Em circunstâncias normais dois dias livres na agenda para passear a solo de scooter já é um luxo. Mas como todos sabemos estes não são tempos normais. Qualquer passeio mínimo em dois mil e vinte parece-nos mais nítido, estamos mais atentos, como se estivéssemos a viver o primeiro. Ou o último. A experiência, muitas vezes pouco valorizada, passa a ser crua e intensa. Tudo é magnificado pela urgência, pelo medo de não podermos repetir.
Talvez isso explique por que razão preferi voltar à Serra da Estrela. Oferece-me uma quase inesgotável fonte de beleza natural, por vezes capaz de me emocionar. É simplesmente o meu lugar. Não nasci ali, nunca lá vivi ou trabalhei, não tenho origens familiares na Serra. Mas volto várias vezes com o entusiasmo íntimo de sempre. Até intensificado quando vou a solo, porque isso me permite parar para observar, fotografar ou explorar sem ser chato para ninguém. Praticar a observação no meu ritmo. Uma das minhas definições preferidas de luxo.
Como eu te percebo, caro amigo... no outro dia peguei na mota, depois de uma longa paragem imposta pelo confinamento, e a sensação de voltar a rolar foi incrível. Saboreei tudo com mais intensidade. E não foi um passeio até à Serra, foi mesmo só uma pequena volta nas redondezas. Este teu relato abriu-me o apetite para uma volta a solo, com tempo, e por locais assim magníficos como a Serra. Também aprecio esse luxo que é ao mesmo tempo uma necessidade básica.
ResponderEliminarUm abraço
Júlio,
ResponderEliminarDeve haver explicação científica para este gozo que é viajar de moto/scooter. É daqueles pequenos prazeres de que, enquanto puder, não estou disposto a abdicar. O tal luxo que é uma necessidade básica para o nosso bem estar interior. Ajuda a arrumar a cabeça, a espairecer, a conhecer e a ver mais claro.
Abraço,
Vasco