Nove da manhã de sábado. Depois
do pequeno almoço, decido rumar a sul, passando a ponte. Sem planos a partir
daí.
Pouco tráfego, manhã fria e muito
cinzenta, mas ainda não chove. O Paulo ontem disse-me que talvez fosse melhor
ir para norte, se quiser fugir à chuva. Agradeci o conselho, mas
apeteceu-me secretamente contrariá-lo,
sem razão aparente.
Vou na X8 e há uma estreia a
confessar: pela primeira vez em alguns milhares de quilómetros em viagens de
scooters, transporto comigo o tripé para a máquina fotográfica. Dentro do porta
bagagens da X8. Entra pela porta traseira e acomoda-se com facilidade como quem
guarda uma pequena cana de pesca numa grande carrinha. Pode parecer um facto
irrelevante, mas podem crer que é um mundo de novas possibilidades. Nem sei como
ainda não me tinha lembrado de experimentar.
Estive para ir por Sesimbra, mas
decido seguir em frente e acabo por só sair na Marateca, apanhando a N4. Não me
apetece ir a Évora, onde passei há pouco mais de um mês, e a primeira paragem
acaba por ser Montemor-o-Novo.
A ideia de ter tudo planeado em
viagem aborrece-me. Especialmente se esse planeamento implicar pouca margem
para explorar, para conhecer fora de uma agenda, ou ver o que ainda não vi.
É também por isso que, para mim, o pequeno prazer de decidir uma direcção em
cima de um cruzamento é tão apelativa. De mudar o curso da história por um
acaso, ou por impulso. Nada será igual.
Ainda na N4, passei por um
cruzamento com uma placa que indicava Barragem dos Minutos, com sinal de
estrada sem saída. Confesso que nunca tinha ouvido falar, nem sequer tinha prestado
atenção nas várias vezes em que aqui passei. Depois de ter passado pelo cruzamento,
decidi voltar atrás.
Descobri que é uma barragem alentejana
que acaba de completar dez anos, e pelo menos hoje ninguém se lembrou de aqui
vir. O espaço está livre para explorar devagar. Boa oportunidade para tirar o
tripé do saco.
Este tipo de descoberta seria impossível para quem gosta de viajar apressado. Para chegar depressa ao destino. Nem sequer via a placa.
Almocei em Arraiolos onde
abasteci e pude verificar a média, em níveis mais razoáveis (4,9 l), depois de o
anterior depósito ter parecido saído de uma experiência da Space X (8,1 l !).
Algo de muito errado se passou. Com a actual afinação da carburação estou com autonomia para duzentos e vinte quilómetros. Mas ainda está a andar pouco para o
que se exige de uma duzentos.
Depois de Arraiolos arranjei uma
boa desculpa para esticar um pouco mais a rota, fui tomar café e um pastel de
Sta Isabel a Estremoz. No regresso, optei por fazer a viagem junto ao Sorraia,
pela N251, por Mora e Couço.
Dias ainda curtos em Fevereiro, cheguei a Lisboa com
as primeiras luzes da grande cidade. A X8 não se queixou e cada vez mais me parece ser uma companhia de
eleição em estrada nacional, muito confortável e relaxante se não estivermos
com pressa.
E ainda me leva o tripé.
5 comentários:
Pronto... retiro o que comentei no post anterior. :-)
Abraço
Paulo,
Não percebi (?)
A Serra está aí à porta. Também vens ?
Abraço,
Vasco
Tens tido uns sábados giros :)
Rui,
Nem por isso. Os últimos tinham sido enfiados no escritório a trabalhar...
Este sim, foi um sábado digno do nome !
Abraço,
Vasco
Fiz um comentário no post anterior depois do Julio que estranhamente desapareceu.
Não me inscrevi para a Serra. Não estou a conseguir programar fins de semana com a antecedência que a reserva da Serra obriga.
Ainda não regresso este ano.
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