(Parte 1 aqui)
A manhã acordou quente, com a Serra da Marofa em fundo. Ficámos num modesto hotel em Figueira de Castelo Rodrigo, e iríamos voltar a descer para retomar o percurso definido no Lés a Lés 2017, em Pinhel, cidade das mais antigas de Portugal, com mais de 250 anos.
Enquanto preparávamos as scooters e carregávamos a bagagem, olhei pela primeira vez com preocupação para o desgaste do pneu traseiro da X8. Tinha feito as contas a uma substituição imediatamente a seguir à viagem, atendendo não só ao desgaste relativamente tímido até às vésperas do arranque, como também ao composto pouco macio do pneu em causa, a fazer jus à marca inscrita nos flancos: Duro. A verdade é que o calor era muito e já se sabe que rodas de pequeno diâmetro a fazer muitos quilómetros no verão, sofrem um desgaste muito acentuado. A ideia era, por isso, vigiar de perto esta deterioração rápida.
Depois de uma fotografia em Pinhel, saímos para o Sabugal e o seu castelo de cinco lados. É também um clássico de outras viagens, por vezes vimos aqui no Passeio à Serra da Estrela do Vespa Clube de Lisboa. As paragens monumentais continuaram na Sortelha, de onde descemos para o Alcaide, através de um troço estreito e paralelo à nacional que não conhecia e me ficou na retina: pareceu-me uma maravilha para fazer uma Regularidade. Pena não ser mais perto de Lisboa. Depois disso, uma paragem deliciosa para visitar as minhas duas meninas na piscina ajudou a matar saudades.
A etapa oficial terminava às cinco da tarde no Fundão. Nós passámos muito mais cedo, nem era bem hora de almoço. A ligação à etapa seguinte oferecia a descida ao Vale do Zêzere, por Janeiro de Cima, e fazia a transição para sudeste, até Vila Velha de Ródão, Nisa e Póvoas e Meadas. O calor no Alentejo era insuportável.
Ao pararmos em Póvoas e Meadas para nos refrescarmos num tasco alentejano, abrigados na sombra, voltei a inspecionar o pneu traseiro da X8. Tínhamos ainda dia e meio de estrada pela frente. Pelos meus cálculos, era já certo que se não resolvesse o problema, seguramente que pelo menos no dia seguinte iria furar. E se isso acontecesse, era o fim do passeio. A X8 não é uma Vespa !
Procurámos por oficinas próximas, e foi-nos dito que talvez em Portalegre conseguíssemos. Tínhamos, porém, um ligeiro problema: eram quatro e meia da tarde de sexta feira. E dia de Portugal-Espanha no Mundial de Futebol ! Estava mesmo a ver-se que ia arranjar uma oficina às seis da tarde para mudar um pneu que eu não tinha encomendado, nem marcado, da medida certa para a roda traseira da X8, à hora do jogo !…
Retomámos a estrada em direção a Castelo de Vide e daí para Portalegre. Estava indeciso se valeria a pena entrar no centro para explorar hipóteses de oficinas mas, à última, abri o pisca e entrámos em Portalegre. Três ou quatro perguntas depois, encaminharam-nos para duas oficinas na zona industrial.
Na primeira já estavam a arrumar as ferramentas e a fechar mais cedo para assistir ao duelo ibérico:
-"Se houver, é ali na MP1 que poderão encontrar."
Depois de andarmos perdidos pela vasta zona industrial de Portalegre, lá encontrámos a MP1Motos.
Algum aparato inerente a três Vespa clássicas fortemente carregadas de material de viagem, e a história de virmos de Figueira de Castelo Rodrigo deve ter tido algum impacto no amolecimento do coração do dono da oficina, pois acabou por disponibilizar um dos seus mecânicos para a tarefa, apesar de no ecrã televisivo da oficina já se ouvir a Portuguesa antes do início do jogo !
- "E pneu, há ?"
- "Olhe, tenho aqui um Michelin Citygrip 130/70/12".
- "É mesmo esse !"
Que sorte monumental.
Enquanto o pneu velho se separava da jante e o trabalho ia decorrendo, íamos tendo um olho no jogo, e outro em algumas curiosidades na oficina, um duo de AJP novas, prontas a entregar, e uma colecção de Datsun 1200 em diferentes estados de decomposição.
