Em Roma, sê romano. É-me difícil resistir a este provérbio quando me sinto estrangeiro, não necessariamente fora de Portugal. Mas em Roma o provérbio veste-se de um sentido literal.
Oito da manhã de Domingo, vou descendo a Via Cavour até ao fim numa Vespa S 125 bianca. Viro à esquerda e o Coliseu impõe-se-me de frente. Contorno-o no sentido dos ponteiros do relógio, acelerando devagar. Daqui a uma hora estará cheio de gente de máquinas fotográficas em punho.
Absorvo a primeira luz da manhã, e lembro-me da história que contei na véspera à Bi, quando aqui estivemos a mostrar-lhe o Coliseu. Sobre lutas entre homens com armaduras a que chamavam gladiadores, lutas entre leões, e lutas entre homens e leões. Depois lembrei-me que vi o Ben-Hur com sete anos, precisamente a idade dela, seguramente demasiado cedo. O que explica muita coisa. A Bi fez um desenho no diário de viagens, não quis representar o Coliseu enquanto edifício, desenhou e pintou um leão com o título do monumento. Sorri enquanto pensava nessa memória fresca, ao mesmo tempo que encostava para apreciar o Arco de Constantino, quase sem gente em redor.
A S125 deixou-se guiar com gosto por toda a Roma central. Tem a cilindrada ideal para sair com força dos semáforos, e é esguia para passar entre o trânsito quando este se adensa. Perfeita. De Barberini a Trastevere, de Santa Maria Maggiore ao Circo Massimo. Da Cidade do Vaticano ao Quirinale, onde nessa mesma manhã de 28 de Abril o governo de Letta tomava posse e um desempregado revoltado, no Pallazzo Chigi, perpetrava um atentado contra políticos, atingindo dois carabinieri. Foi o caos no trânsito. Mesmo assim, longe do desnorte em scooter que experimentei em Atenas. Comparativamente, é um exercício bem mais arriscado alugar uma scooter na capital grega, onde as regras só existem no papel. Roma dá dez a zero em civilização a Atenas - escorregadia esta palavra, juro que não fiz de propósito.
Não rolamos a ouvir o Concerto de Colónia de Keith Jarrett, como Moretti (nos) faz na homenagem a Pasolini no final deste capítulo. Mas estamos quase lá. Embora não tenha ido a Garbatella ou Monteverdi, como Nanni no filme, soube-me bem vestir a pele de romano. Numa Vespa.
Oito da manhã de Domingo, vou descendo a Via Cavour até ao fim numa Vespa S 125 bianca. Viro à esquerda e o Coliseu impõe-se-me de frente. Contorno-o no sentido dos ponteiros do relógio, acelerando devagar. Daqui a uma hora estará cheio de gente de máquinas fotográficas em punho.
Absorvo a primeira luz da manhã, e lembro-me da história que contei na véspera à Bi, quando aqui estivemos a mostrar-lhe o Coliseu. Sobre lutas entre homens com armaduras a que chamavam gladiadores, lutas entre leões, e lutas entre homens e leões. Depois lembrei-me que vi o Ben-Hur com sete anos, precisamente a idade dela, seguramente demasiado cedo. O que explica muita coisa. A Bi fez um desenho no diário de viagens, não quis representar o Coliseu enquanto edifício, desenhou e pintou um leão com o título do monumento. Sorri enquanto pensava nessa memória fresca, ao mesmo tempo que encostava para apreciar o Arco de Constantino, quase sem gente em redor.
A S125 deixou-se guiar com gosto por toda a Roma central. Tem a cilindrada ideal para sair com força dos semáforos, e é esguia para passar entre o trânsito quando este se adensa. Perfeita. De Barberini a Trastevere, de Santa Maria Maggiore ao Circo Massimo. Da Cidade do Vaticano ao Quirinale, onde nessa mesma manhã de 28 de Abril o governo de Letta tomava posse e um desempregado revoltado, no Pallazzo Chigi, perpetrava um atentado contra políticos, atingindo dois carabinieri. Foi o caos no trânsito. Mesmo assim, longe do desnorte em scooter que experimentei em Atenas. Comparativamente, é um exercício bem mais arriscado alugar uma scooter na capital grega, onde as regras só existem no papel. Roma dá dez a zero em civilização a Atenas - escorregadia esta palavra, juro que não fiz de propósito.
Trouxe comigo alguns filmes feitos a bordo da S125, mas falta-me tempo e saber para os montar de modo a que valham a pena ser mostrados. Para quê estragar Roma assim se podemos fazer esse exercício inspirados no Capítulo I de Caro Diário, de Nanni Moretti.
Não rolamos a ouvir o Concerto de Colónia de Keith Jarrett, como Moretti (nos) faz na homenagem a Pasolini no final deste capítulo. Mas estamos quase lá. Embora não tenha ido a Garbatella ou Monteverdi, como Nanni no filme, soube-me bem vestir a pele de romano. Numa Vespa.
3 comentários:
Já andava preocupado, imaginando que lá tinhas andado de carro.
Rui,
Em Roma de carro não é grande ideia. Até porque tudo se vê a pé, no máximo com a ajuda do metroaté ao Vaticano.
No centro da cidade encontrei quatro rent-a-scooter, com preços razoáveis. As escolhas iam das Kymco People à Vespa GTS 250. Toda uma diferença, por exemplo, para as dificuldades que tivemos em Milão quando lá estivemos na EICMA.
Abraço,
Vasco
Reparei, quando estive em Itália, que a CN é muito popular por lá. Foi a primeira scooter que vi mal saí do aeroporto. Se calhar se fosse ao Japão tinha sido uma Vespa.
Belo texto, como sempre!
Grande abraço.
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