quinta-feira, 30 de abril de 2009

Railroad Crossing



Manhãs de sábado, talvez há trinta anos atrás. Logo que podia saltava para a tábua de madeira com o meu nome gravado a letras pretas de desenho gordo, presa à trave do quadro da bicicleta do meu pai. Sentia-me seguro, alto. Dali via o meu mundo naquela recta de quilómetro e meio até à estação. O ruído baixo do atrito dos pneus no chão polido, o grilar metálico da corrente suspensa a aguardar nova investida nos pedais, o vento fresco na cara, as mãos firmes ao centro do guiador.


Não recordo se por sabermos os horários, ou se por na época serem frequentes os comboios, certo é que só muito raramente não víamos a chegada do grande monstro laranja. E depois a partida. Gente a entrar e a sair das carruagens. Desde então que me fascinam os comboios, as estações, as paisagens dos caminhos de ferro.


Hoje encontro paralelo entre essas antigas viagens de descoberta e curiosidade e algumas das minhas viagens de scooter. Desde que vá de scooter é raro não me sentir tentado a parar junto de um antigo apeadeiro da CP.


Para fotografar. Imaginar. Para olhar em volta, como há trinta anos…

4 comentários:

  1. 2 scooters ultrapassam em 2 o meu conceito de nº de motociclos admissíveis.
    Mas se a Vespinha e a nave espacial te fazem respirar, e te tornam os dias mais leves, que sejam bem vindas à nossa garagem.
    Bj,
    Rita
    P.S. - 2 é o limite máximo de violação do nº de motociclos admissíveis... está vedada a entrada a quaisquer outros veículos...

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  2. Ok, ok. Mas não vais querer fotografar todos até Olhão... ou vais?!

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  3. Rita: Olha que respirar é efectivamente importante e apesar de ele ter mau gosto na escolha dos motociclos (não tem uma Heinkel ainda) conto com ele, a respirar, lá para Junho... ou antes.

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  4. Entendo te bem, em relação aos comboios.
    Tb eu tenho uma especie de atracçao por esse monstros diesel. =)
    Os electricos não tanto.
    Recordo uma viagem que fiz pelo Alentejo e no meio do nada surge uma estação abandonada, é fantástico.
    Mas ao mesmo tempo triste.
    Imaginar um lugra desde sempre com movimento, assim abandonado e vazio...
    Viva os comboios.

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