Há colecções e colecções. Esta é uma perdição.
O catálogo que ilustra este post é um almanaque que me vem acompanhando em alguns saborosos pedaços de noite desde há quase uma semana. A verdade é que ainda estou a viajar pelo piso um da antiga sede do extinto Banco Nacional Ultramarino, hoje MUDE - Museu do Design e da Moda - na Rua Augusta, em Lisboa, absorvendo a colecção de scooters de João Seixas.
Magnífica fotografia, textos cuidadosamente preparados, um espólio de assombro.
Desde uma Cushman americana de 1945 até às francesas AGF, Scooterrot, Terrot, Mors, Bernardet, Motobecane, Alma -exemplar único no mundo (!) – Simard, Paloma, Riva, Griffon ou Sterva. Já ouviram falar ? Pois estão todas lá. Também há alemãs: Heinkel, MZ, Goggo (geniais!), a extraordinária Maico Mobil (esta sim, a avó das maxiscooters de hoje ), Maicoletta, CityFix, Binz, Zundapp, Venus, Hércules ou DKW. As outsiders e excêntricas Piatti e CZ. A japonesa Fuji. E as italianas Parilla, Aermacchi, Iso ou Guzzi.
Por entre este deslumbre, as Lambretta, Vespa e a Casal Carina quase passam despercebidas.
Esta colecção é uma viagem na espiral do tempo entre 1945 e 1970. Mas não se confina a esses 25 anos. A exposição extravasa esse período, discutindo as origens, dissecando a época de ouro, a massificação do conceito e o seu declínio. E também as razões do ressurgimento no presente, deixando pistas para projectar o futuro. Num diálogo muito curioso com peças de moda do espólio do MUDE.
No final da visita em família, instei a minha pequena Beatriz, de quatro anos, a dizer-me qual tinha sido a sua eleita. Respondeu-me: a que dá para ires tu, a mãe atrás e eu na caixinha ao lado!
Era a Heinkel Tourist 103 A1 com sidecar Steib L200 e atrelado PAV-40, testemunho de um tempo em que as scooters também eram um veículo para a família.
Um acervo privado para despertar os sentidos do público até 24 de Outubro de 2010. Imperdível. Mesmo que não se mude de scooter.
5 comentários:
Ando há 3 semanas para encontrar uma horita livre, para me perder a vaguear por essa exposição. Acho que não passa deste fim de semana.
O livro ficou-me como uma pulga atrás da orelha...
Vasco, deixou-me com água na boca com essa coleção... Só que do outro lado do Atlântico não tenho meios de visita-la e me perder por suas preciosidades. Esse livro é encontrado aonde? Tem como colocar aqui título/autor e preço em Euros?
Abraço,
Leo
Nãoooooooooooooooooooo!!! Mas o que é que te deu, Vasco?? Rápido, ainda vais a tempo! Apaga essa parte sobre a escolha da Beatriz! Se o Rui já é como é com a sua Heinkel, se ele chega a ler isto nunca mais o calamos!!!...
O resto do texto, para não variar, está de grande qualidade! Ao nível da mágnifica e imperdivel exposição que também já tive oportunidade de saborear.
Abraço
Júlio
Beatriz:
Percebi logo que te vi que eras a natural evolução dos gostos dos teus progenitores.
Apesar de óbvia em pessoas de bom gosto, confesso que receei que a tua escolha recaísse em algum secador branquinho ou não com luzes de halogéneo, influênciada pelo que na tua garagem vai aparecendo. Percebo agora que, imune a modas e floreados e apesar da tenra idade, és uma miúda inteligente, de bom gosto e conhecedora do que de bom a vida tem para te dar. Tendo autorização dos teus pais, quando e se eles acharem conveniente, tens uma voltinha prometida e reservada na minha Heinkel e olha lá que não digo isto a todas.
Quanto a ti, Vasco, cuida-te que daqui a nada a miúda vende-te os secadores, novos e velhos e vem ter comigo para lhe arranjar uma... Heinkel, claro.
Conta comigo, miúda.
Cavok e Leo:
O livro não é mais do que o catálogo da exposição que, na minha opinião, vale cada um dos Eur.15 que custa.
A edição é do próprio MUDE, 15000 exemplares, e desconfio que não estará à venda fora da exposição em circuito normal.
Júlio & Rui:
Eu sei que o Rui não se vai calar :)... Mas temos que reconhecer que ele merece saber que a Heinkel tem uma nova fã.
Aposto que, a seu tempo, a Beatriz vai querer cobrar essa voltinha.
Abraço!
Vasco
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