Depois de uma fotografia em Pinhel, saímos para o Sabugal e o seu castelo de cinco lados. É também um clássico de outras viagens, por vezes vimos aqui no Passeio à Serra da Estrela do Vespa Clube de Lisboa. As paragens monumentais continuaram na Sortelha, de onde descemos para o Alcaide, através de um troço estreito e paralelo à nacional que não conhecia e me ficou na retina: pareceu-me uma maravilha para fazer uma Regularidade. Pena não ser mais perto de Lisboa. Depois disso, uma paragem deliciosa para visitar as minhas duas meninas na piscina ajudou a matar saudades.
A etapa oficial terminava às cinco da tarde no Fundão. Nós passámos muito mais cedo, nem era bem hora de almoço. A ligação à etapa seguinte oferecia a descida ao Vale do Zêzere, por Janeiro de Cima, e fazia a transição para sudeste, até Vila Velha de Ródão, Nisa e Póvoas e Meadas. O calor no Alentejo era insuportável.
Ao pararmos em Póvoas e Meadas para nos refrescarmos num tasco alentejano, abrigados na sombra, voltei a inspecionar o pneu traseiro da X8. Tínhamos ainda dia e meio de estrada pela frente. Pelos meus cálculos, era já certo que se não resolvesse o problema, seguramente que pelo menos no dia seguinte iria furar. E se isso acontecesse, era o fim do passeio. A X8 não é uma Vespa !
Procurámos por oficinas próximas, e foi-nos dito que talvez em Portalegre conseguíssemos. Tínhamos, porém, um ligeiro problema: eram quatro e meia da tarde de sexta feira. E dia de Portugal-Espanha no Mundial de Futebol ! Estava mesmo a ver-se que ia arranjar uma oficina às seis da tarde para mudar um pneu que eu não tinha encomendado, nem marcado, da medida certa para a roda traseira da X8, à hora do jogo !…
Retomámos a estrada em direção a Castelo de Vide e daí para Portalegre. Estava indeciso se valeria a pena entrar no centro para explorar hipóteses de oficinas mas, à última, abri o pisca e entrámos em Portalegre. Três ou quatro perguntas depois, encaminharam-nos para duas oficinas na zona industrial.
Na primeira já estavam a arrumar as ferramentas e a fechar mais cedo para assistir ao duelo ibérico:
-"Se houver, é ali na MP1 que poderão encontrar."
Depois de andarmos perdidos pela vasta zona industrial de Portalegre, lá encontrámos a MP1Motos.
Algum aparato inerente a três Vespa clássicas fortemente carregadas de material de viagem, e a história de virmos de Figueira de Castelo Rodrigo deve ter tido algum impacto no amolecimento do coração do dono da oficina, pois acabou por disponibilizar um dos seus mecânicos para a tarefa, apesar de no ecrã televisivo da oficina já se ouvir a Portuguesa antes do início do jogo !
- "E pneu, há ?"
- "Olhe, tenho aqui um Michelin Citygrip 130/70/12".
- "É mesmo esse !"
Que sorte monumental.
Enquanto o pneu velho se separava da jante e o trabalho ia decorrendo, íamos tendo um olho no jogo, e outro em algumas curiosidades na oficina, um duo de AJP novas, prontas a entregar, e uma colecção de Datsun 1200 em diferentes estados de decomposição.
A simpatia da equipa da MP1Motos valeu-me o momento sortudo da jornada, e nem sequer me exigiu um sobrepreço digno desse nome, paguei Eur.70 pelo pneu e montagem. Tendo em conta as circunstâncias, foi quase um milagre.
Aliviado não só por poder continuar a viagem, mas também por não ter estragado a dos meus amigos, e ainda a pensar no golpe de sorte, seguimos para Arronches pelo trajecto previamente definido, gozando as longas rectas ondulantes com o mais ameno sol de fim de tarde de Junho, a saber ainda melhor com a viseira aberta.
O destino de final de dia era Cabeço de Vide, onde ficámos num monte com óptimas condições. Vimos a parte final do jogo no restaurante local, onde jantámos, e regressámos ao monte para uma lição de mós tradicionais dada pelo Miguel, e uma jam session frustrada de trompete, numa performance orquestrada pelo quarteto 4 on Tour.