sexta-feira, 12 de junho de 2020

Regresso à Serra





Em circunstâncias normais dois dias livres na agenda para passear a solo de scooter já é um luxo. Mas como todos sabemos estes não são tempos normais. Qualquer passeio mínimo em dois mil e vinte parece-nos mais nítido, estamos mais atentos, como se estivéssemos a viver o primeiro. Ou o último. A experiência, muitas vezes pouco valorizada, passa a ser crua e intensa. Tudo é magnificado pela urgência, pelo medo de não podermos repetir.


Talvez isso explique por que razão preferi voltar à Serra da Estrela. Oferece-me uma quase inesgotável fonte de beleza natural, por vezes capaz de me emocionar. É simplesmente o meu lugar. Não nasci ali, nunca lá vivi ou trabalhei, não tenho origens familiares na Serra. Mas volto várias vezes com o entusiasmo íntimo de sempre. Até intensificado quando vou a solo, porque isso me permite parar para observar, fotografar ou explorar sem ser chato para ninguém. Praticar a observação no meu ritmo. Uma das minhas definições preferidas de luxo.  












2 comentários:

Julio disse...

Como eu te percebo, caro amigo... no outro dia peguei na mota, depois de uma longa paragem imposta pelo confinamento, e a sensação de voltar a rolar foi incrível. Saboreei tudo com mais intensidade. E não foi um passeio até à Serra, foi mesmo só uma pequena volta nas redondezas. Este teu relato abriu-me o apetite para uma volta a solo, com tempo, e por locais assim magníficos como a Serra. Também aprecio esse luxo que é ao mesmo tempo uma necessidade básica.
Um abraço

VCS disse...

Júlio,
Deve haver explicação científica para este gozo que é viajar de moto/scooter. É daqueles pequenos prazeres de que, enquanto puder, não estou disposto a abdicar. O tal luxo que é uma necessidade básica para o nosso bem estar interior. Ajuda a arrumar a cabeça, a espairecer, a conhecer e a ver mais claro.
Abraço,
Vasco