Este anúncio publicitário de Setembro de 1955 da Sociedade Comercial Guérin representa, para além de um pedaço de história do Vespa Clube de Lisboa, um testemunho de um tempo com outras referências.
Corridas ou provas em estrada aberta nos anos cinquenta não eram vistas como uma actividade condenável e clandestina. Eram promovidas através da publicidade institucional do importador !
É importante lembrar que o tráfego era uma realidade muito diferente dos nossos dias. O próprio conceito de segurança era acessório e raramente destacado num anúncio publicitário, em detrimento da performance. Julgo que o enquadramento da época beneficiava também do sucesso colossal de provas automobilísticas em estrada aberta, de que eram o expoente máximo as loucas Mille Miglia ou a Carrera PanAmericana, que viriam a ser proibidas anos mais tarde, na sequência de trágicos acidentes. A verdade é que nos anos cinquenta valia quase tudo.
Aqui é o importador, a Guérin, com uma óptima relação com o então recentemente fundado Vespa Clube de Lisboa - 1954 - , que promove, por seu intermédio, uma ligação Lisboa-Faro em três Vespa GS 150 com um resultado homologado pelo Moto Clube de Lisboa a uma média de 75,7 quilómetros por hora.
Com as estradas da época, os quase trezentos quilómetros de ligação em três horas, cinquenta e seis minutos e quinze segundos (!) representavam um argumento que (in)seguramente atestava a capacidade, resistência e prestações do modelo Vespa de topo, a Gran Sport 150.
Curioso é fazermos um exercício de transposição deste evento publicitado para os dias de hoje. Seria difícil repetir o feito, com as mesmas máquinas e percurso semelhante. Mas estava longe de ser impossível. Impensável seria mesmo publicitá-lo nos mesmos termos.
2 comentários:
Gostava de regressar uns anos atrás e fazer essa prova de lambretta. Hoje, tenho a certeza que fazia esse mesmo percurso com média mais alta.
Duarte,
Há um pormenor no anúncio que eu não destaquei, mas que não é irrelevante: as máquinas eram "Vespa 150 GS rigorosamente de série". Não valia ir de Lambretta armado até aos dentes com material que não fosse stock...
Por outro lado, confesso que não sei qual o itinerário disponível nos anos 50 e que terá sido escolhido para a prova, se foi feita de dia ou à noite, entre outros detalhes que seria interessante conhecer.
Abraço,
Vasco
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