sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ergonomia: Um Factor Chave



Uma das mais interessantes idiossincrasias do mundo das duas rodas é a escolha de uma moto ou scooter e a importância relativa dos vários critérios que presidem a essa decisão. É simultaneamente um desafio e uma dor de cabeça.

Ao contrário dos automóveis, em que quase sempre "one size fits all", nas duas rodas não é assim. Eu posso olhar para um determinado modelo de moto ou scooter que, suponhamos, me agrada pela sua estética, conceito ou prestações. Mas frequentemente esse modelo é incompatível comigo. E nem estou a aludir a motivos relativos ao preço de aquisição, o que é mais difícil de acontecer com automóveis. As razões são outras. Por  exemplo porque é demasiado agressivo, ou porque não cumpre as minhas expectativas em relação à economia, ou porque é limitado a uma utilização específica. Ou até porque não é adequado ao meu nível de condução. No fundo, não é raro acontecer que determinado modelo de scooter que aprecio não se adapta ao meu perfil, ao que pretendo de uma scooter.

Numa derivação deste problema, sucede também com frequência vermos motociclistas que escolhem uma moto ou scooter com a qual não se sentem confortáveis em termos de comportamento, potência ou peso, uma moto da qual têm medo (não há que ter medo das palavras...). O que limita severamente o quanto desfrutam dela. Muitas vezes, também aqui, comprar menos é mais. Menos pesado e menos potente equivale a mais fácil de usar.

Um factor que raramente está presente na escolha de um automóvel e que muitas vezes é negligenciado na opção por uma moto ou scooter é a ergonomia. É um erro frequente nem sequer dar grande importância a este item, que é crucial. E mesmo que se lhe dê importância, por vezes experimentar a scooter num curto test ride não destapa alguma incompatibilidade que se revela mais tarde, com uma utilização intensa.

Recorrendo a uma analogia talvez grosseira, não é aconselhável comprar por catálogo, muitas vezes nem no pronto-a-vestir. É preciso ir ao alfaiate. Ainda mais relevante se formos de estatura física especialmente baixa ou alta, porque os construtores tendem a seguir um padrão médio, de modo a abarcar o maior número de utilizadores possível.

É por isso que é especialmente frustrante comprar uma scooter ponderando  todos estes factores e concluir, após uma viagem intensa de cinco dias, que a ergonomia e conforto de um modelo que tudo indicava ser até  bastante favorável, se vem a revelar desadequado, a ponto de forçar a venda dessa mesma scooter.

Aconteceu ao meu amigo Júlio, na transição da Vespa GT 200 para a Yamaha Majesty 400. É que a ergonomia da Vespa GT(S) é perfeita  para uma muito mais vasta gama de utilizadores. O que é curioso, porque é muito mais curta e estreita do que a Majesty. Mas a ergonomia é melhor, ou pelo menos mais adaptável. Incluindo para os  super altos.

2 comentários:

Tuga100Juízo disse...

Fantástica abordagem (como sempre)!

Eu optei pela Burgman precisamente por causa da minha estatura.
A Yamaha seria uma escolha muito mais sensata, porque a assistência sairia muito mais em conta, e porque já tinha tido duas, e continuo a ter uma, mas a verdade é que a minha baixa estatura ditou a escolha da Burgman, que além de ser a mais baixa da gama "maxiscooter 400cc", tem uns recortes no sítio certo para as manobras, e um banco ligeiramente mais estreito.

VCS disse...

Tuga100Juízo,

Obrigado pelo comentário e pelo contributo. É um excelente exemplo para mostrar como a ergonomia pode ser decisiva na decisão de compra. Mesmo quando quase todos os outros factores racionais empurravam para a Yamaha.

Vasco