A Vespa aproveitou a boleia da 946 para refrescar o seu site internacional. O sítio está graficamente bem esgalhado, embora demasiado cheio de referências a ícones de moda, com pouca história e ainda menos técnica. Nunca fui ao site da Louis Vuitton, mas não deve ser muito diferente. Seja como for, assinala-se que o site vai sendo alimentado com alguma frequência com material novo e, por vezes, com interesse como é o caso do bom vídeo Vespalogy.
A matriz desta página rejuvenescida está, assim, em linha com os valores e estilo que a Piaggio parece querer imprimir na sua marca fetiche: aquele espírito "Martini Terrazza", ou seja, muita festa, poucos quilómetros. Eu tendo a embirrar, mas no fundo não consigo condená-los. Percebo a lógica, e até tolero bastante bem este lado glamour, não deixando de reconhecer que também tenho os meus dias em que me apetece alinhar na onda e comprar, num impulso consumista, um capacete Vespa azul squadra azzurra com a bandeira italiana, embora não precise dele. Mas, no final, a balança pende sempre para os quilómetros e as sensações na estrada, em detrimento da conversa no terraço.
Dito isto, dei uma vista de olhos mais detalhada aos catálogos destinados às Vespa automáticas, quer os oficiais, quer o catálogo da SIP. Queria ver com mais atenção o banco individual ou Corsa para a minha Bianca que a própria Vespa disponibiliza, até porque eu ando sempre a solo na Bianca, o que me parece uma boa desculpa. A minha mulher chama a este tradicional espaço de tempo que antecede uma compra, o meu período de mentalização. No meio da busca pelo tal banco encontrei, com algum espanto, uma série de peças avulsas para a GTS que são nem mais nem menos do que tampas, frisos e protecções em fibra de carbono. Ou carbon look, na expressão oficial dúbia e sem qualquer aviso complementar visível.
Na primeira metade dos anos 80, quando eu comecei a ver Fórmula 1, os chassis eram feitos de alumínio. Pouco depois, com o McLaren MP4, chegou a revolução da fibra de carbono, um material altamente exótico e dispendioso, apenas disponível na competição motorizada de topo ou na aviação. Lentamente a fibra de carbono foi aparecendo em alguns super carros mais exclusivos. Actualmente, podemos encontrá-la em tacos de golf, raquetes de ténis, e até a minha bicicleta de estrada de gama baixa tem uma forqueta em carbono.
Sucede que aí o carbono desempenha uma função tecnicamente diferente do aço ou do alumínio, comporta-se de maneira distinta e tem vantagens directas em termos de peso e performance, embora possa discutir-se se não serão marginais para os resultados obtidos na vida real.
Mas quando a fibra de carbono aparece, como produto de catálogo oficial, numa crista de um guarda lamas, ou no friso inferior de um balon de uma GTS, ela não cumpre qualquer função, não tem qualquer efeito real ou imaginado, a não ser, e isso é seguro, o mais do que discutível aspecto estético. Nem sei o que é pior. Se uma peça em fibra de carbono totalmente inútil, ou se uma película de vinil que pretende ser o que não é. À desvantagem da falsificação opõe-se - presumo - a vantagem do preço. Em qualquer caso, é a aparência que interessa. Ressalvadas as devidas distâncias, não estamos assim tão longe da conversa do terraço.
Imagens: Vespa.com (1) e Scootercrazy.com (2) (3).
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