domingo, 21 de junho de 2020

Honda Integra: Scooter #9



E a escolhida é... a Honda Integra, nome de código NC700D!

Trata-se de uma unidade ainda de 2012, pelo que corresponde à primeira série.


Imagem: Honda


A Integra nasceu com base num protótipo datado de 2010, a New Mid Concept, que tive oportunidade de ver ao vivo na Eicma desse mesmo ano. 

A ideia base que esteve na génese do conceito era a de conseguir conciliar com equilíbrio a proteção, facilidade e o sentido prático de uma scooter, com a dinâmica e comportamento de uma moto.

Parece fácil, mas não é. 

Aliás, se fosse fácil haveria muito mais propostas neste segmento híbrido, mas a verdade é que a Integra é, ainda hoje, uma proposta única no mercado, que não foi copiada por ninguém.

Adicionalmente a esta simbiose entre scooter e moto, a Honda propunha-se oferecer de série dois grandes trunfos.

O primeiro era a sofisticada transmissão de dupla embraiagem, que correspondia a uma evolução da primeira DCT instalada na topo de gama VFR1200. 

Esta transmissão permite uma utilização próxima das sensações directas de uma caixa de velocidades tradicional, com a vantagem de ter disponíveis três modos: um drive automático, um modo sport e um modo totalmente manual. Tudo isto era um mundo novo face ao delay típico das embraiagens de variação contínua presentes nas scooters modernas. E sem qualquer perda de facilidade de utilização.

O segundo era um motor radicalmente diferente, em conceito, tecnologia, economia e facilidade de manutenção. 

Este motor de 670cc nasceu de uma folha em branco, em que a Honda fez questão de ouvir as necessidades de utilização real dos seus clientes. Deste estudo saiu um motor compacto, leve, com um baixo centro de gravidade,  que privilegia o binário a baixa e média rotação, e ao mesmo tempo permite consumos muito comedidos e intervalos de manutenção alargados face a propostas de capacidade equivalente.

Muitos desdenham este motor. Eu sou adepto de motores rotativos, mas não me apetece sempre um motor rotativo. Pelo contrário, é muito raro estar suficientemente entusiasmado para precisar dele na vida real. É por isso que este motor faz muito sentido numa scooter-moto de utilização diária. É suave, disponível e elástico na faixa em que tem que o ser.

Apesar de em Portugal ter ficado longe do sucesso que atingiu noutros mercados com mais expressão, a Integra ainda se mantém no catálogo, oito anos depois. É uma scooter-moto que custa, a preço de hoje, cerca de dez mil euros. Bastante acima das NC750X e S, e abaixo da X-ADV. 

Ainda é um conceito válido e parece-me, hoje, uma scooter-moto muito mais moderna do que a idade faria supor. 

Nos primeiros dias com a minha Integra consegui rolar por pouco mais de duzentos quilómetros. Ainda muito pouco para descobrir se a Honda conseguiu fundir o melhor de uma scooter com uma moto.

O que vos parece a Integra?    


Primeira Viagem: Três DCT: X ADV, Integra, Africa Twin





















terça-feira, 16 de junho de 2020

Fui às Compras





A ida a solo à Serra da Estrela na X8 trouxe-me mais do que o prazer da viagem.

Quem me conhece e vai acompanhando estas aventuras sabe que nos últimos três anos uma preocupação central que me vem condicionando este gosto tem sido a coluna.  

Com um acompanhamento mais intenso e profissional e alguma disciplina e investimento meus em especial desde Janeiro, os primeiros resultados começam a aparecer. Não sei se estão já suficientemente consolidados, e seguramente que exigem mais trabalho e dedicação contínua, mas o facto é que dei por mim a viajar na X8 várias horas sem sequer me lembrar das dores. 

Quem sabe do que estou a falar sabe também que estas recuperações não têm preço. Podermos fazer a nossa vida com limitações de mobilidade mínimas, quase insignificantes face ao que nos é permitido fazer, e observando apenas algumas regras e exercícios básicos, é toda uma nova realidade pós primeira crise de coluna de 2017. 

