terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Vespa 400 - A Arte de Duplicar





E se uma scooter tivesse quatro rodas ? Seria um micro-carro. 
 
É por essa razão que se justifica uma referência neste blog a um veículo como o Vespa 400.
 
A história fugaz deste simpático micro-carro conta-se em meia dúzia de parágrafos. 
 
Terminada a segunda guerra e após os primeiros anos de rápido crescimento económico, em que as scooters desempenharam um papel relevante, construtores como a Heinkel ou a Vespa tentaram a sua sorte oferecendo veículos com mais rodas. O plano era ir ao encontro dos novos anseios de transporte motorizado: mais completo e confortável do que a scooter, mas a preços comportáveis.
 
No caso da Vespa, o problema começou por chamar-se Fiat. Em Itália, o poderoso grupo de Turim ditava as regras politicamente e não podia permitir que a Piaggio tivesse o mesmo tipo de impacto no mercado automóvel que teve com a scooter Vespa, nas duas rodas.
 
Impedida de construir em Itália, a produção acabou por se realizar na ACMA (Atelier de Construction de Motocycles et Automobiles), instalação em França onde já se produziam as scooters Vespa, e que tinha capacidade fabril para alargar a produção a um novo projecto.
 
Depois de vários anos de desenvolvimento desde o início da década de 50, o Vespa 400 foi apresentado em Monte Carlo, em 1957, na presença de três pilotos de Grande Prémio, entre eles o pluricampeão argentino Juan Manuel Fangio. 
 
Chassis e carroçaria em aço, comprimento de 2,85 metros, com dois lugares à frente e dois lugares simbólicos atrás, tecto em lona rebatível, portas suicidas e um pequeno painel de instrumentos, com a informação básica onde se destaca o velocímetro, por detrás do elegante volante em baquelite. A suspensão era independente às quatro rodas (!) e os travões de tambor.
 
O motor, como não podia deixar de ser, cumpria o ciclo dois tempos, refrigerado a ar, montado atrás, e de lubrificação através de mistura na gasolina, nas primeiras unidades. Mas ao contrário dos motores de scooter, o do 400 seguia a mesma lógica da multiplicação das rodas: tinha dois cilindros. A potência ascendia aos 12 cavalos, para cerca de 380 quilos de peso. A velocidade máxima andava em torno dos 90 quilómetros hora, um pouco mais com condições favoráveis. Se acabaram de esboçar um sorriso, saibam que este automóvel correu, à época, no Rally de Monte Carlo, e não era tão lento na neve quanto os 12 cavalos fazem antever.   
 
A produção decorreu sempre na ACMA, e apenas entre 1957 e 1961. Depois de um primeiro ano forte, as vendas começaram a decair, e nem a inclusão da lubrificação separada, uma das principais críticas ao modelo original, fez inverter a tendência de descida. 
 
Esta unidade que vêem nas imagens é um Vespa 400 vendido originalmente em Portugal, e está pintado no bonito azul claro que é a cor mais tradicional do modelo. Ressalta e permite admirar a beleza dos detalhes da única aventura em quatro rodas da Vespa.

 
  
















3 comentários:

Rui Tavares disse...

Bem explicado.
Um dia destes, no Mago das Heinkel do Norte, vi lá a maior aventura das Piaggio em 3 rodas! Um Ape 600. Enoooooorme.
Creio que o dono está a pensar assassinar o mesmo, convertendo-o numa micro caravana.
Vou tentar fotografa-lo antes, se ainda for a tempo.

VCS disse...

Rui,

Um Ape 600 seria um belo veículo de assistência para as aventuras de Junho.
Não queres salvá-lo ?

Abraço,
Vasco

Anónimo disse...

Ape?!

I'm in!

abç,

p