segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O Escudo e o Frio




A X8 continua a cumprir a tarefa de percorrer parte da cidade de Lisboa em conforto e apreciável desembaraço.

O conforto aumentou significativamente com uma adição recente, muito popular entre as scooters lisboetas: o Termoscud da Tucano Urbano.

Assim que comprei a X8 no verão, comecei logo a procurar um Termoscud nos classificados, o R045 ou o R045X, especificamente desenhados para as Piaggio X8 e X Evo. 

Ao fim de pouco tempo descobri que, na verdade, só um golpe de sorte me permitiriua encontrar um usado, para além de que o preço provavelmente também não seria suficientemente convidativo. Com as temperaturas a descer até ranger os dentes, rendi-me e encomendei um na loja do costume, a incontornável Oldscooter.

Assim que o montei percebi duas coisas: que a Tucano Urbano é péssima a desenhar e a descrever instruções; e que o acessório vale cada euro que custa.

Instalar o Termoscud na X8 até é fácil, sendo que o acesso aos furos atrás da roda da frente não é algo que se consiga sem algum contorcionismo circense. Por comparação, fixar as últimas tiras inferiores é facílimo. O pior é que acabei por descobrir que elas não devem ser colocadas aproveitando os furos de fixação dos painéis plásticos, mas mais atrás no painel inferior. O que implica escarafunchar o plástico com dois novos furos. Se assim não fizerem, vai entrar frio pela lateral do termoscud. Claro que as instruções são omissas quanto a estes pressupostos, o que significa que só por sorte a montagem vai sair bem à primeira. Em resumo, não sigam as instruções do fabricante.

Depois destas afinações, a temperatura a bordo da cintura para baixo passa a ser semelhante a um ar condicionado num automóvel. Se adicionarmos a este conforto o ecrã alto, que também desvia algum frio das mãos, temos algo próximo do conforto de uma Bimmer de seis cilindros pelo preço de uma... revisão da Bimmer.

Estou rendido à X8.

O que me falta ?

Se pudesse pedir alguma coisa para instalar teria apenas três letras: ABS. Seria muito útil. A travagem à chuva tem que ser muito criteriosa nos vários tipos de piso, para evitar armadilhas. É sempre melhor jogar com muita antecipação, o que exige disciplina. Não que os travões não sejam potentes, porque são. A questão é que em piso molhado não é fácil doseá-los, e bloquear travões numa scooter em contexto de cidade significa abusar da sorte.

O que ganhei e não preciso ?

Uma piscina em dias de chuva. Se a chuva for intensa, dá para trazer peixes de aquário para a bacia hidrográfica que se forma no topo do Termoscud.

À chuva também é fácil varrer (!) com menos de vinte cavalos, se quisermos ser impetuosos com o acelerador. Mas esta é uma limitação que só se sente sendo bruto, e a verdade é que muito raramente apetece ser hooligan numa scooter como a X8.

2 comentários:

Rui Tavares disse...

Se morasses no Porto usavas um Termoscud modelo Burka. E se os houvesse eu também. Começo cada vez mais a sentir vontade de ter um secador de plástico. Mas isto passa-me

VCS disse...

Rui,

Vou deixar um papelinho com o teu número de telefone na X Evo que lá está à porta a pedir para ser levada como um cachorro abandonado.
Sugiro que nesta quadra natalícia, propícia à reflexão, vás repetindo interiormente a frase: "Eu preciso de um aspirador".

Abraço,
Vasco