E se uma scooter tivesse quatro rodas ? Seria
um micro-carro.
É por essa razão que se justifica uma
referência neste blog a um veículo como o Vespa 400.
A história fugaz deste simpático micro-carro
conta-se em meia dúzia de parágrafos.
Terminada a segunda guerra e após os primeiros anos
de rápido crescimento económico, em que as scooters desempenharam um
papel relevante, construtores como a Heinkel ou a Vespa tentaram a sua sorte
oferecendo veículos com mais rodas. O plano era ir ao encontro dos novos
anseios de transporte motorizado: mais completo e
confortável do que a scooter, mas a preços comportáveis.
No
caso da Vespa, o problema começou por chamar-se Fiat. Em Itália, o
poderoso grupo de Turim ditava as regras politicamente e não podia permitir que
a Piaggio tivesse o mesmo tipo de impacto no mercado automóvel que
teve com a scooter Vespa, nas duas rodas.
Impedida
de construir em Itália, a produção acabou por se realizar na ACMA (Atelier de
Construction de Motocycles et Automobiles), instalação em França onde já se
produziam as scooters Vespa, e que tinha capacidade fabril para alargar a
produção a um novo projecto.
Depois
de vários anos de desenvolvimento desde o início da década de 50, o Vespa 400 foi apresentado em Monte Carlo,
em 1957, na presença de três pilotos de Grande Prémio, entre eles o
pluricampeão argentino Juan Manuel Fangio.
Chassis
e carroçaria em aço, comprimento de 2,85 metros, com dois lugares à frente e
dois lugares simbólicos atrás, tecto em lona rebatível, portas suicidas e um
pequeno painel de instrumentos, com a informação básica onde se destaca
o velocímetro, por detrás do elegante volante em baquelite. A suspensão
era independente às quatro rodas (!) e os travões de tambor.
O
motor, como não podia deixar de ser, cumpria o ciclo dois tempos,
refrigerado a ar, montado atrás, e de lubrificação através de mistura na
gasolina, nas primeiras unidades. Mas ao contrário dos motores de scooter, o do
400 seguia a mesma lógica da multiplicação das rodas: tinha dois
cilindros. A potência ascendia aos 12 cavalos, para cerca de 380 quilos de
peso. A velocidade máxima andava em torno dos 90 quilómetros hora, um
pouco mais com condições favoráveis. Se acabaram de esboçar um sorriso, saibam
que este automóvel correu, à época, no Rally de Monte Carlo, e não era tão
lento na neve quanto os 12 cavalos fazem antever.
A
produção decorreu sempre na ACMA, e apenas entre 1957 e 1961. Depois
de um primeiro ano forte, as vendas começaram a decair, e nem a inclusão da
lubrificação separada, uma das principais críticas ao modelo original, fez
inverter a tendência de descida.
Esta
unidade que vêem nas imagens é um Vespa 400 vendido originalmente em Portugal,
e está pintado no bonito azul claro que é a cor mais tradicional do modelo.
Ressalta e permite admirar a beleza dos detalhes da única aventura em
quatro rodas da Vespa.
3 comentários:
Bem explicado.
Um dia destes, no Mago das Heinkel do Norte, vi lá a maior aventura das Piaggio em 3 rodas! Um Ape 600. Enoooooorme.
Creio que o dono está a pensar assassinar o mesmo, convertendo-o numa micro caravana.
Vou tentar fotografa-lo antes, se ainda for a tempo.
Rui,
Um Ape 600 seria um belo veículo de assistência para as aventuras de Junho.
Não queres salvá-lo ?
Abraço,
Vasco
Ape?!
I'm in!
abç,
p
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