domingo, 7 de abril de 2019

Sogni D´Oro - Lambretta Li 150 Golden Special 1966





 Finalmente aconteceu. Comprei uma Lambretta!

Quem me conhece sabe que eu sou capaz de resistir durante bastante tempo a algumas tentações. Especialmente se estivermos a falar de aspirações bem sedimentadas na minha cabeça. O caso da Lambretta é um exemplo relativamente recente, com menos de dez anos, em especial se comparado com o desejo (ou obsessão?) de ter um Honda S800, que tem mais de trinta e cinco(!). E ainda não se concretizou. Bem, talvez nunca aconteça. 

Na minha cabeça, e ao contrário do que talvez seja mais comum em petrolheads, se a máquina certa não aparecer, prefiro não ter.

Não há, obviamente, nada de errado na ideia de comprar um exemplar esteja em que estado estiver para satisfazer esse desejo, até porque para muitos dos que gostam de clássicos, o gozo está até mais na jornada, no caminho para chegar ao resultado pretendido, muitas vezes depois de muitos altos e baixos na prova de endurance que é qualquer restauro, feito fora ou dentro de portas.

Sucede que eu não tenho tempo, disponibilidade, conhecimento, logística, e muito menos jeito ou especial feitio para restauros. Por estas razões, comprar um clássico em mau estado, um projecto ou um "restauro" faz-de-conta, não é para mim.

Antes de ser a concretização de um sonho, ou de um desejo, seria uma desgraça em potência.

A probabilidade de ser geradora de frustração, de se eternizar o processo, ou até de desistir a meio do projecto, seria alta.

E um clássico é suposto ser uma experiência, antes de mais, para usufruir, para gozar os bons momentos. Um restauro, por mais perfeito, mais rápido e mais económico que ficasse - três condições, aliás, basicamente incompatíveis entre si - , iria retirar-me o entusiasmo, adicionar essa frustração, e pôr à prova uma opção que eu sei não ser a certa para mim neste momento.    






Razões pelas quais esta Lambretta, há cerca de quatro anos no meu radar, estava destinada a ser minha, se o Rui alguma vez a quisesse vender.

Porque tinha tudo o que eu queria numa Lambretta.

Um modelo que às vezes me emociona só de olhar, uma Li série 3 Golden Special, relativamente rara, com a cor (própria da série) que assenta melhor a uma Li S3, e que as fotografias não conseguem, de todo, reproduzir.

Um restauro feito pelos melhores profissionais, a pedido de um proprietário que é um conhecedor profundo de Lambrettas, dono de várias (quantas?), e que tem uma obsessão pelo detalhe muito parecida com a minha.

Um restauro que, ao contrário de muitos, é feito de dentro para fora. E com todo o melhor material disponível à data. Se é para fazer, que seja feito assim. 

E por fim, mas não menos importante, a confiança no Rui.

Foi por este conjunto de razões que a decisão foi tomada em meia dúzia de horas, depois de alguns telefonemas. Senti-me estranhamente sereno e seguro ao fazê-lo.






No sábado fui buscá-la, depois de ter acertado o negócio mais de uma semana antes. Posso assegurar que há poucas sensações comparáveis a ir buscar uma Lambretta com um restauro com tanta qualidade, que quase parecia que estava dentro da cápsula do tempo, em Março de 1966, quando saiu do stand.

Julgo que a minha alegria de criança foi indisfarçavel. E foi tão gratificante ver família e amigos genuinamente felizes com essa alegria. Muitos com um brilho nos olhos.

Não tem preço.


Deve ser assim que nos sentimos quando concretizamos um sonho de ouro. 




13 comentários:

Slow disse...

Parabéns, criança grande!

Rui Tavares disse...

Wow! Linda! E mais que isso, o concretizar de um gosto que te andava a remoer a paciência há uns anos. Bem vindo ao mundo das scooters que dão mesmo muito gozo.
À tua custa agora a Motocentral tem de me ouvir todos os dias. Quero a minha de volta!
Parabéns

Massas disse...

Parabéns, essa lambretta é realmente muito bonita! Só mesmo ao vivo é que se dá conta disso e já a vi várias vezes..... De quem vem é à confiança!

Barreto disse...

Porra!Tinha de vir aqui ler umas prosas e dar com esta surpresa... um imperdoável interregno meu e tanta coisa vai passando. Eu ainda não morri para as scooters mas tenho andado alheado de aglomerados desse salutar convívio.Tenho feito mais kms de bicicleta ultimamente do que no Vespão maas ele anda ainda e com frequência. Boas curvas nessa Lambevaleta e espero encontrar te um dia por aí, Vasco. Abraço forte.

VCS disse...

Slow,

Obrigado! Todos continuamos a precisar de brinquedos, só que estes são um pouco maiores e mais dispendiosos.

Abraço,
Vasco

VCS disse...

Rui Tavares,

Obrigado! Tu és um dos principais responsáveis por esta compra, pois na verdade é na tua Li 150 que mais quilómetros tenho em Lambretta.
Acompanhar, ainda que de longe e sem poder contribuir tecnicamente para o desenvolvimento do motor da Handa Nagazoza foi um bom estágio. Fazer o Lés duas vezes com a Lambretta ao meu lado no palanque também fez crescer o meu interesse e admiração por estas máquinas do Sr. Innocenti.

Abraço,
Vasco

VCS disse...

Massas,

Obrigado, e bemvindo aqui a este espaço.
Concordo inteiramente contigo. Esta Lambretta nas fotografias não tem metade do impacto que tem ao vivo e a cores. O tom dourado sente-se verdadeiramente... Special :-)
Muito dificilmente compraria esta scooter se não viesse do Rui.

Abraço,
Vasco

VCS disse...

Barreto, que é feito de ti ?!?
Tens que (re)aparecer ! E gosto de saber que o Vespão ainda continua vivo e a dar-te alegrias.

Abraço,
Vasco

Cavok disse...

Que bela surpresa Vasco. Muitos parabéns. Que sejas mesmo muito feliz com ela É lindíssima...e os sonhos que se concretizam, com esse olhar quase molhado - sem bem do que falas - é das melhores sensações que se podem viver.
Temos que dar uma volta em conjunto...

VCS disse...

Cavok,

Obrigado! Temos que marcar essa volta. Gold Wing vs Gold Lambretta :-)

Abraço,
Vasco

Barreto disse...

Sempre nas curvas!! Apareço em breve!

Anónimo disse...

Que belíssimo brinquedo Vasco, fico extremamente satisfeito por ti, embora com uma pontinha de inveja (saudável). Espero poder vê-la ao vivo em breve, quiçá no Tamanco já esta sexta feira. Um grande abraço do César

VCS disse...

César,

Obrigado! O brinquedo é irresistível. Quando vou ao clube costumo levá-la, encontramo-nos por lá.

Abraço,
Vasco