Depois de um ano e meio com a Bala (LML 200), a minha segunda LML consecutiva, o regresso a uma scooter sofá parece não ser uma ideia totalmente destituída de sentido.
Qualquer scooter de mudanças manuais para usar na cidade é uma excentricidade. Diverte quando estamos em modo tolo e irrita quando a razão nos visita o espírito. O sentido prático do devaneio é igual a zero, em especial porque hoje existem dezenas de opções competentes no mercado de scooters automáticas.
Como desvantagem da LML também se podem apontar as pequenas rodas de dez polegadas que, contribuindo embora para a maneabilidade excepcional, tornam qualquer irregularidade média na cidade uma onda do Canhão da Nazaré, e qualquer buraco uma cratera. Circular a dois e com pesada bagagem escolar a bordo é aventura diária garantida. Sem dúvida divertido, mas um pouco cansativo.
A favor a LML conta com uma brecagem de cobra, que permite que a scooter passe em qualquer buraco de agulha, muito útil em ruas estreitas ou muito condicionadas. O efeito sorriso automático (ou feel good factor) também é assegurado, ao lado da disponibilidade para as respostas às abordagens de rua ao estilo bonito restauro. Ir de Vespa é sempre um desbloqueador de conversa.
Os tempos e as conjunturas vão mudando. E com essa mudança vem também o impulso para outras e novas experiências, crónicas no meu caso de scooterite.
A conjugação do regresso a Lisboa com as necessidades de transporte diário em scooter durante as quatro estações do ano, e a vontade de ter uma scooter mais anónima e menos apetecível fez-me repensar a estratégia.
No mercado de usados pensei em várias scooters plásticas. Numa Piaggio X7 ou numa Sym Citycom 300, de roda maior e já suficientemente desvalorizadas para poder encontrar um negócio equilibrado, com uma scooter direita, não demasiado velha e gasta.
Nenhum negócio disponível apareceu - também não procurei assim tanto tempo - até que no radar surgiu uma Piaggio X8 200.
Não estava nas minhas cogitações iniciais, mas a verdade é que, ao verificar a minha check list, quase nenhum item ficou por preencher, e desses em que a X8 fica coxa, nenhum era verdadeiramente impeditivo.
Tem um motor de boa memória, pois é exactamente o mesmo da minha antiga Vespa GT 200, e apresenta uma configuração de scooter executiva. Tem muito espaço de arrumação - alberga com facilidade, por exemplo, raquetes de ténis, ou tacos de golf curtos ! - , protecção de vento e chuva com o ecrã alto, e é muito mais curta e alta de assento do que a Nave, a minha antiga e baixíssima Honda CN 250. É também bastante mais curta e leve (!) do que, por exemplo, uma Sym GTS 125, e com menor distância entre eixos. Tem rodas doze e catorze, um bom compromisso para a cidade, sem demasiadas concessões ao comportamento em estrada.
Com treze anos no activo, a X8 há muito que deixou de exigir um cheque inicial pesado, como quando era nova.
No papel, parece, pois, ser uma aposta - por uma vez ! - racional.
Daqui por uns meses, veremos como a ZÉzinha suporta o duro teste da realidade.
10 comentários:
Noticias sempre rápidas por aqui.
Num dia é uma fim das viagens para a LML, noutro dia já há montada nova.
Sem duvida que de vez em quando tem de imperar a razão. Face à tua nova realidade diária parece uma boa escolha e cheia de bom aspecto.
E a LML, fica para brincadeira ou vai ter de ir para os classificados?
Abraço
Fixe!
Oh Ruuiii, temos um motor diferente para estragar... digo arranjar.
abç,
p
Esse trambolho parece uma Top case com um banco em cima.
Bom para levares a miúda à escola e as tuas máquinas fotográficas.
Parece ser estupidamente eficiente e adequada às tuas necessidades. Tanto quanto é totalmente fora da tua zona de interesse. Isso é uma scooter à betinho, com a diferença que ao contrário deles, tu vais usa-la. Será que foi projetada para ser usada? Acho que sim.
Diverte-te porque se continuas muito tempo com ela, qualquer dia até de uma GS gostas.
Resumindo, acho que escolheste bem o que por definição é mau: Um secador de plástico.
Enfim. Tenho de rever a minha lista de amigos... no Facebook. Não quero que se saiba que eu privo com um "secador lover"
A única vantagem que eventualmente posso ver nessa coisa, é a oportunidade de usar as minhas ferramentas para a estrag... arranjar com o Paulo.
Paulo, vamos dar cabo daquilo de vez ou esperamos pelo inverno?
Abraço
Eix... que maravilha! Quando me falaste numa máquina nova lembrei-me da transalp. Não estava preparado para esta surpresa, mas não fiquei nada decepcionado. Uma escolha bem interessante para a utilização que se perspectiva. E esse exemplar está um mimo. Boas voltas! Abraço
Amigo,
Tenho algumas centenas de quilometros feitos numa X8 200. É uma maxi muito simpática e ao estilo "Raimunda invertida" (gira de cara, mas feia de bunda)...
No limite da dimensão para gingar no trânsito, mas muito apta um pouco para tudo... espero que também para "Tamancar" este ano
;-)
Desejo-te boas crónicas com ela, muitos e sorridentes quilómetros... e revê TU a tua lista de amigos. Esse tal de Eng.Tavares que me tem na lista facebookiana e que despreza os secadores de plástico, ainda há-de fazer um lés a lés de PCX ou Today. Hei-de apanhá-lo a babar-se num sofá de policarbonato, sem levar ferramentas e peças debaixo do banco e a dizer "ah e tal e o camandro...".
Beijinhos aos dois LOL
Castanheira,
`
É importante ir renovando a garagem com objectos diferentes, para maximizar as experiências. Por vezes acerta-se, noutras nem tanto.
A Bala por enquanto está por cá.
Abraço,
Vasco
Paulo,
O motor devia ser bastante simples de manter, há muitos por aí a circular e há muito pouca electrónica associada. Nas vossas mãos é canja.
Abraço,
Vasco
Rui,
Não fiques arreliado com a traição ao aço em favor do plástico. :-) A fluidez da minha garagem é uma característica que prezo, tu sabes.
Dando uma volta na máquina ainda vais querer uma para ti !
Abraço,
Vasco
Júlio,
É uma scooter racional, discreta, pouco chamativa e muito adaptada às minhas necessidades actuais.
Não está super impecável, precisa de alguma atenção. Especialmente mecânica e de segurança, mas já comecei a tratar disso. Esteticamente está muito melhor do que as poucas X8 que vou vendo por Lisboa.
A Transalp está cada vez mais longe, e estão a ficar estupidamente caras, não percebo bem porquê.
Abraço,
Vasco
Miguel,
O teu comentário ganhou o prémio de mais divertido, que é precisamente uma volta na X8, embora em rigor tu não precises dele. :-)
Estou a imaginar o Rui a fazer um Lés de PCX e a "babar-se no sofá de policarbonato", sem peças nem ferramentas debaixo do banco !
Abraço!
Vasco
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