terça-feira, 19 de março de 2013

Atlas até à Estrela (II)






No Inverno a Estrela não é segura, importa sempre um risco acrescido. Não é amena, o frio em Março é obrigatório. Não é prática, exige várias camadas de têxtil sobre a pele. Não é óbvia, a não ser que se levem skis para a neve. A atracção não é fácil de explicar. Nem devemos rotular como lógica uma viagem de cerca de trezentos quilómetros em sete ou oito horas, com um número de curvas confortavelmente na escala dos quatro dígitos. Mas a Estrela é isso. É observar a natureza no que ela tem de mais poderoso. É sentir que não controlamos tudo, nem queremos controlar. É não saber se vamos conseguir descer a rampa da Pousada sem cair no meio do gelo e da neve. É entrar com a scooter num banco de neve só para a imaginar como um barco na Antártida. E sentirmo-nos miúdos outra vez. É tentar adivinhar se vamos conseguir subir às Penhas se entretanto cair um nevão. É o petisco regional, o passeio espontâneo. É a amizade que se forja à chuva e ao vento, e se celebra à mesa. Unida pelo gosto por rodas quase ridículas. A Estrela não é racional. É especial.  


























6 comentários:

Máximo disse...

Obrigado Vasco, pelo teu relato, e acima de tudo pela tua companhia.

Foi, mais uma vez, épico!

Rui Tavares disse...

E é ainda a racionalidade da irracionalidade bem misturada com celebração de amizade

VCS disse...

Máximo,

É um prazer e um privilégio gozar o convívio do nosso clube. Tive pena de não regressar convosco para sul, mas o horário era apertado e não podia arriscar ir no "comboio lento".

Um abraço,

Vasco

VCS disse...

Rui,

Por falar em irracionalidade, é a expressão que me vem à cabeça quando enfias a T5 no banco de neve...

Abraço,
Vasco

Tuga100Juízo disse...

:-O
Vocês não batem bem!...


PS: isto sou eu a morrer de inveja!

Paula

VCS disse...

Paula,

Haja alguém que vem aqui dizer umas verdades... :-)


Vasco