A Sereníssima é uma Scuderia habituada a superar o desafio do Lés a Lés. Muito em especial o Rui Tavares, nos dois anos em que levou a Heinkel, sendo que em 2009 fomos os primeiros a subir à chegada a Castelo Branco, proeza que ainda hoje não voltámos a repetir. Os objectivos para este ano eram os mesmos de então. Divertirmo-nos, procurando cumprir o percurso no tempo concedido no road-book, apesar da desvantagem decorrente da respeitável idade e limitada performace das máquinas, o que é para nós uma motivação adicional.
Sucede que este ano tivemos dois factores novos na equação.
Por um lado, a presença de mais uma Vespa, uma P177, nas mãos do Paulo também do ScooterPT, que fez a viagem para norte comigo. O Paulo estreava-se num Lés a Lés, tinha um companheiro de equipa emparelhado pela organização que nunca compareceu à hora no palanque, e corria com o número dezassete no escudo. Ou seja, logo atrás da nossa equipa, a dezasseis.
Por outro lado, o quarteto de Lambrettas do ScooterPT. Também com números contíguos ao nosso, o catorze e o quinze.
Com este grupo de sete junto na estrada e nas pausas, era natural a empatia, a cumplicidade e até a similitude de andamento, já que se tratava de seis scooters clássicas, com a CN a ser, como habitualmente, o corpo estranho, o ovni pré-clássico, a única automática e a quatro tempos.
As participações da Sereníssima têm-se saldado, no máximo, por atrasos de vinte minutos a meia hora no final das etapas. Este ano, na primeira etapa perdemos cerca de uma hora e um quarto, mas com um furo pelo meio e ainda falta de gasolina, sempre na T5.
Na segunda etapa, o atraso ultrapassou as três horas (!). A DL do Totti fez uma birra de carburação perto de Mombeja, voltámos a limitar o andamento pelos problemas de excesso de consumo da T5, quase duplicámos as necessidades de reabastecimento, e o Rui ainda teve que compensar "no braço" um amortecedor partido. Experimentei a T5 durante a prova e fiquei a admirar ainda mais a condução regular e segura do Rui, algo que manifestamente me senti incapaz de fazer nos quilómetros em que conduzi a T5 Pole Position.
Os intercomunicadores que tínhamos testado com sucesso na Serra não funcionaram. Voltámos a usar, e com sucesso, as velhas técnicas de comunicação em andamento. De poucos gestos precisámos, tal é o entendimento da equipa. Obrigado, Rui !
Apesar de todas as vicissitudes, e até da simbólica falta de luz nos leitores de road-book na parte final da etapa já noite fora em Aljezur, a verdade é que chegámos. E acreditem que, numa perspectiva humana, de convívio, espírito de entreajuda e coesão de grupo, talvez tenha sido um dos melhores Lés a Lés de sempre. Foi enriquecedora a experiência, com vários personagens novos num contexto diferente, perfis distintos mas complementares no seio da equipa alargada. Com o perfume extra que emergia da incerteza quanto à fiabilidade de Lambrettas com quase meio século. Pela primeira vez em vários anos, saí de um Lés-a-Lés com a motivação certa para inscrever-me já no próximo.
Imagens 1, 2 e 4 adquiridas aos fotógrafos oficiais.
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