Abro aqui uma excepção ao formato usual do blog (um texto, uma foto), a propósito do Portugal de Lés a Lés 2009. Este evento único - de que me tornei um adepto incondicional, e sobre o qual já escrevi neste espaço a propósito da edição de 2008 - merece agora uma abordagem diferente, ilustrada com algumas fotografias comentadas. O balanço final da nossa participação superou largamente as nossas melhores expectativas. De tal modo que já ficou prometido o regresso em 2010, para além de outros projectos em agenda. As fotografias que se seguem são uma pequeníssima e imperfeita amostra do que o Lés a Lés pode ofererer aos participantes de mente aberta, com curiosidade e vontade de descobrir e aprender. Não substituem, de modo algum, a enriquecedora experiência da participação. Quem gosta mesmo de andar em duas rodas e nunca cruzou o país desta forma original, não faz ideia do que está a perder.
I - 11 de Junho de 2009, 7h52m. A caminho de Boticas, subimos sozinhos o Marão, guardados pelo rail duplo do IP4. A luz rasa vai aquecendo as sombras, o chão mantém-se molhado de um aguaceiro da noite cansada. Conforto-me com a minha viseira escura a 70% e disparo a máquina para este
efeito estranho.
II - A Heinkel prova que está em grande forma e, nas mãos certas, trepa com uma alma que me deixa surpreendido. O saco de desporto seguro pela rede por cima da terceira roda permite uma flexibilidade que vou invejando.
III - Boticas. É neste cenário sereno que somos recebidos com a tradicional simpatia transmontana. Dormiremos aqui, nesta casa com vista privilegiada, bem no centro nevrálgico da partida para o 11º Portugal de Lés a Lés.
IV - Embora não pareça, este registo foi feito quando liderávamos a caravana nos primeiros quilómetros do Prólogo desenhado em torno das Terras de Barroso. Marca os primeiros passos de uma parceria motociclística feliz, que esteja apenas no começo.
V - Apenas um exemplo de uma das várias aldeias tradicionais espalhadas em torno de Boticas, com a simplicidade dos espigueiros e a pedra como matriz. Um dia diferente na bem preservada aldeia de Curros, com mais de 900 motociclistas em descoberta.
VI - Este troço serrano rasga o monte num ambiente quase cru, árido. É difícil imaginar uma encosta mais despida do que a que se apresenta à esquerda da imagem. Aqui a Helix estava muito carregada e isso nota-se no modo como pende para trás no descanso.
VII - Covas do Barroso. Quando visito uma aldeia como esta sinto-me quase sempre na pele de um intruso. Quando a um primeiro sinal tímido se segue um sorriso como este, o receio de ser mal interpretado desvanece-se.
VIII - As tais motos “lógicas” de que falei no lançamento do evento. Estão por todo o lado, de tal modo que se tornam absolutamente banais.
IX - Luís Pinto: é um motociclista à séria. A imagem que ficou do Lés a Lés 2008 foi a da sua Indian Scout de 1928 a desbravar caminho até chegar a Sagres. Este ano, com o número um no dorso, levou esta Harley-Davidson da década de 50. Aqui já nos tinha emprestado cerca de um litro de gasolina da sua lata de combustível suplementar, para obviar a que ficasse seco na Helix. Infelizmente, alguns minutos depois desta fotografia ter sido registada, após termos almoçado juntos no dia do prólogo, o amigo Luís despistou-se sendo forçado a abandonar, com a clavícula fracturada. Desejo-lhe rápidas melhoras e espero vê-lo em 2010.
X - Uma estrada à Lés a Lés, a caminho da monumental aldeia de Vilarinho Seco.
XI - Um pouco de lama que parece perfeitamente inofensiva, mas era traiçoeira. Por muito pouco não caí aqui. Infelizmente houve quem tivesse caído, até de BMW GS, máquinas feitas para estes terrenos.
XII - Rui Tavares a curvar na Heinkel no seu estilo seguro.
XIII - David e Golias: Resquício da protegida indústria dos anos 60 e 70 das motorizadas da zona de Águeda, esta Famel partilha o espaço com duas BMW preparadas para uma viagem ao Pólo Norte.
XIV - À espera da hora de saída no palanque de Boticas para a 1ª Etapa. Seria uma jornada de 412 quilómetros até Castelo Branco.
XV - Descida ao Tâmega, num manto de neblina, 7h33m do dia 12 de Junho, numa zona que brevemente ficará submersa por uma mini-hídrica. A nossa equipa (nº 3) confraterniza com a equipa nº 2, em Norton 500 e Ariel 500, ambas da década de 50, que chegariam a Olhão com um escape preso por arame.
XVI - Paragem para o primeiro controlo da primeira etapa, nas minas romanas em Corta de Covas. Repare-se na guarda das minas recriada com pormenor pela organização.
XVII - O controlo obriga os participantes a visitar a mina e a falar em latim :-).
XVIII - Troço de terra na primeira etapa, a caminho de Murça, com extensão demasiada para máquinas como as nossas. Mas aguentaram… Aqui a Heinkel em modo endurista.
(continua)
3 comentários:
Excelente texto, como não poderia deixar de ser; é assim que temos vindo a ser acostumados.
Fico à espera do resto do relato e para o ano espero poder fazer-vos companhia!
Abraço,
Ricardo
Foram com certeza uns km´s bem saborosos. Ainda estive para vos ver chegar a Castelo Branco, mas não chegou a ser possível. O calor naquela zona estava infernal...
E para o LaL 2010, já decidiste o que vais levar?? Está tudo à espera que nos surpreendas... :)))
Entretanto continua a brindar-nos com as tuas fotos e crónicas. Também elas nos fazem viajar... :)
Abraço
Júlio
P.S. Temos que agendar um almoço...
Richards:
Agradeço o incentivo, e espero ver-te, para o ano, no palanque da partida ;)
Júlio:
A única mágoa deste Lés foi não ter sido possível fundir as Scuderias Granturismo e Sereníssima numa "tri-equipa" ;)
Quanto ao LAL 2010 ainda não sei. Depois da Helix, para continuar a inventar scooters bizarras vai ser difícil. Tinha pensado num sidecar URAL, mas para além de não ser original,não sei se é viável alugar um. Outra ideia (não passa disso) era uma Can-Am, uma tri-moto de estrada futurista.
Também ainda não descartei a possibilidade de uma trail pequena a quatro tempos...
Tudo em aberto!
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