Nos dias seguintes à chegada da Serra convenci-me que é possível, com os tais cuidados e disciplina, voltar a uma realidade de viagem em moto/scooter aproximada, em termos de duração e extensão, do que já fiz e que tanto gozo me dá.

Com esta crença em mente, e com o avançar natural da linha da vida, há uma série de projectos que se vão progressivamente tornando mais nítidos, prementes e importantes concretizar. No que a este blog diz respeito, isso passa por explorar outras opções no catálogo motociclístico.

Até hoje a garagem estava preenchida com três scooters: a Bianca, uma Vespa moderna a quatro tempos (Vespa GTS 300 Super ´2010), a Sogni D´Oro, uma Lambretta clássica a dois tempos (Li 150 Golden Special de 1966), e a sem abrigo do conjunto, a Piaggio X8 200 de 2004, para um uso quotidiano despreocupado em Lisboa.

Hoje comprei uma outra opção, amadurecida em pouco mais de vinte e quatro horas, mas que em certo sentido já estava numa gaveta semi-fechada na minha mente à espera de uma oportunidade. E parece fazer bastante sentido nos tempos mais próximos.

A curto-médio prazo vou voltar a reduzir de quatro para três. E não descarto que a nova aquisição seja a premiada para sair.

Veremos primeiro se corresponde às minhas expectativas e se e por quanto tempo ficará.

Aceitam-se palpites, na caixa de comentários, sobre que opção é.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

946 Dior




A Piaggio acaba de anunciar mais uma versão especial da sua scooter bandeira, a 946.

A 946 original é uma scooter de que gosto desde o início, pois apesar do seu preço astronómico é algo mais do que um exercício de estilo para aparecer em revistas, como tentei evidenciar num post anterior.  

Para continuar a não ser original a Vespa volta a explorar o filão da moda, depois da Armani para quem fez outra 946, unindo agora esforços com outro parceiro do mesmo universo, a francesa Christian Dior do gigante do luxo LVMH.


A anterior versão Armani parece elegante perto da nova Dior.





Só tive acesso a estas imagens de hoje, mas parece-me que não se esforçaram muito. Tudo o que é possível ver nas fotografias divulgadas são sinais de ostentação óbvios e referências nada subtis à marca francesa, num conjunto pretensioso e que podia ter sido pensado por um proprietário fanático (?) da Dior com pouca imaginação.

Fica assim a interrogação: porquê despender com alegria cerca de dez mil euros neste exercício, com uma scooter que parece um objecto de decoração contrafeito e pejado de "torneiras de ouro"?

Haverá com certeza almas com bolsos suficientemente fundos para levar para casa uma destas 946 e seus imprescindíveis acessórios. Nada contra, não é o meu dinheiro.

Mas ao lado desta Dior, a 946 original parece um produto sensato. 





(Imagens Piaggio)

Regresso à Serra





Em circunstâncias normais dois dias livres na agenda para passear a solo de scooter já é um luxo. Mas como todos sabemos estes não são tempos normais. Qualquer passeio mínimo em dois mil e vinte parece-nos mais nítido, estamos mais atentos, como se estivéssemos a viver o primeiro. Ou o último. A experiência, muitas vezes pouco valorizada, passa a ser crua e intensa. Tudo é magnificado pela urgência, pelo medo de não podermos repetir.


Talvez isso explique por que razão preferi voltar à Serra da Estrela. Oferece-me uma quase inesgotável fonte de beleza natural, por vezes capaz de me emocionar. É simplesmente o meu lugar. Não nasci ali, nunca lá vivi ou trabalhei, não tenho origens familiares na Serra. Mas volto várias vezes com o entusiasmo íntimo de sempre. Até intensificado quando vou a solo, porque isso me permite parar para observar, fotografar ou explorar sem ser chato para ninguém. Praticar a observação no meu ritmo. Uma das minhas definições preferidas de luxo.