioso, a condução é vergonhosamente banal e desinteressante. Se a Fiat soubesse fazer produtos modernos de inspiração retro com a qualidade e pertinência da Vespa... era a Mini. :)
Abraços!
Hugo
Hugo,
Conheces-me bem...:) O exemplo do Honda S800 inoperacional é exactamente aquele que eu tenderia a pôr em prática há 10 ou 15 anos atrás.
Na fase actual é diferente. Não sei se melhor, se pior, mas parece-me fazer mais sentido assim: desfrutar usando. E não desfrutar apenas tendo, isto é, sem condições de usar no imediato por estar inoperacional.
A propósito, e sabendo que qualquer desculpa é boa para usar o MX-5... para quando o teu regresso às scooters ? :)
Um abraço,
Vasco
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