O Palácio de Mafra é um edifício peculiar, com muitas e boas razões para ser visto e explorado, e é sem dúvida injusto que talvez a curiosidade mais conhecida do Paço Real seja a distância que existe entre os dois torreões que dividem os aposentos da rainha dos do rei. São duzentos e trinta e dois metros, o que penso que seja único, ou pelo menos muito invulgar.
Apreciar o Palácio, mesmo por fora, às primeiras horas da manhã de um domingo, antes dos turistas assaltarem o edifício, é beneficiar do melhor dos dois mundos. A calma e a singularidade do espaço, e a estranha sensação de desfrutarmos de algo que normalmente está repleto de gente das mais variadas nacionalidades, mas que naquele presente está só por nós. Ouvem-se os pássaros, as esplanadas quedam desertas e os silêncios só são interrompidos por ruídos longínquos.
O sítio foi muito bem escolhido para renovar uma parceria que tinha sido interrompida em 2008, a Scuderia Granturismo. Na altura, eu e o Júlio tínhamos duas Vespa Granturismo 200, e decidimos levá-las, para estreia de ambos, ao 10º Portugal de Lés a Lés. Desde então o Júlio já teve outras motos dos estilos mais diversos, incluindo também scooters, e esta semana decidiu regressar à Vespa. Comprou uma PX 150 de 2008, de fabrico italiano, praticamente imaculada. Eu levei a minha Bianca, também ela uma substituta daquela Granturismo que levei ao meu primeiro Lés a Lés.
Numa analogia entre o caminho entre os aposentos de rei e raínha, a distância é também grande entre estas duas Vespa que hoje temos. Mas o estilo dos torreões e o próprio tecto debaixo do qual as duas Vespa se apresentam é o mesmo. Pontedera mudou-se para Mafra.
Pensava nisto enquanto tomávamos o café na esplanada deserta e gozava cada instante dos frescos raios de sol. Algumas fotos teriam que ser feitas junto ao Palácio, e foram-no. O resto foi um passeio que misturou alguns pedaços das melhores estradas verdejantes perto de Lisboa, aproveitando num percurso de duas horas vários trechos de dois Ralis de Regularidade do VCL, que o Júlio não chegou a fazer.
A PX 150 surpreendeu-me pela suavidade quase de seda, até na troca de marchas no punho esquerdo. Era difícil encontrar um modelo mais indicado para o percurso que escolhemos. Não sei se influenciado pelos ares de nobreza do Palácio, a verdade é que a PX 150 deixou-me com uma impressão bem menos rude e temperamental do que a generalidade das outras PX que tenho experimentado. Nunca quis verdadeiramente uma PX, mas esta conquistou-me mais pelo que não esperava encontrar nela. Descontracção sem temperamento difícil.
3 comentários:
Foi um belo passeio! Para mim, o regresso a estas andanças não podia ter sido melhor!
O trajecto brindou-nos com curvas e paisagens lindíssimas. As máquinas belas e divertidas de pilotar. E tudo isto na companhia de um bom amigo! Venham mais dias assim! :) Grande abraço!
Júlio
p.s. também me soube bem conduzir a super. foi-me familiar e trouxe boas memórias :)
Júlio,
Ambos sabemos como valorizar um bom passeio de scooter e uma boa amizade. Sempre achei que a sintonia de ritmos na estrada em passeio de scooter não é tão simples como muitas vezes se pensa, mas realmente de Vespa contigo é Super ! O pior ainda são os passeios de bicicleta, em que tens que esperar (e não é pouco) por mim.
Um abraço!
Vasco
Mas até esses passeios são "Super" pelo prazer que dão. Não faz mal nenhum em ir fazendo algumas paragens... Qualquer dia voltamos a dar uma voltinha de bicla!
Abraço
Julio
Enviar um comentário